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"Tomai sobre vós o meu jugo... e encontrareis descanso para a vossa alma". Mateus 11.29

 


"Tomai sobre vós o meu jugo, e aprendei de mim que sou manso e humilde de coração, e encontrareis descanso para a vossa alma". Mateus 11.29

Descanso para a alma. Algo que a sociedade já quase se esqueceu totalmente o que é.

A humanidade está fazendo coisas demais, pensando coisas demais, querendo coisas demais, cultivando expectativas demais, acumulando coisas demais, envolvidos com exigências e demandas demais, propagando opiniões demais, apegados a vaidades demais, construindo ambições demais, desfrutando de luxos demais, lutando batalhas demais, almejando e conquistando vitórias demais, assumindo responsabilidades demais, conectada demais, dando vazão a paixões demais, tendo opções demais. Como ainda esperam ter uma vida que não seja cansativa e sobrecarregada, vivendo dessa forma?

Se há uma coisa que cada vez mais pessoas na sociedade atual, assim como dentro das mais diversas congregações, têm sentido no seu cotidiano, é o cansaço, seja tal cansaço físico e mental (sentimental, emocional) ou até mesmo espiritual. E, obviamente, por influência da sociedade na qual estamos inseridos, tal cansaço "multiforme" tem se tornado cada vez mais intenso no interior dos indivíduos; sobrecarregando-os de tal maneira que grande parte do seu estilo de vida, ou mesmo todo ele, passa a oprimi-los de maneiras diversas por causa da grande quantidade de demandas e exigências sociais modernas que escolheram cultivar e carregar, seja no que se refere a si mesmos, ou a sua família, ao seu trabalho, à sua congregação, e a absolutamente tudo o que os cerca, de modo que tais pessoas têm experimentado grande sofrimento e vazio, mesmo sendo considerados como homens e mulheres bem-sucedidos.

E por que isso está ocorrendo?

Porque a forma como o espírito do mundo "projetou" a sociedade tem como um de seus principais objetivos fazer com que todo ser humano tome cada vez mais peso sobre si até que se torne impossível aguentar tamanho fardo psicossocial e a pessoa entre em um estado de colapso que pode ser físico ou mental (desencadeando algum vício, disfunção, doença ou síndrome), e até mesmo, espiritual, (desvirtuando completamente a fé dos indivíduos); para que todo o estilo de vida, assim como a própria experiência da existência das pessoas seja completamente arruinada.

A má notícia é que esse terrível panorama já está "instalado e ativo", em menor ou maior grau, na vida da grande maioria dos indivíduos que estão no contexto social e congregacional moderno; indivíduos cuja alma, a mente, e o corpo, têm sentido os efeitos e os sintomas do cansaço provocado pela sobrecarga avassaladora de todo tipo de impulsos e estímulos sociais, analógicos e digitais, que diariamente gravitam ao nosso redor e são lançados sobre nós com uma violência cada vez maior, de modo que a atenção das pessoas, assim como todos os seus recursos (tempo, energia, dinheiro, etc...), e seus dons e talentos, são completamente sequestrados pelas mais diversas movimentações aleatórias da sociedade moderna; prendendo os indivíduos em um ciclo sem fim de desejos, ambições, sonhos, sacrifícios, conquistas, acúmulo, frustração, insatisfação, peso, cansaço, e, mais desejos, mais ambições, mais sonhos, mais sacrifícios, mais conquistas, mais acúmulo, mais frustração, mais insatisfação, mais peso, mais cansaço; e assim por diante.

Infelizmente há muitas pessoas, fora e dentro das congregações, que já gastaram décadas da própria existência correndo em círculos tentando satisfazer o "projeto de vida social" moderna, que o espírito do mundo desenvolveu e usa a sociedade para implantar em nós desde a infância, sem nos deixar perceber que ao devotarmos o corpo, a mente, e a alma, ao projeto de vida da sociedade, mesmo quando fazemos tudo o que a sociedade exige de nós, e alcançamos todas as coisas desnecessárias e demasiadas que o senso comum e o status quo dizem que são importantes; geralmente ganhamos como recompensam apenas, cada vez mais, cansaço físico e fadiga mental.

