“Há...Tempo de calar e tempo de
falar...” Eclesiastes 3.7b
Há uma verdadeira multidão de pessoas,
bilhões, pelo mundo, e mesmo dentro de congregações, que têm tido enorme
dificuldade de controlar a própria língua, e por esse motivo estão sempre vivendo de
maneira confusa, conturbada; sempre falando demais e em momentos inoportunos;
assim, ficam expostos e vulneráveis às artimanhas do próprio Ego, do espírito
do mundo e da sociedade, pois esses três usam as palavras dos indivíduos contra
eles mesmos para lhes causar todo tipo de sofrimento. Parte dessas pessoas até
sabe que deviam falar menos, pois como está escrito em Provérbios 13.3: "O
que guarda a sua boca conserva a sua alma, mas o que muito abre os lábios tem
perturbação."; o problema é que eles não conseguem guardar a própria
boca porque não percebem que ela é apenas um reflexo da mente deles que
também está constantemente "falando" sem parar. Uma vez que aprendam
a "calar" a própria mente perceberão que a boca
também será silenciada de maneira espontânea.
Calar significa ficar em silêncio; mas
por que isso seria importante para nós?
Porque toda a cacofonia ensurdecedora
da sociedade está deixando a mente das pessoas cada vez mais doente e a vida
deles extremamente debilitada, sem que percebam. Muitos indivíduos,
sem ter a devida consciência, estão permitindo que sua mente "fale" tanto, e
faça tanto estardalhaço, que já estão necessitando de ajuda psicológica e
tratamentos à base de medicamentos para conseguir algum alívio mínimo; outros,
na tentativa desesperada de anestesiar a própria mente faladora e barulhenta,
para tentar ter algum sossego interno, acabam caindo em vícios como o álcool, a automedicação e o uso de outras drogas entorpecentes.
E por que isso está acontecendo?
Porque uma das maiores dificuldades do
indivíduo moderno, seja ele homem, mulher; adulto ou criança; nesse novo
século, é a dificuldade de cultivar o silêncio como parte do
cotidiano. Vivemos submersos em uma sociedade cada vez mais ruidosa na qual o
silêncio, não só tem sido deixado completamente de lado como também está sendo
completamente “marginalizado” como se fosse uma fraqueza pessoal ou uma
anomalia da natureza; e toda essa violência sonora que nos rodeia está afetando
o funcionamento da mente humana como nunca antes, na verdade, é bem pior do que isso, pois está afetando o funcionamento do próprio cérebro das pessoas.
Atualmente todos querem falar, todos querem opinar, todos querem discutir, todos querem protestar, todos querem gritar, todos querem fazer o máximo de barulho que conseguirem, e quase ninguém, mesmo dentro de congregações, quer permanecer em silêncio; mas veja o que o texto de Provérbios 17.27 ensina a qualquer um que deseje aprender: "Retém as suas palavras o que possui o conhecimento, e o homem de entendimento é de precioso espírito."; em outras palavras, o que esse versículo está revelando é que os sábios cultivam um espírito silencioso; ou seja, um espírito no qual não há nenhum tipo de ruído ou falação.
Por outro lado, muitos possuem o espírito completamente afetado pela fúria sonora e frenética da sociedade e do próprio Ego, de modo que mesmo quando estão orando, não param de falar nem um minuto sequer, eles despejam "toneladas" e mais "toneladas" de palavras aleatórias no ar e são incapazes de ficar um único momento em silêncio com um espírito pacífico e a mente contemplativa, apreciativa e "meditativa", apenas ponderando no coração sobre as revelações que Deus tem dado a eles. Ao contrário, tudo o que eles querem é que Deus os ouça indefinidamente em suas tagarelices frenéticas e infantis, mas se recusam a fazer silêncio para ouvir o que o Altíssimo tem a dizer para eles; mas veja o que foi ensinado em Eclesiastes 5.1-2; que diz: "Guarda o teu pé, quando entrares na casa de Deus; e inclina-te mais a ouvir do que a oferecer sacrifícios de tolos, pois não sabem que fazem mal. Não te precipites com a tua boca, nem o teu coração se apresse a pronunciar palavra alguma...". Infelizmente a maioria das pessoas ainda não conseguiu captar a profundidade desse versículo.
Cristãos legítimos sabem que uma oração
saudável consiste em uma via de mão dupla, na qual nós falamos, clamamos,
suplicamos, agradecemos, louvamos, mas também revezamos esses momentos com momentos de silêncio nos
quais nosso espírito permanece atento e quieto, assim como a nossa mente e coração permanecem plenamente
abertos para receber os "insights" (entendimentos)
que costumo chamar de "Teofanias", ou seja, as inspirações
provenientes do Espírito de Deus e que testificam diretamente com o nosso
espírito. Se só nós falarmos todo o tempo, se não colocarmos momentos
estratégicos de silêncio em nossa prática espiritual, estaremos bloqueando uma
parte importantíssima da oração, eis um dos motivos de tantas pessoas orarem
constantemente e continuarem sempre perdidas, confusas e (segundo elas mesmas
dizem) "sem resposta".
