"Nos quais o deus desse século cegou o entendimento dos incrédulos, para que lhes não resplandeça a luz do evangelho da glória de Cristo, que é a imagem de Deus." 2 Coríntios 4.4
Quando o espírito do mundo seduziu e enganou Eva e Adão, há milênios atrás, sob o pretexto de que eles receberiam o conhecimento do bem e do mal; o que realmente ocorreu foi que, com a consumação do pecado original, o ser humano perdeu o contato com a realidade e começou imediatamente a acreditar em uma grande ilusão.
E que ilusão foi essa?
Antes do pecado a humanidade, na forma de Adão e Eva, tinha consciência plena de si mesmo, ou seja, eles percebiam claramente que tinham sido criados segundo a imagem e semelhança do Criador, e isso significa que eles sabiam que sua constituição enquanto humanos era composta pelo espírito, pela alma, pela mente e pelo corpo. Adão e Eva sabiam disso e esse entendimento os tornava completos na medida em que os permitia lidar adequadamente com todas as questões e demandas da natureza humana, física, mental e espiritual, sem confundi-las e sem negligenciar nenhuma delas; como muitos têm feito atualmente. Porém, a partir do evento que ficou conhecido como o pecado original, esse entendimento foi obscurecido, pois o primeiro efeito gerado pelo Pecado foi a morte da consciência que aquele casal, e por consequência toda a humanidade, tinha do seu estado de perfeição como seres espirituais que "possuem" alma, corpo e mente, habitando na terra. Por esse motivo também o texto registrado em Gênesis 2.17 relata que Deus disse: "Mas da árvore da ciência do bem e do mal, dela não comerás; porque no dia em que dela comeres, certamente morrerás.".
E como isso ocorreu?
A harmonia da criatura humana foi "implodida" e essa "singularidade" foi a origem de todas as disfunções de percepção, pensamento, sentimento, emoções, palavras e ações que atormentam a humanidade até os dias atuais. Sem a consciência pura harmonizando o "funcionamento" da mente humana, esta começou a "delirar" e a acreditar em seus próprios delírios disfuncionais como a dúvida, a raiva, a angústia, o medo e muitas outras; por isso também é que a Escritura mostra Adão dizendo que estava com medo na passagem de Gênesis 3.10, que diz: "...Ouvia a tua voz soar no jardim, e temi...". Tal medo nada mais era do que uma ilusão gerada pela mente disfuncional que acabara de se apoderar do gênero humano como consequência do pecado que haviam acabado de cometer.
Essas disfunções, e muitas delas são profundas, fizeram com que a humanidade perdesse o contato com a consciência pura que Deus lhes deu, soterrando-a debaixo de "toneladas" de pensamentos excessivos, compulsivos, viciosos, ansiosos, distorcidos, irreais, acelerados, e opressivos, para dizer o mínimo; ou seja, com a consumação do pecado original e a morte da consciência espiritual plena da raça humana, cada indivíduo, desde Adão e Eva, até a pessoa que vemos ao olhar no espelho todas as manhãs, deixou de perceber a si mesmo como seres majoritariamente espirituais, e isso criou um "vácuo" no interior da humanidade dando condições para que a mente humana, afetada pelo desequilíbrio causado pela ausência de consciência espiritual, assumisse o controle tanto da nossa individualidade como também da nossa existência como espécie. E esse foi só princípio da tragédia.
Como assim?
Com a "morte" da consciência pura-espiritual, a mente humana passou a acreditar cegamente que ela é tudo o que existe em nós, em outras palavras, nós, seres humanos, passamos a nos identificar por inteiro com a nossa mente, passamos a achar que tudo o que ela mostra, fala, deseja, pensa, sente e faz é a mais absoluta verdade e não pode ser contestada. Assim, essa mente inebriada por se achar absoluta em si mesma, criou uma grande quantidade de apegos e aversões internas e externas que passaram a nortear toda a existência da humanidade; e isso fez com que as pessoas se perdessem, e continuassem cada vez mais perdidas, em meio à miríade de ilusões geradas pela mente deles mesmos.
Mas quais são essas ilusões?
Praticamente tudo o que diz respeito a nosso estilo de vida através dos séculos, e atualmente; coisas como o desejo e a busca por reconhecimento, por fama, por fortuna, por status, por prestígio, por poder (político, religioso ou qualquer outro) pelo prazer, pela "beleza", pelo acúmulo de bens e posses materiais, pela realização de sonhos e muito mais. Toda a nossa sociedade está envolta, e é permeada, por um denso fluxo de ilusões.
Sem a consciência pura dada por Deus, e perdida no pecado original, para harmonizar, pacificar e direcionar a mente humana, cada indivíduo se tornou vítima da própria mente sem controle, em menor ou maior grau; essa mente disfuncional evoluiu e se tornou coletiva, social; e encontrou diversas formas de projetar suas ilusões na sociedade, sempre sendo conduzida dissimuladamente, embora não se dê conta disso, pelo próprio espírito do mundo. Essa mente percebe tudo de maneira parcial e distorcida, uma vez que parte sempre do pressuposto de que um indivíduo é tão somente um corpo que possui uma alma e um espírito, e que esse espírito é apenas um detalhe sem muita importância.
E por que isso é tão ruim?
