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"Você diz: Estou rico, adquiri riquezas e não preciso de nada...". Apocalipse 3.17 NVI

 


"Você diz: Estou rico, adquiri riquezas e não preciso de nada. Não reconhece, porém, que é miserável, digno de compaixão, pobre, cego e que está nu.". Apocalipse 3.17 NVI

Ultimamente tenho visto cada vez mais entrevistas e depoimentos nos quais pessoas socialmente bem-sucedidas dizem ter lutado por muito tempo, ou admitem ainda estar lutando, contra angústias, melancolia, tristezas, esgotamento mental, fadiga física, depressão, ansiedades e uma vasta gama de pensamentos, sentimentos e emoções opressoras que os estão consumindo violentamente por dentro. Semelhantemente muitos indivíduos nas mais variadas classes sociais estão revelando que também têm enfrentado dificuldades interiores semelhantes, em maior ou menor grau. 

Mas por que isso está acontecendo?

Uma das falhas que o Ego (carne/mente natural) dos indivíduos os induz a cometer, dentro e fora das mais diversas congregações, principalmente nos dias atuais, na sociedade na qual estamos inseridos é, confundir o dinheiro e tudo o que pode ser adquirido por ele, com riqueza; ou seja, para a maioria esmagadora dos indivíduos que vivem no contexto social moderno, seja nas grandes metrópoles ou em pequenas cidades, o que eles chamam de riqueza nada mais é do que ter muito dinheiro (de preferência em uma quantidade tal que eles possam esbanjar, ostentar e desperdiçar com todo tipo de vaidades excêntricas), assim como acesso às mais diversas posses e coisas que tal dinheiro pode comprar; porém, todo cristão genuíno sabe que poucas coisas estão tão afastadas da verdade quanto esse entendimento social superficial e distorcido. De fato, por mais estranho que possa parecer aos ouvidos de todos aqueles cuja mente ainda não despertou do sono hipnótico da sociedade, ter dinheiro, posses e todo tipo de tesouros sociais não faz com que ninguém seja rico (na mais ampla, pura e essencial acepção da palavra), mas muitas vezes, principalmente nesses dias em que estamos vivendo, tem conduzido as multidões a uma vida de tormento interior (aflições de espírito) que, como espinhos, os estão ferindo a alma; fazendo até mesmo com que toda e qualquer semente espiritual de luz e verdade que há dentro dessas pessoas seja soterrada sob "toneladas" das mais diversas demandas, exigências e questões relativas ao que eles chamam de riqueza; dessa maneira, tais sementes, da fé, perdem completamente a capacidade de frutificar para aperfeiçoá-los plenamente, tal como o texto de Mateus 13.22 explica ao dizer: "E o que foi semeado entre espinhos é o que ouve a palavra, mas os cuidados deste mundo e a sedução das riquezas sufocam a palavra, e fica infrutífera.".

Em outras palavras, o que esse texto de Mateus 13.22 está nos dizendo é que essa maneira condicionada e distorcida pela sociedade, com a qual a maioria das pessoas entende e persegue a "riqueza" tem sido justamente o maior obstáculo para que consigam evoluir espiritualmente, sendo aperfeiçoados e descubram dentro de si mesmos a verdadeira essência do termo riqueza.

A maneira como as multidões dentro e fora das mais variadas congregações estão apoiando toda a vida majoritariamente no dinheiro, que tanto desejam ter em quantidades cada vez maiores, mesmo quando já o têm em quantidades acima da média; assim como na busca social alucinada e consumista por tudo o que tal dinheiro pode comprar, os está impedindo que vejam e percebam toda a amplitude, profundidade e intensidade das ilusões, fantasias e sonhos sociais para os quais estão oferecendo, inconscientemente, mas voluntariamente, a própria vida, em sacrifício; por isso também foi escrito o texto de 1 Timóteo 6.9, que diz: Mas os que querem ser ricos caem em tentação, e em laço, e em muitas concupiscências loucas e nocivas, que submergem os homens na perdição e na ruína.". Ou seja, os que limitam o seu entendimento de riqueza unicamente ao dinheiro, e aos bens, posses e experiências que ele pode lhes dar acesso, estão, sem perceber, ou percebendo, mas sem se importar; destruindo a própria vida e inutilizando a própria existência. Dê uma boa olhada ao seu redor, não julgue ninguém, mas apenas observe como as pessoas estão se comportando, mesmo aquelas dentro de congregações, membros e líderes, e veja se não é exatamente isso o que está acontecendo com boa parte deles.

