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"...E o homem foi feito alma vivente." Gênesis 2.7

 


"E formou o SENHOR Deus o homem do pó da terra e soprou em seus narizes o fôlego da vida; e o homem foi feito alma vivente." Gênesis 2.7

Uma das maiores incompreensões que as pessoas possuem instaladas na mente, e que atrapalha, retardando-as das mais diversas maneiras, todo o processo de aperfeiçoamento mental e espiritual delas, é o entendimento equivocado de que a vida é algo que eles possuem.

Mas como assim?

Na mente de grande parte da humanidade, a vida é apenas mais uma coisa que, de alguma forma, pertence a eles, uma mera posse; não por acaso, todos nós já vimos, ouvimos ou falamos uma frase característica desse pensamento distorcido, que é: A vida é minha!

Porém, nada está mais distante da verdade do que essa afirmação, porque a vida não é uma mera posse que nos pertence; na verdade, a vida é o que nós realmente somos, e isso é completamente diferente, em todos os aspectos, do pensamento padrão da sociedade, de fato, compreender essa verdade muda toda a maneira como nós interagimos com a nossa existência e nos capacita para experimentar nosso tempo sobre a face da terra de uma maneira verdadeiramente espiritual.

Mas o que essa conversa de a vida não ser uma posse significa?

Significa que você não tem uma vida; você é a própria vida em forma humana.

E como podemos ter certeza disso?

O texto registrado em Gênesis 2.7 mostra claramente como foi o processo de criação do ser humano. Está escrito: "E formou o SENHOR Deus o homem do pó da terra e soprou em seus narizes o fôlego da vida; e o homem foi feito alma vivente.". Em outras palavras, o que o texto está dizendo é basicamente que o SENHOR Deus moldou o ser humano a partir da mesma matéria utilizada na criação do planeta no qual vivemos (o pó da terra), ou seja, átomos, elétrons, prótons, nêutrons...Carbono, hidrogênio, oxigênio e etc..."; enquanto insuflava tudo isso com algo Dele próprio, que é o que a Escritura Sagrada chama de o "fôlego da vida"; assim sendo, uma parte da vida de Deus tornou-se parte da criatura que Ele havia criado, ou seja, o ser humano é uma parte da vida de Deus modelada segundo a imagem e semelhança do Criador; por isso é que está escrito que "...o homem foi feito alma vivente.". Dessa forma, você, eu, e absolutamente todas as pessoas que existem, já existiram e ainda existirão, não somos donos da vida, nós somos a própria vida em forma humana. Eis o motivo pelo qual a humanidade, cada indivíduo, é tão precioso para Deus, e um dos motivos pelos quais o Altíssimo nos ama tanto, além da nossa compreensão.

No princípio, a humanidade, na pessoa de Adão, tinha plena consciência de ser uma extensão da própria vida de Deus individualizada em forma humana, mas com a consumação do pecado original essa consciência foi perdida, obliterada, e as pessoas, por influência do espírito do mundo através das vozes, forças e agentes que agem e regem a sociedade, assim como pela ação do Ego humano, passaram a tratar a dádiva da vida como apenas mais uma mera posse, uma espécie de mercadoria que pode ser, de alguma maneira, possuída, controlada, comprada e vendida. O problema é que ao passar a olhar a si mesmos como um mero objeto que possui vida os indivíduos passaram também a enxergar todas as pessoas da mesma forma e esse foi o início da vontade humana de ser dono, de possuir controle sobre, os seus semelhantes. E a partir dessa visão deturpada, toda sorte de mentalidades distorcidas e abomináveis se desenvolveu através dos séculos.

Quando Jesus vem para resgatar e salvar a humanidade, parte desse resgate e salvação se dá quando Ele nos ensina que a vida é algo que nós somos e não algo que nós temos, além disso, o mestre nos ensina que não somos vidas separadas, mas sim, somos todos participantes da mesma vida, que é a Vida de Deus na nossa forma humana. Por isso que Jesus ensinou certa vez o que está escrito em Mateus 22.39, que diz: "...Amarás o teu próximo como a ti mesmo.", mesmo que o nosso próximo se declare como nosso inimigo, pois está escrito em Mateus 5.44: "...Amai a vossos inimigos...". Nós devemos amar o nosso próximo como a nós mesmos, ainda que sejam nossos inimigos, porque nós e eles, somos, em essência e em verdade, exatamente a mesma vida.

É por esse motivo que todo cristão genuíno consegue ver as demais pessoas ao seu redor de uma maneira muito mais humana e muito mais amorosa, porque sabem que todas as pessoas, que na superfície do seu ser, por influência de culturas e outras variáveis diversas, são diferentes entre si; em um nível mais profundo, são todas exatamente iguais a nós, vivas com a mesma vida divina com a qual o SENHOR nos presenteou no momento da criação. Essa consciência que se havia perdido na queda da humanidade foi completamente restabelecida por Cristo e permanece clara e intacta no centro da mente dos cristãos verdadeiros desde a passagem de Jesus pela terra e até os dias atuais.

E que benefício esse entendimento produz?

Ao nos tornarmos conscientes de que a vida e nós somos um, parte do nosso ser recupera o equilíbrio original que havia na humanidade antes da queda de Adão; e isso por si só muda completamente, e drasticamente, a maneira como passamos a enxergar a nós mesmos, as outras pessoas, e toda a realidade ao nosso redor, seja ela, boa ou ruim.

Essa "simples", porém, poderosíssima mudança de perspectiva, enfraquece a influência do Ego/carne que há em cada um de nós, pois o Ego trata tudo e todos como meros objetos que podem ser possuídos, manipulados e explorados ao seu bel prazer. Assim sendo, compreender que nós não temos uma vida, mas sim que, nós somos a própria vida individualizada em forma humana, segundo a imagem e semelhança do Altíssimo, abrirá um grande "espaço" dentro de nós, um "espaço" que não poderá mais ser reivindicado ou influenciado pela nossa mente natural nem controlado pelas vozes da sociedade, um "espaço" espiritual, no qual todas as virtudes que nos são necessárias para um pleno desenvolvimento poderão se desenvolver e expandir gerando abundância de boas obras e frutos de justiça em nossos pensamentos, sentimentos, emoções, palavras e ações; tanto voltadas a nós mesmos quanto direcionadas a todos os que nos rodeiam.

Muitos indivíduos não estão conseguindo ter pleno desenvolvimento espiritual porque ainda não se deram conta dessa simples mudança de paradigma, mas quando reconhecerem e se tornarem conscientes disso, toda a relação e interação com a existência será aperfeiçoada, de modo que será apenas uma questão de tempo para que a vida que eles são passe a fluir com toda a intensidade através deles alcançando e abençoando todos ao redor, das mais variadas maneiras; exatamente como aconteceu com os apóstolos e como foi demonstrado pelos exemplos do próprio Jesus.  

     

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