É possível viver sem sofrimento, no mundo em que
estamos, ou o sofrimento faz parte da nossa experiência de vida humana e mortal, de modo que nos resta apenas aprender a lidar com ele?
O entendimento que vou compartilhar aqui é mais um
daqueles que tiraram uma “venda dos meus olhos” e trouxeram iluminação para a
minha mente; foi um divisor de águas que me libertou de uma grande farsa do
espírito do mundo que fustiga pessoas de absolutamente todas as idades, classes
sociais e nações ao redor do planeta.
E que entendimento é esse?
Então alguém pode pensar:
Você está dizendo que as pessoas escolhem sofrer? Isso não faz nenhum sentido! Por que alguém escolheria algo assim? Todos sabem que o sofrimento geralmente nos é imposto por circunstâncias externas e fora do nosso controle; como quando as pessoas nos ferem, quando nos traem, quando impedem nossos sonhos de acontecer, quando impõem a vontade deles sobre nós de maneira ditatorial, quando ficam no nosso caminho oferecendo resistência, quando mentem a nosso respeito, quando nos manipulam; ou, quando acontece algo que afeta a nossa integridade ou nossa saúde física e mental. O sofrimento é nossa resposta natural para as aflições da vida que, segundo a própria bíblia, são inevitáveis, pois está escrito que no mundo teremos aflições. Logo, nossa função é aprender a lidar com o sofrimento da melhor maneira que pudermos para não sermos derrotados por ele.
Pois é. Esta era exatamente a forma como eu pensava antes da Palavra de Deus transformar meu entendimento sobre esse tema; e esse pensamento equivocado, que eu também tinha, é exatamente o pilar que sustenta a farsa mundana da qual falei anteriormente. É justamente por pensar assim ou de uma forma parecida com essa que as pessoas estão, inconscientemente, escolhendo sofrer e perpetuar o sofrimento repetidas vezes, nas mais diversas áreas de suas vidas.
Está escrito que: "A bênção de Senhor é que enriquece e ele não acrescenta dores." Provérbios 10.22. A essência deste versículo nos diz que toda ação de Deus em nosso favor, que é o que chamamos de bênção, agrega valor real a nossa existência; valor esse que pode ser pessoal, familiar, profissional, financeiro, mental, sentimental, comportamental, social e espiritual; e faz tudo isso sem produzir ou colocar sobre nós nenhum tipo de sofrimento, "...não acrescenta dores.", na verdade, toda a ação de Deus em nosso favor retira as dores, ou seja, os sofrimentos, que estivermos sentido, como o próprio Cristo disse certa vez: "Vinde a mim, todos os que estais cansados e oprimidos, e eu vos aliviarei." Mateus 11.28; em outras palavras, sob a ótica do que estamos conversando aqui, a essência do que Jesus está dizendo neste versículo é: "Voltem-se para mim e ensinarei como vocês podem parar de sofrer."
Da mesma forma, quando o texto de 1 Timóteo 6.10 diz que por amor ao dinheiro os homens se tornam cobiçosos e traspassam a si mesmos com muitas dores; o que está sendo dito é que tais pessoas, por ganância, vaidade, e ambição (amor ao dinheiro) escolhem infligir sobre si mesmos muito sofrimento de todos os tipos, tanto físico, quanto mental e até espiritual.
Então alguém pode questionar o seguinte: Se a bíblia afirma que no mundo teremos aflições, como você pode dizer que são as pessoas quem escolhem sofrer?
Entenda uma coisa importantíssima. Aflições não são o mesmo que sofrimento; quando a Escritura Sagrada diz que teremos aflições ela está nos alertando e preparando antecipadamente para o fato de que durante nossa jornada na terra haverá inúmeros contratempos, dificuldades, obstáculos, tempestades, adversidades, afrontas, ferimentos e uma série de coisas que podem, e vão, machucar o nosso corpo e a nossa mente de alguma maneira; e muitas destas coisas aparentemente serão muito maiores do que nós achamos que podemos suportar, como uma perseguição caluniosa, por exemplo, mas nós precisamos compreender que nenhuma destas aflições podem ser confundidas com sofrimentos como os mundanos e muitos em congregações geralmente fazem.
Então o que é o sofrimento?
