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"...Seja feita a tua vontade..." Mateus 6.10

 


"Venha o teu reino, seja feita a tua vontade, assim na terra como no céu." Mateus 6.10

Uma das maiores dificuldades que a maioria das pessoas tem enfrentado, mesmo sem se dar conta, dentro das mais diversas congregações, até mesmo aqueles que já congregam há anos, é a dificuldade de orar.

Então alguém pode questionar: Como assim, se orar é tudo o que as pessoas mais fazem?

Eu também pensava assim, e por causa dessa maneira de "ver" apenas o que estava diante dos meus olhos superficialmente (a aparência das coisas) não percebia que eu também estava enquadrado nesse contexto, tendo a mesma dificuldade em orar que a maioria dos indivíduos demonstra nos dias atuais. O que essas pessoas chamam de oração não é uma oração de verdade, mas sim, apenas, um amontoado de palavras, frases, citações e até expressões de efeito, porém eles estão ignorando, e eu também estava, uma das bases do que realmente caracteriza a verdadeira oração.

E o que seria isso?

Segundo o texto registrado em Mateus 6.7, Jesus nos ensina a orar, primeiramente mostrando o que não devemos fazer; Ele diz: "E, orando, não useis de vãs repetições, como os gentios, que pensam que por muito falarem serão ouvidos.". Em seguida o Mestre diz algo que jamais deve sair da nossa consciência se realmente queremos orar de verdade; Ele diz: "E não vos assemelheis, pois, a eles; porque o vosso Pai sabe o que vos é necessário, antes de vós lho pedirdes.". Mateus 6.8. Mais à frente, no texto de Mateus 6.10 Cristo nos ensina qual deve ser a essência da nossa oração; Ele diz: "...E seja feita a tua vontade...".

O que tem dificultado que as pessoas compreendam como orar de verdade é o entendimento condicionado e equivocado do Ego humano que há em cada um de nós, de que nossas orações devem estar sempre apoiadas no "eu" e não no Ele (Deus), por isso muitos costumam orar repetindo constantemente diante de Deus coisas como: Eu preciso...; eu quero...; meus sonhos...; meu medo...; minha vida...; minhas vitórias...; minhas bênçãos...; meu milagre...; e assim por diante, (é sempre, eu, meu, minha...) qualquer oração feita nesses moldes é egocêntrica por natureza, e nada que seja egocêntrico possui qualquer "energia" espiritual verdadeira, porque o Ego humano é exatamente o que a Escritura chama de carne; mas como as pessoas estão muito distraídas não são capazes se perceber isso e continuam sempre repetindo as mesmas "orações" do "eu" (Ego).

Uma das primeiras coisas que todo cristão legítimo, que está em processo de amadurecimento espiritual, percebe, é que a maneira mais lucida e eficaz de orarmos é purificando nossa oração, ou seja, devemos, cada vez mais, desvencilhar as nossas orações, petições e súplicas, separando-as do nosso "eu" e concentrando toda a nossa consciência no próprio Deus, na vontade Dele, uma vez que Ele já sabe tudo o que realmente necessitamos antes de pedirmos. Devemos agir exatamente como Jesus, orando ao Pai, demonstrou no texto que foi registrado em Mateus 26.39, que diz: "E, indo um pouco mais para adiante, prostrou-se sobre o seu rosto, orando e dizendo: Meu Pai, se é possível, passe de mim esse cálice; todavia, não seja como eu quero, mas como tu queres.".

A oração baseada naquilo que Deus quer para nós é a verdadeira oração, aquela que não conhece oposição nem barreiras, aquela que sempre encontra repouso no coração do nosso Criador e sempre gera resposta da parte Dele para nós. Porém, o espírito do mundo tem agido livremente dentro das mais diversas congregações ensinando a muitos para que concentrem suas orações sempre no próprio "eu", o problema é que esse "eu" que as pessoas acham que precisam abençoar é, na verdade, a carne, o Ego humano disfarçado, ou seja, a mente natural distorcida (deformada) pelo pecado original, a parte de nós que a Escritura Sagrada, em 1 Coríntios 2.14, chama de homem natural; quando diz: "...O homem natural não compreende as coisas do Espírito de Deus..."

Assim sendo, quando boa parte das pessoas começam a "orar", não são realmente elas que estão "orando", mas sim a carne delas com todas as vaidades, paixões, ambições, ilusões, fantasias, sonhos, delírios e toda sorte de concupiscências que constituem essa parte do ser humano, tal como foi demonstrado, pelo fariseu da parábola contada por Jesus, registrada em Lucas 18.9-14, na qual tal fariseu, em "oração", não percebeu, ou não se importou, com o fato de que era o homem natural dele, o "eu", o Ego, quem estava dissimuladamente orando; logo, tal indivíduo começou a engrandecer a si mesmo diante de Deus, e pior, ele comparava-se com um publicano julgando esse outro pelas falhas que possuía.

Jesus disse: "Dois homens subiram ao templo, a orar; um, fariseu, e outro, publicano. O fariseu, estando em pé, orava consigo desta maneira: Ó Deus, graças te dou, porque não sou como os demais homens, roubadores, injustos e adúlteros; nem ainda como este publicano. Jejuo duas vezes na semana e dou os dízimos de tudo quanto possuo. O publicano, porém, estando em pé, de longe, nem ainda queria levantar os olhos ao céu, mas batia no peito, dizendo: Ó Deus, tem misericórdia de mim, pecador! Digo-vos que este desceu justificado para casa e não aquele...". O que essa passagem bíblica nos mostra claramente é que o fariseu "orou" com o Ego (carne) enquanto o publicano orou com o espírito (o seu verdadeiro eu).