Ninguém jamais conseguirá experimentar a vida de forma leve e plena se estiver constantemente lidando com cada vez mais pensamentos, ambições, sonhos, fantasias, ilusões, objetos, metas, objetivos, posses, vaidades, opções, desejos, demandas, decisões, responsabilidades, luxos, e toda uma vasta gama crescente de coisas que podem até não parecer, mas na maneira assustadoramente exagerada com a qual as pessoas estão fazendo questão de lidar com tais questões, elas produzem uma quantidade brutal de peso físico e mental que está esmagando a mente e o coração de muitos em todas as ditas classes sociais, dentro e fora das mais diversas congregações.

Porém, por ação da maravilhosa Graça divina, algumas pessoas conseguem perceber, ainda que minimamente, que grande parte do cansaço e opressão que estão sentindo, é um produto diretamente gerado pelo "projeto de vida social" que adotaram para si e têm se dedicado desesperadamente a perseguir e realizar, mesmo que seja levando isso até às últimas consequências, na busca pelos tesouros, troféus, títulos e medalhas sociais, que apesar de "dourados", são, na verdade, apenas um grande amontoado de fardos físicos, psicológicos; materiais e virtuais. Felizmente, há uma maneira segura de qualquer pessoa se desvencilhar de toda essa "mecânica" perniciosa da sociedade e deixar de ser afetado(a) por todas as influências dissimuladas que produzem tanto peso, cansaço, fadiga, sobrecarga e opressões diversas na alma e na existência dos indivíduos.

E que maneira é essa?

Quando, em Mateus 11.28, Jesus diz: "vinde a mim todos os que estais cansados  e oprimidos, e eu vos aliviarei.", Ele também está indicando a maneira como devemos agir para neutralizar toda essa manipulação social opressora que produz tantos fardos; e é justamente utilizando o Santo Evangelho de Jesus Cristo, ou seja, a Escritura Sagrada, que é o próprio Cristo, para eliminar todos os acúmulos e excessos internos e externos que a sociedade nos ensinou a cultivar, segurar e praticar. Dessa maneira qualquer pessoa conseguirá viver de forma leve e plena, imune a todas as sobrecargas sociais que estão dilacerando a alma, a mente, o coração e o estilo de vida das multidões.

Mas como fazer isso?

Certa vez li uma frase do filósofo naturalista Henry David Thoreau que me ajudou a entender como eu poderia viver de maneira mais leve. Eis a frase: "Simplifique a sua vida. Não desperdice os seus anos lutando por coisas que não são importantes. Não sobrecarregue a si mesmo com posses além do necessário; mantenha suas necessidades e desejos simples e aproveite o que você já tem.".

Jesus, ou seja, a Escritura Sagrada, nos ensina e nos ajuda a descarregar todo o peso psicossocial que estamos sentindo simplesmente nos mostrando todas as coisas, internas e externas, das quais precisamos nos desfazer; algo que é completamente oposto ao que nos foi ensinado pela sociedade que diz que para vivermos de forma mais leve devemos adicionar mais coisas na nossa mente e na nossa vida, e incrivelmente, é isso o que as pessoas fazem. O problema é que quando adicionamos mais "coisas" adicionamos também mais complicação e todo o contexto fica ainda pior. Mas o Evangelho de Cristo, por outro lado, nos incentiva a aprender a viver através da simplicidade que é uma das características mais marcantes de todo cristão verdadeiro, tal como foi demonstrado na Escritura através dos exemplos de vida e ensinamentos de Jesus, e depois dos apóstolos; ou seja, pela Escritura Sagrada somos ensinados, inspirados e incentivados a abrir mão, conscientemente e voluntariamente, de todos os excessos de "coisas" como desejos, sonhos, ambições, responsabilidades, "amizades", compromissos, posses, pensamentos, luxos, opções, vaidades, vitórias, paixões, e absolutamente tudo o que esteja produzindo peso desnecessário dentro e fora de nós. De fato, esse conceito essencial de simplicidade é algo tão importante na existência de qualquer um que deseje viver de maneira leve e plena, que o próprio apóstolo Paulo certa vez revelou certo receio de que as pessoas se deixassem enganar pelo espírito do mundo e perdessem essa simplicidade de vista; como foi revelado no texto de 2 Coríntios 11.3, que diz: "Mas temo que, assim como a serpente enganou Eva com a sua astúcia, assim também sejam de alguma sorte corrompidos os vossos sentidos e se apartem da simplicidade que há em Cristo.".