O sofrimento é uma turbação do intelecto humano, ou seja, uma distorção das nossas percepções que nos faz ver e sentir tudo o que ocorre conosco, e em nosso redor, de forma equivocada, de modo que desnecessariamente as pessoas passam a supervalorizar o que não tem valor e a dar mais importância ao que não importa, sofrem por antecipação, sofrem com o que já aconteceu, sofrem por causa do que acham que os outros pensam deles, sofrem por causa de quem são, sofrem porque querem ser diferentes, sofrem porque não recebem ajuda, sofrem por causa de críticas que recebem, sofrem porque não se sentem valorizados, sofrem porque o tempo presente não está do jeito que eles gostariam que fosse, sofrem porque fracassaram, sofrem porque acham que vão fracassar, sofrem quando alcançam o sucesso, sofrem quando julgam que foram ofendidos, sofrem quando se sentem injustiçados, sofrem quando seu corpo recebe dano, sofrem quando Deus os afasta de algo que acreditavam ser bom, mas que na verdade era mal, e assim por diante.
O ser humano é capaz de encontrar qualquer justificativa para cultivar sofrimento; e o sofrimento é o que ocorre quando nos doemos com alguma aflição mais do que o necessário, ou seja, quando nos apegamos e nos identificamos com a aflição que aconteceu, está acontecendo, ou ainda não aconteceu conosco, de tal maneira que nos recusamos a aceitá-la e enfrentá-la olho no olho, e, permitimos que nossa mente e nosso coração sejam capturados e escravizados pelo problema; isso produz uma ruminação mental, ou seja, uma grande quantidade de pensamentos repetitivos, que vai se expandindo em nosso interior, contaminando nossos sentimentos, emoções, hábitos, palavras, ações e até a nossa fé, deflagrando um turbilhão psicológico caótico dentro de nós que nos distrai, nos enfraquece e impede que consigamos ter clareza e sobriedade para enfrentar e superar a aflição concreta que está em nossa frente de forma objetiva; algo que sempre deve ser a nossa prioridade.
Alguém já disse que não importa o que acontece conosco, mas sim como nós reagimos ao que acontece conosco. Quando a vida ou o espírito do mundo lançar algo negativo sobre nós, uma aflição, há dois caminhos que podemos trilhar, podemos (mas não devemos) sofrer e sermos vencidos pela situação, ou, podemos exercitar nossa serenidade e, conscientemente, escolher não sofrer e vencer a adversidade, mesmo que tenhamos literalmente recebido dano.
Vou dar alguns exemplos para tentar ser mais claro, mas antes deixe-me dizer o seguinte: De forma geral e básica, as aflições são todo tipo de problemas que podem surgir na nossa vida, dos menores aos maiores, e o sofrimento é o julgamento interno, distorcido, que geralmente fazemos a respeito dos problemas que nos afligem; pois, como humanos temos a tendência a ver as coisas de forma muito pior do que elas realmente são, fazemos tempestades em copo d'água e um grande drama pessoal com praticamente tudo o que nos acontece, este é um dos traços da queda de Adão e Eva que permanecem em nosso interior até hoje.
Por mais estranho que pareça, quando uma aflição ocorre conosco, inconscientemente, nos apegamos a ela, pois geralmente ela apela para algum aspecto da nossa carne; por exemplo: Se um chefe dá uma promoção para um funcionário que não merecia ao invés de dar a outro que merecia, aquele que não recebeu sente-se ofendido porque o ato do chefe feriu o orgulho dele, que ele nem mesmo sabe que tem, logo, ele passa a remoer negativamente aquele acontecimento dentro de si durante mais tempo do que devia, ele pensa a respeito, talvez perca o sono, ele reclama do chefe, ainda que apenas para si mesmo, ele não consegue entender porque não foi o escolhido, talvez ele desconte sua frustração em outras pessoas e assim por diante. Ele está sofrendo voluntariamente.
O Ponto aqui é: Não receber a promoção foi a aflição, todo o resto foi um sofrimento criado desnecessariamente pela própria pessoa, visto que não mudaria a aflição em nada, tal sofrimento foi uma escolha inconsciente, mas voluntária, que ele fez, uma carga que ele jogou sobre si mesmo, ou como diz 1 Timóteo 6.10, traspassou a si mesmo com essa dor, para tentar lidar com a aflição, algo que não faz sentido, mas é assim que as pessoas agem; porém, como foi algo inconsciente ele não teve a clareza necessária para aceitar o fato de que outra pessoa recebeu a promoção e seguir em frente.
