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"Não vos inquieteis, pois, pelo dia de amanhã..." Mateus 6.34a

 


"Não vos inquieteis, pois, pelo dia de amanhã, porque o amanhã cuidará de si mesmo..." Mateus 6.34a


Quais, e quantas, são as suas metas para os próximos meses desse ano? Quais, e quantas, são as suas metas para o próximo ano? Quais, e quantas, são as suas metas para os próximos cinco anos?

Vivemos em uma sociedade que está sempre nos instigando a olhar para o futuro, de uma maneira quase que paranoica, uma sociedade que se acostumou a enaltecer a elaboração, o desenvolvimento e a conquista de metas em um nível muito mais elevado do que qualquer outra sociedade no passado já fez; de fato, vários especialistas em desenvolvimento pessoal e profissional atribuem grande parte do sucesso social de muitos indivíduos à capacidade que cada qual possui de traçar, perseguir e alcançar uma quantidade absurda de metas de curto, médio e longo prazo, para todas as áreas de suas vidas; ou seja, segundo esses especialistas, quanto mais metas que eles chamam de metas S.M.A.R.T, ou seja, metas que sejam específicas, Mensuráveis, Atingíveis, Realistas e Temporais, uma pessoa tiver para suas finanças, saúde, bem-estar, lazer, trabalho, profissão, estudos e família, mais bem-sucedida e realizada tal pessoa será. Ao menos essa é a expectativa.

Mas isso não é uma coisa boa?

Teoricamente sim, porém, o problema é que boa parte desses especialistas, e são muitos, espalhados principalmente pela internet, mas também há alguns dentro das mais diversas congregações, não compreendem a real essência da palavra sucesso, na verdade, eles confundem sucesso com fortuna, fama, prestígio, poder, influência, autoridade e um punhado de outras coisas semelhantes que não têm qualquer ligação com o real sentido dessa palavra que tem sido tão distorcida e banalizada pela cultura ocidental moderna, principalmente nas décadas mais recentes. Assim sendo, na ânsia de traçar e cumprir com suas metas para alcançar esse tão desejado "sucesso" social, as multidões não percebem que cada uma de suas várias metas, em todas as áreas da vida, são na verdade, nada mais do que fardos sociais e focos constantes de preocupação, estresse, ansiedade, e até de sacrifícios; porém, todas as vozes sociais do senso comum e do status quo continuarão sempre insistindo, e até pregando, que o excesso de metas variadas é algo indispensável para o sucesso assim como a solução para obter todos os seus sonhos sociais.

Porém, há um ensinamento que todos os cristãos genuínos receberam através da Escritura Sagrada e aplicam em absolutamente tudo o que diz respeito a vida deles; tal ensinamento está registrado em Provérbios 4.6, que diz: "Melhor é uma mão cheia com descanso do que ambas as mãos cheias com trabalho e aflição de espírito.". A verdade é que nenhum de nós necessita de tantas metas quanto a sociedade quer nos fazer acreditar que é preciso, de fato, quanto mais metas traçarmos para a nossa vida mais inquietos sobre o nosso futuro financeiro, pessoal, profissional, sentimental e etc... ficaremos; na verdade, suas metas podem, inclusive, estar afastando você completamente de todas as coisas que são mais adequadas para a sua vida, os seus reais objetivos e chamado.

E por que isso acontece?

Porque grande parte das "suas" metas não são realmente suas, mas sim da sociedade, influências dissimuladas que as forças do ambiente ao nosso redor, gerado pelo senso comum, exercem sobre cada um de nós. Precisamos nos acostumar a investigar o nosso próprio interior e perguntar a nós mesmos as seguintes questões:

* Eu preciso mesmo de tantas metas? 

* Será que metas são realmente algo indispensável para que alguém consiga construir uma vida plena?