Por que deixar de considerar o espírito humano como a maior parte, e a mais importante, do nosso ser, é um equivoco fatal, pois fortalece e solidifica todas as ilusões geradas pela mente, fazendo com que, com o passar do tempo, tais ilusões se tornem mais densas, mais violentas, mais sedutoras, mais sofisticadas, mais luxuosas, mais dissimuladas e muito mais perniciosas. De fato, as ilusões causadas pela mente humana que foi "desconectada" do espírito evoluíram e se tornaram grandes fantasias e sonhos gigantescos, aprisionando os indivíduos em todo tipo de "jaulas" psíquicas, pessoais e sociais que os mantém cegos tanto para a realidade da criação quanto para a verdade espiritual acerca do Criador, da fé e de si mesmos, de quem realmente são. Por isso também foi escrito em 2 Coríntios 4.4 o texto que diz: "Nos quais o deus desse século cegou o entendimento dos incrédulos, para que lhes não resplandeça a luz do evangelho da glória de Cristo, que é a imagem de Deus.".
Todas as ilusões internas e externas produzidas pela mente humana colocaram uma grossa venda sobre o entendimento dos indivíduos; algo como um véu extremamente espesso que mantém as pessoas separadas da compreensão de que praticamente tudo o que eles têm vivido até agora é, na verdade, um grande aglomerado de ilusões dos mais variados "tipos", "tamanhos" e "sabores". Seus sonhos pessoais, profissionais, e de consumo; seus desejos, metas e objetivos; a forma como compreendem a si mesmos, seus pensamentos, sentimentos, emoções; a maneira como enxergam o mundo ao redor; e até a maneira como se relacionam com o próprio Deus. Todas essas coisas e muitas outras, inconscientemente, mas voluntariamente, foram reduzidas a um constante acúmulo de paixões e vaidades da mente com o único intuito de gerar um profundo senso de separação entre a pessoa e o espírito que há nela, que é o seu verdadeiro Eu, a sua essência pura, a sua real presença consciente.
E em qualquer indivíduo no qual haja essa separação entre ele e o seu espírito (e isso enquadra a maioria absoluta da população do planeta), tal pessoa será governada pela mais perniciosa das ilusões da mente humana; o Ego. Que a Escritura Sagrada chama de carne. Essa entidade mental autocriada é um subproduto da mente disfuncional, e como tal, considera-se o centro do universo. O Ego humano é um efeito diretamente ligado a morte da consciência espiritual da humanidade no pecado original, é uma ilusão que quase todas as pessoas da terra tomam como real e é a mais nociva de todas as ilusões, pois é justamente no Ego das pessoas que todas as outras ilusões da sociedade encontram uma base para se sustentar e evoluir através dos tempos.
Na verdade, por causa desse véu espiritual erguido sobre a humanidade, esse senso de separação entre o homem e o espírito do homem, uma ruptura muito maior aconteceu, que é a separação entre o espírito do homem e o Espírito de Deus; ou seja, ao perder o contado com a própria consciência espiritual, a humanidade perdeu também o contato com a consciência do Criador; assim, o Ego humano viu a oportunidade "perfeita" de alçar a si mesmo e passou a agir como se fosse o único deus que existe. por isso, também, é a Escritura Sagrada diz em Filipenses 3.19, que: "...O deus deles é o ventre...", em outras palavras, a Santa Palavra está afirmando que para a maioria das pessoas sobre a face da terra, o deus deles é o Ego faminto e insaciável que há neles mesmos.
Porém, a obra redentora de Cristo foi poderosa o suficiente para rasgar o denso véu ilusório, reestabelecendo a conexão entre o ser humano e o espírito humano, que é a consciência essencial pura que havia se perdido no pecado original, também por esse motivo é que o texto de Marcos 15.38 afirma que: "...O véu do santuário rasgou-se em duas partes, de alto a baixo.". Quando Cristo resgatou a humanidade por meio da Sua morte na cruz, e ressurreição ao terceiro dia; todas as pessoas do planeta receberam gratuitamente, através da Graça Divina, a oportunidade de escolher se desejam continuar vivendo sob o domínio da mente separada da consciência espiritual pura que nos conecta intimamente com o Espírito nosso Criador, ou se vão reaver tal consciência, pois ela é o nosso próprio espírito, para finalmente conseguir se desvencilhar das garras da Carne/Ego com todas as suas ilusões sofisticadas e verossímeis, para destronar a mente disfuncional e usurpadora que nos mantinha cegos para toda a luz (conhecimento) da verdade e da realidade; pois uma vez que escolhemos reaver nossa consciência, nossa essência espiritual, o nosso espírito reassume a posição de primazia no nosso ser, e, silenciosamente, começa a desfazer a existência da mente disfuncional pecaminosa, assim como passa a eliminar todos os efeitos ilusórios que tal mente "ensandecida" provocou, dentre os quais, o Ego. Esse é o processo que a Escritura Sagrada chama de crucificação da carne.
Quando esse processo se inicia passamos a ser guiados pelo espírito, que recuperou a sintonia com a Essência do Criador, O Espírito de Santo; e nossa mente deixa de ser um empecilho para a nossa própria vida, como tem sido para bilhões de indivíduos durante toda a existência deles. Ao contrário, uma vez que recobramos a sintonia com o SENHOR, nossa mente se transforma naquilo que ela, inicialmente, foi criada para ser, ou seja, a mais poderosa ferramenta capaz de facilitar a nossa existência através do cultivo de todas as virtudes de Deus, iluminando a todos ao nosso redor. Quando nos tornamos conscientes da nossa consciência espiritual, finalmente entramos realmente em unidade com o Criador, assim nos libertamos completamente da cegueira causada por todas as ilusões, sonhos e fantasias, internas ou sociais, provocadas pelo véu da nossa antiga mente distorcida.
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