O dinheiro e os frutos sociais dele, baseados em inúmeras vaidades, se tornaram o principal sonho e o objetivo maior de quase todos os que estão inseridos na coletividade; tudo passou a girar em torno do dinheiro e dos frutos egóicos dele apenas por pura ambição, megalomania e ostentação; mesmo quando tais coisas estão dissimuladamente camufladas nos pensamentos, palavras e ações de muitos. De fato, o relacionamento que cada vez mais pessoas, mesmo dentro das mais diversas congregações, têm com o dinheiro e seus frutos está se tornando mais e mais doentio, abusivo, tóxico e nocivo para eles sem que percebam ou se importem com o fato de que é justamente essa relação distorcida e ilusória com o dinheiro, e com tudo aquilo que eles chamam equivocadamente de riquezas, o que está infligindo diversas aflições de espírito (sofrimentos) sobre eles; por isso também o texto de 1 Timóteo 6.10 diz:  "Porque o amor ao dinheiro é a raiz de toda espécie de males; e nessa cobiça alguns se desviaram da fé, e se transpassaram a si mesmos com muitas dores.".

Esses são indivíduos aos quais a Escritura Sagrada também se refere no texto de Apocalipse 3.17, quando diz: "Como dizes: Rico sou, e estou enriquecido, e de nada tenho falta; e não sabes que é um desgraçado, e miserável, e pobre, e cego, e nu.". Pessoas que concluíram que são ricos(as) unicamente porque possuem grandes somas de dinheiro em sua conta bancária, assim como têm acesso aos luxos, às exclusividades, aos objetos, ao status, aos lugares, as facilidades e aos privilégios que podem ser adquiridos com tal dinheiro, mas que estão se esquecendo, ou simplesmente negligenciando, tudo aquilo que poderia realmente nutri-los internamente e libertá-los das garras do Ego que há neles e os está dominando e "ditando o ritmo" da vida deles.

A riqueza dos verdadeiros ricos não é o dinheiro nem as coisas que esse símbolo social pode adquirir, de fato, como escreveu o filósofo Henry David Thoreau: "Um homem é rico na mesma proporção à quantidade de coisas que ele pode deixar de ter.". E embora a maioria duvide desse fato; há ricos que possuem uma condição financeira muito privilegiada e abastada, assim como também há ricos que não possuem qualquer dinheiro, bens, posses ou qualquer um dos frutos do dinheiro; e justamente para demonstrar essa verdade é que também foi escrito a parte do texto de Atos 3.6; que revela: "E disse Pedro: Não tenho prata nem ouro...". A grande verdade que o espírito do mundo faz de tudo para ocultar do entendimento das pessoas é o fato de que riqueza e dinheiro não são a mesma coisa; na verdade são coisas completamente distintas. Pedro era um homem rico, mas não tinha dinheiro.

Mas como isso é possível?

Se pensarmos sempre com a mente natural (Ego/carne) como fomos condicionados a fazer desde a infância, ficaremos presos num entendimento equivocado e vicioso acreditando que riqueza e fortuna são a mesma coisa; mas quando nos tornamos conscientes da verdade, logo compreendemos que fortuna é uma grande quantidade de dinheiro e dos seus frutos (que podem ser adquiridos e acumulados tanto por meios lícitos quanto por formas ilícitas), enquanto que a verdadeira riqueza é algo que tem muito mais a ver com uma vida baseada em virtudes como a satisfação, a alegria profunda, a serenidade mental, a paz de espírito, a gratidão, a justiça, a generosidade, a caridade, a bondade, a compreensão, a compaixão, a fé pura, a honestidade, a honra, e sabedoria, a amizade, e é claro, o dom supremo, o amor.