Se formos sinceros nessa "meditação" perceberemos que em um nível superficial, as metas são sim ferramentas para nos ajudar a caminhar em alguma direção rumo ao futuro (o amanhã) que desejamos, mas, em um nível mais profundo de compreensão, percebemos que elas podem acabar se tornando pesos que vão se acumulando e ficando cada vez mais difíceis de carregar. Se você, como eu, já teve a oportunidade de trabalhar em alguma ocupação comercial que é regida por metas, então sabe o quão tirânicas e desumanas elas podem ser, de fato, nos ambientes corporativos, comerciais, financeiros, e até congregacionais, entre muitos outros, as metas estão sempre adicionando estresse e muita pressão sobre as pessoas, muito mais do que o organismo de boa parte dos indivíduos é capaz de suportar, e há inúmeros homens e mulheres que simplesmente entram em colapso por causa de toda essa pressão e peso psicossocial com o qual precisam lidar todos os dias em função das metas que têm de cumprir. Infelizmente, influenciados pela nossa cultura social da adoração às conquistas apenas pela conquista, multidões estão aplicando essa mesma mecânica baseada no acúmulo excessivo de metas em todas as áreas da própria vida, inclusive em questões que estão relacionada com o seu relacionamento com Deus. Sem que tenham consciência disso, as muitas metas das pessoas as estão oprimindo.

Em Mateus 11.28 Jesus diz: "Vinde a mim, todos os que estais cansados e oprimidos, e eu vos aliviarei.". Parte desse alívio que Cristo nos promete repousa na nossa conscientização, através dos ensinamentos da Escritura Sagrada, de que não devemos tomar sobre nós tantas metas quanto a sociedade deseja que façamos, de fato, quanto mais reduzirmos a quantidade de metas em todas as áreas da nossa existência para o mínimo possível, menos escravos seremos, menos peso psicossocial sentiremos e maior será o alívio que vamos sentir. 

Por mais estranho e paradoxal que pareça, para multidões espalhadas pelo planeta, o desejo exagerado de se tornar, ter, ou alcançar, algo no futuro (no dia de amanhã), está sufocando completamente, e devorando, as forças, a atenção, a tranquilidade, a saúde, a fé, os talentos e muito mais, na vida deles; transformando os indivíduos em meras "máquinas" de traçar e atingir metas sem que percebam que grande parte de toda essa corrida alucinada em direção aos objetivos sociais do futuro não são realmente assim tão importantes quanto as ilusões e fantasias da sociedade podem estar nos fazendo crer. Acompanhe o relato de um homem que alcançou e realizou todas as suas metas, e veja a conclusão que ele chegou. Esse texto está registrado em Eclesiastes 2.4-11, que diz: 

"Fiz para mim obras magníficas; edifiquei para mim casas; plantei para mim vinhas. Fiz para mim hortas e jardins e plantei neles árvores de toda espécie de fruto. Fiz para mim tanques de água, para regar com eles o bosque em que reverdeciam as árvores. Adquiri servos e servas e tive servos nascidos em casa; também tive grande possessão de vacas e ovelhas, mais do que todos os que houve antes de mim, em Jerusalém. Amontoei para mim prata, e ouro, e joias de reis e das províncias; provi-me de cantores e de cantoras, e das delícias dos filhos dos homens, e de instrumentos de música de toda sorte. E engrandeci-me e aumentei-me mais do que todos os que houve antes de mim, em Jerusalém; perseverou também comigo a minha sabedoria. E tudo quanto desejaram os meus olhos não lhos neguei, nem privei o meu coração de alegria alguma; mas o meu coração se alegrou por todo o meu trabalho, e essa foi a minha porção de todo o meu trabalho. E olhei eu para todas as obras que fizeram as minhas mãos, como também para o trabalho que eu, trabalhando, tinha feito; e eis que tudo era vaidade e aflição de espírito e que proveito nenhum havia debaixo do sol.".

Tente visualizar por um momento a lista de metas do grande e sábio rei Salomão; segundo o relato dele mesmo no texto citado acima, deveria ser algo mais ou menos assim:

* Construir obras magníficas para mim. (Feito); 

* Edificar novas casas para mim. (Feito);

* Plantar novas vinhas para mim. (Feito);

* Fazer hortas, jardins e plantar neles todo tipo de árvores frutíferas. (Feito); Etc...