Quando somos capazes de "aceitar" a aflição, ou seja, olharmos para ela apenas pelo que ela é, não pelo que nós achamos que é ou pelo que dizem que ela é, sem usá-la para adicionar peso emocional extra sobre nós mesmos, sem nos acomodarmos com ela, e sem nos apegarmos a ela, ou seja, sem deixar que ela capture nossas emoções, sentimentos e pensamentos; automaticamente escolhemos não criar turbulência em nosso interior por causa dela, o sofrimento simplesmente não se instala dentro de nós e ficamos livres para examinar as aflições, problemas, de maneira sóbria e adequada, sem nenhuma turbação em nosso coração, como nos foi ensinado em: "Não se turbe o vosso coração..." João 10.1. Desta forma conseguimos buscar e encontrar uma solução verdadeiramente produtiva para sairmos e superarmos tal aflição gerando inclusive frutos benignos e boas obras que beneficiem a nós mesmos e aos que estiverem ao nosso redor; foi também por possuir esse entendimento que Paulo certa vez disse: "Porque para mim tenho por certo que as aflições deste tempo presente não são para comparar com a glória que em nós há de ser revelada." Romanos 8.18. Você entende o que estou dizendo?
Se fomos despedidos, se nosso projeto não deu certo, se nossa empresa faliu, se fomos presos injustamente, se a pessoa que achávamos ser o amor da nossa vida nos abandonou, se aqueles que considerávamos nossos amigos nos viraram as costas ou nos traíram quando mais precisávamos deles, se não reconhecem nosso esforço, se roubaram nossa ideia, se nos feriram, se fomos discriminados de alguma maneira, se perdemos alguém querido(a), se abrimos o nosso coração para alguém e fomos rejeitados, se disseram que nunca conseguiremos, se algo inesperado acontecer, se o mundo se voltar contra nós, se tudo está dando errado, se absolutamente qualquer problema aconteceu em nossa vida e nos afligiu; devemos escolher sentir apenas a aflição do problema e nada mais, ou seja, se fomos despedidos, ficamos tristes com isso, mas escolhemos não ficar remoendo a demissão por dias e dias porque isso não muda o que aconteceu e não nos ajuda a encontrar uma solução que nos permita andar para frente. O mesmo deve ser feito para qualquer coisa que ocorra conosco.
Você já se pegou pensando algo como:
Por que isso me aconteceu?
Se eu não tivesse feito isso...
Se eu tivesse dito outra coisa...
Se eu não tivesse me atrasado(a)...
Eu devia ter pensado...
Porque não percebi...
Porque não fui o escolhido(a)?
Era eu que merecia isso.
Eu não podia ter permitido...
Isso não é justo.
As coisas não estão dando certo.
O que foi que fiz para merecer isso.
Por que Deus permitiu isso?
Eles não podiam ter me tratado daquele jeito.
Nunca fui tão humilhado(a).
Estes e muitos outros pensamentos semelhantes são característicos de pessoas que estão se apegando e identificando a alguma aflição, algum problema que aconteceu com elas, e ao ficar remoendo tal aflição em seu interior, inconscientemente estão gerando o próprio sofrimento, traspassando a si mesmos com muitas dores. É preciso reconhecer que este processo está acontecendo e interrompê-lo; ou seja, parando de remoer o que quer que tenha ocorrido, porque a tendência decadente do ser humano fará sempre com que toda ruminação mental seja negativa, dramática, vitimista, auto-depreciativa, injusta, desleal e opressiva contra nossa própria vida, e se persistirmos nisso serremos arrastados para um abismo do qual teremos muitíssima dificuldade de sair.
E como parar de se apegar as aflições (problemas) que nos acontecem?