Os tolos, inconscientemente, se perdem (sentem-se miseráveis) e arruínam (desgraçam) a própria vida e a dos que estão ao seu redor por causa da busca incessante e alucinada por acumular fortuna, ou pelo desejo desesperado por aumentá-la ainda mais, a despeito de quanto já tenha; assim como pelo medo de perdê-la, e esse é um dos motivos de o texto de Apocalipse 3.17 dizer a respeito de tais pessoas: "...e não sabes que é um desgraçado, e miserável...". Porque viver unicamente desejando e se sacrificando para obter fortuna não é realmente viver, mas sim um terrível castigo que muitos indivíduos inconscientemente impõem a si mesmos. Já os sábios, quer possuam pouco ou muito dinheiro, bens e posses, não enxergam tais coisas como riquezas, tampouco apoiam a própria vida sobre o desejo, a busca e o acúmulo desses tesouros sociais; pois como foi ensinado no texto de Mateus 6.19, que diz: "Não ajunteis tesouros na terra, onde a traça e a ferrugem tudo consomem, e os ladrões minam e roubam.". Os sábios, os cristãos genuínos, não se curvam ao conceito social de riqueza, pois sabem que não passa de uma fantasia sedutora, e muito perigosa, constituída por diversas ilusões que nada mais são do que armadilhas do espírito do mundo, disfarçadas, para fisgar a mente das pessoas e obter controle sobre a alma delas.

A maior parte do que fomos ensinados a considerar como riquezas são apenas coisas que nos custam muito tempo, dinheiro, "fé", esforço, e atenção, para obter e que perdem seu valor e seu "encanto" com muita rapidez.

Em Lucas 12.15 está escrito: "A vida de qualquer não consiste na abundância do que possui.". Ou seja, nossa riqueza não está, nunca esteve, e jamais estará na casa em que moramos, (seja ela simples ou sofisticada), nem no carro que dirigimos (seja ele popular ou de luxo), nem nas roupas e acessórios (sejam eles baratos ou caríssimos), nem no salário ou renda que ganhamos ou fazemos (seja ele pouco ou muito). Nossa riqueza, (a verdadeira riqueza), é independente de todas essas coisas e repousa tão somente nas virtudes, dons e talentos que Deus concedeu a nós, assim como na nossa conexão consciente com Aquele que é maior do que nós; o Altíssimo. Se nos dermos conta disso e vivermos através desse entendimento em cada um dos pensamentos, sentimentos, emoções, palavras e atos que produzirmos, seremos capazes de gerar abastança adequada segundo à medida que Deus determinou especificamente para cada um de nós, de modo que muitos poderão até fazer fortuna (e de fato farão), mas não serão escravos dela nem do estilo de vida social e ilusório que ela, por causa das mais diversas vozes, agentes e forças sociais, produz em todos os que a adquirem de maneira inconsciente ou inadvertida. 

Quando dissociamos o conceito de riqueza verdadeira do conceito de riqueza social (dinheiro e fortuna), estamos purificando o nosso entendimento sobre esse tema, e nos tornamos muito mais aptos e capazes de administrar de maneira racional (sóbria e lúcida) os recursos financeiros que temos à nossa disposição, mesmo que sejam poucos, para que no devido tempo eles se multipliquem e permaneçam sempre como uma bênção para nós e para todos aqueles que estão ao nosso redor, sejam conhecidos ou desconhecidos; pois como foi escrito em 2 Coríntios 8.14b: "...A vossa abundância supra a falta dos outros...". Mas se, assim como a maioria das pessoas na sociedade atual, ignorarmos a verdade sobre a real riqueza, infligiremos muitas dores internas e externas em nós e em nossa existência, e mesmo que venhamos a ocupar um lugar entre os indivíduos de maior fortuna dentre os viventes, a nossa vida não terá sentido.

Não confunda o que a sociedade chama de independência, ou liberdade, financeira, e fortuna, com riqueza. Se a fortuna vier até você como fruto do seu trabalho e pensamento correto, administre-a com sabedoria, use-a com simplicidade e generosidade; mas se ela não vier à sua vida, você não terá perdido nada de realmente importante.

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