Como cristãos(ãs) é nossa responsabilidade manter nossa vida simples, utilizando os ensinamentos da Escritura Sagrada para identificarmos tudo o que não é necessário para o nosso estilo de vida e deixarmos tais coisas de lado, sejam pensamentos, sentimentos, emoções, palavras, ações, ou mesmo posses e bens. Não me entenda mal, nós podemos e devemos lidar adequadamente com todas as coisas, interna e externamente, mas não devemos deixar que nenhuma delas esteja em excesso na nossa vida; por esse motivo também o apóstolo Paulo disse aquela célebre afirmação registrada em 1 Coríntios 6.12b, que diz: "...Todas as coisas me são lícitas, mas não me deixarei dominar por nenhuma.". Em outras palavras, o que Paulo também está dizendo é que ele não se deixará dominar (possuir) pelo excesso de pensamentos, pelo excesso de desejos, pelo excesso de posses, pelo excesso de metas, e assim por diante; por um motivo muito simples; tudo o que nós possuirmos em excesso acabará nos possuindo também; e tudo o que nos possuir vai gerar uma quantidade massiva e inimaginável de peso, dentro e fora de nós, que produzirão alguns, ou vários, tipos de aflições de espírito (sofrimentos).

Entenda que quando falo sobre ser possuído por qualquer coisa que esteja em excesso na nossa vida, estou dizendo que tais coisas vão se tornar o centro do nosso viver, e, de certa maneira, teremos que viver em função delas, ou seja, nossa existência estará debaixo do jugo de todos os nossos excessos; e isso é um tipo terrível de prisão autoimposta que, mais cedo ou mais tarde, vai exaurir todas as nossas forças físicas e mentais, nos deixando apenas com cada vez mais angústias, insatisfação, desânimo e infelicidade. 

A verdade que o espírito do mundo esconde das multidões que estão tão engajadas com a sociedade é que nós não precisamos obter, carregar, acumular e nos apegar à maioria absoluta de todas essas coisas sociais que são tão adoradas e utilizadas atualmente; ou seja, nós não precisamos da raiva, não precisamos da inquietação, não precisamos de mais uma compra, não precisamos nos ofender com o que nos disseram, não precisamos nos incomodar com as outras pessoas, não precisamos de mais um sonho social, não precisamos de mais uma vitória vazia, não precisamos de mais seguidores, não precisamos de mais complexidade, não precisamos ser aplaudidos, não precisamos ter opiniões sobre tudo, não precisamos elevar nosso status social, não precisamos de fama, não precisamos nos preocupar tanto com o futuro, não precisamos ficar remoendo o passado, não precisamos de fortuna, não precisamos de certos hábitos, não precisamos de certas amizades, não precisamos de algo novo apenas porque é novo, não precisamos lutar certas batalhas, não precisamos nos sacrificar, não precisamos seguir a multidão; em resumo, não precisamos sobrecarregar nosso estilo de vida nem a nossa mente pensando e agindo como a maioria das pessoas, inconscientes, pensam e agem. Espero que você esteja acompanhando esse raciocínio.

Quando nos tornamos conscientes de que o evangelho de Cristo nos aponta diversas maneiras de "adicionar leveza" na nossa vida, nos mostrando justamente do que devemos nos desfazer, nosso padrão de pensamento muda profundamente e conseguimos perceber com clareza que não precisamos de todas as coisas (interna ou externas) que as vozes sociais dizem que são imprescindíveis. Nesse exato momento, só por compreendermos essa verdade, sem que nenhuma mudança física ainda tenha efetivamente ocorrido no nosso estilo de vida, nós sentimos um alívio maravilhoso e intenso, como se um grande fardo estivesse sendo retirado dos nossos ombros; como se a nossa alma estivesse sendo liberta da forma como a sociedade nos condicionou a viver; e de fato, é isso o que acontece.


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