Se você passar a praticar a percepção de que ficar apegado remoendo os problemas, ou seja, ficar se lamuriando, lamentando, murmurando, martirizando, teorizando, imaginando, fantasiando e vitimizando, não os resolve, mas faz com que pensemos que são maiores do que realmente são; você conseguirá absorver muito mais facilmente e rapidamente o dano que eles causarem a você, caso exista algum dano real a ser sentido; na verdade, você vai perceber que eles vão doer bem menos, seja dano físico ou mental, além disso, você não será absorvido e paralisado por eles, logo, se desprenderá de todo e qualquer sofrimento independentemente de quão grandes sejam os problemas que você enfrentar; isso lhe dará uma liberdade de pensamento que boa parte das pessoas na sociedade nem suspeita que exista e uma força mental capaz de virar os problemas de ponta-cabeça, ou do avesso, para encontrar a solução. Eis um dos principais motivos pelos quais os cristãos verdadeiros de todas as épocas enfrentaram problemas tão difíceis, mas o ânimo deles nunca se abalava. Veja o exemplo de Paulo, por quantas aflições o apóstolo passou? Quantas feridas recebeu? Foi perseguido, apedrejado, caluniado, espancado, aprisionado e muito mais; como ele mesmo disse: "Recebi dos judeus cinco quarentenas de açoites menos um; três vezes fui açoitado com varas, uma vez fui apedrejado, três vezes sofri naufrágio, uma noite e um dia passei no abismo..." 2 Coríntios 11.24-25.
Paulo passou por muitas aflições pesadas e difíceis durante a vida, recebeu os ferimentos e sentiu o dano delas, mas nunca se permitiu sofrer por causa delas. Paulo tinha um espírito e uma mente livre que não se apegava aos problemas; ele era uma pessoa que usava a fé para ver todas as coisas de maneira sóbria e objetiva, ele não ficava se perguntando por que as coisas aconteciam com ele ou por que Deus permitia que passasse por tantas aflições, não se lamentava, não murmurava, não se debatia com pensamentos, emoções e sentimentos inúteis. Ele seguia em frente; como ele mesmo registrou em Filipenses 3.13-14: "...Uma coisa faço, e é que, esquecendo-me das coisas que atrás ficam e avançando para as que estão adiante de mim, prossigo para o alvo, pelo prêmio da soberana vocação de Deus em Cristo Jesus.". Paulo não tinha tempo nem interesse em transpassar a si mesmo com sofrimentos apenas porque o mundo havia se voltado contra ele. Este é o pensamento de uma pessoa que escolheu não sofrer por causa de nenhuma circunstância da vida, por mais adversas que sejam; este é o pensamento de um cristão legítimo.
Sim, é verdade que no mundo teremos aflições, e muitas delas vão literalmente nos causar feridas e dano físico, social, financeiro, sentimental, profissional e outros, mas isso será tudo o que permitiremos que elas façam conosco; como Paulo, não deixaremos que nossa mente seja atingida, nós não nos transpassaremos com muitas dores por causa dos problemas ou vaidades da vida, como fazem os mundanos, pelo contrário; nós, assim como todos os cristãos verdadeiros, conscientemente escolheremos não sofrer, independentemente da situação; esse é o momento em que nos tornamos mais fortes do que a aflições e muitas delas simplesmente passam a não causar mais dano algum em nós. Fazendo isso o nosso ânimo jamais será abalado, logo, cumpriremos o que foi dito em: "No mundo tereis aflições, mas tende bom ânimo eu venci o mundo." João 16.33; e teremos condições verdadeiras de usar a nossa fé em Cristo para, assim como Ele fez, nós possamos também vencer todas as aflições que o mundo ouse lançar sobre nossa vida; por isso está escrito: "Porque todo aquele que é nascido de Deus vence o mundo; e esta é a vitória que vence o mundo: a nossa fé." 1 João 5.4
Nunca se esqueça: Não está em nosso controle impedir ou escolher quais aflições o mundo lançará sobre nós, mas está totalmente em nosso controle escolher não sofrer por nenhuma delas, mesmo que nos causem feridas e dano. Quando escolhemos não sofrer nos tornamos inabaláveis, logo, encontramos as condições para vencermos todas as aflições do mundo, exatamente como o magnífico e inspirador exemplo deixado por Cristo.
Nunca se esqueça: Não está em nosso controle impedir ou escolher quais aflições o mundo lançará sobre nós, mas está totalmente em nosso controle escolher não sofrer por nenhuma delas, mesmo que nos causem feridas e dano. Quando escolhemos não sofrer nos tornamos inabaláveis, logo, encontramos as condições para vencermos todas as aflições do mundo, exatamente como o magnífico e inspirador exemplo deixado por Cristo.
Gostei dessa explicação, desse texto. Eu tava precisando.
ResponderExcluirOlá!
ExcluirFico contente em saber que você gostou desse texto.
Obrigado por deixar seu comentário aqui.
Que através de Cristo, a paz, a sabedoria, a saúde e o sucesso, sejam sempre abundantes em você.
Grande abraço.