De fato, como aquele fariseu da passagem bíblia, muitas pessoas atualmente não estão percebendo, ou se importando, com o fato de que suas orações sejam contaminadas pelas vontades, desejos, palavras, sentimentos, emoções, pensamentos, paixões, vaidades, ilusões e por todas as concupiscências do Ego que há neles, e ainda ficam sem entender quando tais "orações" não recebem a resposta que desejam da parte de Deus, mas o conhecido texto de Tiago 4.3 demonstra o que acontece quando permitimos que o Ego em nós "ore", está escrito: "Pedis e não recebeis, porque pedis mal, para o gastardes em vossos deleites."

E como fazer para retirar o Ego, o homem natural, a carne, das nossas orações?

Jesus nos ensinou a maneira perfeita de fazermos isso na segunda parte do texto de Mateus 6.10, que diz: "...Seja feita a tua vontade...".

Apenas quando abrimos mão de todas as nossas vontades, por mais que achemos que elas são, ou serão, o melhor para nós, é que encontramos real espaço mental e espiritual para perceber que a maioria absoluta das vontades que possuímos não são nossas, mas sim são um grande acúmulo de desejos, ambições, vaidades, sonhos, expectativas, paixões e uma vasta gama de coisas semelhantes que o espírito do mundo usou a sociedade para injetar em nós, de modo que as assumimos como nossas, e elas passaram a fazer parte, e a fortalecer, o nosso "eu" superficial, o Ego que há em nós. Quando começamos a ter consciência disso percebemos que existe um grande espaço entre esse "eu" superficial e o nosso verdadeiro eu, o espírito que nós somos, e é a partir desse discernimento que conseguimos finalmente orar em espírito, e esse sim está totalmente alinhado com a plenitude da vontade de Deus para nós que, segundo o texto de Romanos 12.2, é boa, agradável e perfeita.

Orar é a prática mais simples e fácil que existe, é algo que está disponível a qualquer pessoa, em qualquer local, momento, ou sob quaisquer circunstâncias; é o contato direto entre nós e o nosso Criador para que Ele nos dirija, ensine, cure, fortaleça, liberte, prospere e faça tudo o que Ele prometeu que faria. Por esse motivo não podemos entregar nossas orações nas mãos do Ego que há em nós, não podemos negligenciar o fato de que a nossa carne tentará se passar por nós para nos impedir de orar em espírito e em verdade, assim como, para nos fazer ficar presos em suas "orações" complexas e repletas de egocentrismo, paixões, apegos, vaidades, ilusões e etc...

Cristãos genuínos aprendem a identificar os impulsos e estímulos do Ego que há neles, mesmo os mais sutis, para conscientemente, os separar de tudo aquilo que realmente deve ser colocado diante de Deus em oração. De fato, todo cristão genuíno tem plena consciência de que esse nosso "eu" superficial está sempre ansioso pela oportunidade de "orar", pois quando o faz, sempre mantém todos os pedidos e súplicas a Deus girando em torno de toda a superficialidade da vida. E é quando isso ocorre que as pessoas, sem perceber, ou percebendo, mas sem se importar, se tornam em meros religiosos, aparentemente fervorosos, aparentemente espirituais, aparentemente sábios, aparentemente cheios do Espírito Santo, mas que na verdade possuem apenas aparências, sustentadas pelo Ego inflado em si mesmo, e esses tais, mesmo com suas inúmeras "orações" estão longe do Criador, como o próprio Deus revela no texto de Mateus 15.8, que diz: "Este povo honra-me com os lábios, mas o seu coração está longe de mim.".

No momento em que tomamos consciência de que o Ego que há em nós está disfarçadamente "orando" em nosso lugar e começamos a impedi-lo de fazer isso, uma grande e milagrosa mudança acontece, pois as "nossas" vontades, desejos, sonhos, ambições e toda forma de deleites semelhantes que estão sempre gravitando o nosso "eu" superficial deixam de ter tanta importância; elas deixam de ser o "norte" das nossas orações, assim a nossa mente fica livre para, a partir da inspiração do Espírito, usar os nossos lábios adequadamente diante de Deus, falando com Ele, não aquilo que a nossa carne acha que é "o melhor" ou mais importante, mas sim sobre aquilo que é a real vontade do SENHOR para nós, tanto nas menores coisas da nossa existência quanto naquelas que definem a nossa vida em todas as áreas.

Quando aprendemos a orar assim, orar de verdade, sem as influências dissimuladas da carne (Ego, "eu", mente natural e superficial que há em nós) adentramos na dimensão espiritual dentro de nós, pois estaremos, simultaneamente, orando com o espírito e com o entendimento, como o apóstolo Paulo, em 1 Coríntios 14.15 diz que devemos fazer; está escrito: "...Orarei com o espírito, mas também orarei com o entendimento...". Essa é a oração que nos nutrirá e fará com que toda a nossa vida floresça e brilhe espontaneamente para a glória de Deus.

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