Salomão levou praticamente a vida inteira para perceber algo que está, e sempre esteve, bem diante dos nossos olhos, mas a sociedade, com o seu véu de ilusões e fantasias, se esforça ao máximo para não nos deixar enxergar.

E o que seria isso?

Todas as metas sociais que ele traçou, perseguiu, alcançou, conquistou e realizou; e foram muitíssimas, eram apenas inquietações sociais do Ego humano em relação ao amanhã (o futuro), mascaradas dissimuladamente; elas só eram capazes de gerar uma pequena porção de alegria passageira, e cada vez mais passageira, mas não o deixavam nem um pouco mais perto da felicidade e da plenitude duradoura como a sociedade disse que fariam. Salomão revela isso na parte que diz: "...mas o meu coração se alegrou por todo o meu trabalho, e essa foi a minha porção de todo o meu trabalho...". De fato, aquela quantidade de metas, mesmo tendo sido todas realizadas, serviram muito mais como fonte de pressão, estresse, distração, peso financeiro e emocional, incômodo e até de sofrimento, como ele mesmo relata ao dizer: "...E olhei eu para todas as obras que fizeram as minhas mãos, como também para o trabalho que eu, trabalhando, tinha feito; e eis que tudo era vaidade e aflição de espírito e que proveito nenhum havia debaixo do sol.".

E o que isso nos ensina?

Ensina que quanto mais dermos ouvidos às vozes da sociedade que pregam o acúmulo e o excesso de metas como solução e caminho para um futuro de sucesso social, mais inquietos nos tornaremos, e mais propensos estaremos a viver de uma maneira miserável e vazia, mesmo se alcançarmos tudo o que o nosso Ego deseje.

Então ter metas é algo ruim?

Depende. Ter metas por si só não é algo ruim, desde que não sejam muitas metas, pois a quantidade de metas de uma pessoa nada mais é do que um reflexo da quantidade de inquietação pelo dia de amanhã (o futuro) que há dentro dela; logo, quanto mais metas, mais inquietação. Certamente nós podemos ter algumas metas desde que elas sejam poucas e não sejam algo com o potencial de nos consumir; por isso também, o apóstolo Paulo disse o que foi registrado em 1 Coríntios 6.12, que diz: "Todas as coisas me são lícitas, mas nem todas as coisas convêm. Todas as coisas me são lícitas, mas eu não me deixarei dominar por nenhuma.". Assim sendo, podemos concluir que: As metas nos são lícitas, mas nem sempre as metas nos convêm; assim como, as metas nos são lícitas, mas não podemos nos deixar dominar por nenhuma delas.

Se a vida de alguém está totalmente direcionada apenas em função de suas muitas metas, isso certamente é algo que lhe causará várias aflições de espírito (sofrimentos), pois, ainda que não perceba, tal pessoa ficará viciada em traçar uma meta após a outra, compulsivamente, e isso roubará sua atenção, seu tempo, seu dinheiro, a até os seus talentos e dons, desperdiçando-os nessa busca alucinada por concluir e conquistar uma quantidade cada vez maior de metas que tal indivíduo se propôs a perseguir. E esse tipo de comportamento não é nada além de mais uma das prisões ilusórias do espírito do mundo.

Qualquer indivíduo cuja mente estiver repleta com inúmeras metas é alguém cuja vida estará sempre presa por inúmeras correntes sociais fixadas um ideal de amanhã, muitas vezes ilusório e fantasioso, que, embora nos esforcemos bastante para negar tal fato, está completamente fora do nosso controle real, por esse motivo também Jesus disse: "...O amanhã cuidará de si mesmo.". E isso tornará a vida de tal pessoa em uma experiência pesada e sacrificante pelo simples motivo de que a maioria das nossas metas são produzidas por, e produzem, inquietação em relação ao futuro, em um ciclo que alimenta a si mesmo perpetuamente.

Quanto mais inteligente uma pessoa for, mais metas ela terá; porém, quanto mais sábio(a) alguém for, com menos metas se comprometerá.

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