Os sábios compreendem que o silêncio é
uma das melhores "ferramentas" que possuem para cultivarem uma mente
saudável, mais clara, lúcida, assim como, um coração com emoções adequadamente
controladas e um espírito em plena sintonia com o SENHOR; eles sabem que o
silêncio é fortalecedor e revigorante para a mente na medida em que os permite
contemplar, ouvir e refletir, com calma e profundamente, tanto sobre a vontade
e os ensinamentos de Deus para nossa vida como também sobre tudo o que nos
rodeia.
E por que as pessoas não conseguem
cultivar o silêncio?
Porque por estarem tanto tempo
envolvidos com os padrões da sociedade, tiveram a mente alterada sem perceber.
Alterada como?
A humanidade ficou viciada em todo o
ruído frenético produzido pela sociedade de modo que isso contaminou a mente
das pessoas e a está tornando neurótica; isso significa que eles estão perdendo
a capacidade de silenciar a própria mente quando necessário, a mente se apoderou
deles e ela está sempre repleta de vozes falando, gritando, desejando,
pedindo, chorando, ambicionando, temendo, ofendendo, murmurando, discutindo, duvidando e
etc...; tais vozes surgem na forma de pensamentos turbulentos e descontrolados
que nunca cessam; pelo contrário, vão acelerando cada vez mais, pois estão
sendo alimentados por toda a cacofonia alucinada da sociedade ao nosso redor e
por sutis impulsos do espírito do mundo.
Como todos os pensamentos dessas
pessoas se resumem a uma grande falação vertiginosa de vozes e sons
desencontrados, tais indivíduos estão ficando cada vez mais fracos mentalmente,
sua força de vontade está perdendo a consistência e sua motivação se desfaz
muito rapidamente porque sem o silêncio mental não há espaço para que o cérebro
possa realmente usufruir de um repouso revigorante e fortalecedor.
Esse é o perfil de grande parte das
pessoas atualmente; eles são atormentados (e até assombrados) pelo barulho
estrondoso e ensurdecedor dos próprios pensamentos, dia e noite; dentro da
mente deles há uma grande confusão de vozes todas gritando ao mesmo tempo sem
parar, lá estão o medo, o sucesso, o fracasso, o desespero, o desejo, a
angústia, a tristeza, a alegria, o entusiasmo, a ambição, a paixão, a vaidade e
muitíssimas outras, discutindo entre si e tornando o interior das pessoas em um
verdadeiro caos, exatamente como o espírito do mundo espera que aconteça. Se
tal individuo não aprender a cultivar o silêncio, na mente e na vida, de forma
estratégica, jamais terá paz verdadeira, e sem paz não terá condições de ser
realmente pleno e feliz.
A sociedade está induzindo as multidões
a estarem cada vez mais ativas, cada vez mais aceleradas, cada vez mais
produtivas, cada vez mais "multitarefa", assim sendo, naturalmente a
humanidade está produzindo cada vez mais ruído externo e interno; isso leva o
cérebro das pessoas a uma superexposição a todo tipo de estímulos e isso está
fazendo com que o cérebro viva sempre no limite (e às vezes, até, além do
limite) sem que consiga repousar adequadamente, o problema é que uma das
características mais marcantes do nosso cérebro é a capacidade que ele tem de
se adaptar, a chamada neuroplasticidade, logo, ele se adapta a essa superexposição a informações e estímulos
diversos (bons e ruins) e esse nível extremo de operação cerebral se torna o
padrão, ou seja, o extremo se torna o "novo normal"; é claro que isso
não é saudável e vai produzir vários efeitos colaterais, desvios, distorções e
doenças; eis um dos motivos pelo quais muitos estão sentindo os efeitos de uma
mente apressada, pressionada, compulsiva, hiperativa, distraída, insone,
preocupada, com problemas de memória, disfuncional, irritada, emocionalmente
instável, e muito mais. Como tais indivíduos não cultivam momentos
para "calar a mente", ou seja, momentos de silêncio
mental, é como se o cérebro deles estivesse sempre ligado na "voltagem
máxima" 24 horas por dia, 7 dias por semana, pois mesmo quando dormem, seu
sono é turbulento, seus sonhos são agitados e não há o descanso restaurador e revigorante que
deveria haver. Esse é o momento em que o corpo começa a sofrer as
consequências, às vezes drásticas, de uma mente que não sabe quando se calar.
A sabedoria nos ensina que há momentos
de falar e momentos de permanecer em silêncio (calar), como está registrado em
Eclesiastes 3.7b, e esse entendimento deve ser aplicado não apenas no que diz
respeito a nossas palavras, mas também, e principalmente, aos
nossos pensamentos; ou seja, há momentos em que devemos pensar de forma
vigorosa, lúcida e assertiva, mas há momentos em que devemos guardar um silêncio mental
profundo, são nesses momentos em que estaremos em contemplação, e apreciação
plena e absoluta, momentos nos quais estaremos acima dos nossos pensamentos,
totalmente no controle deles e não o oposto como é muito mais comum atualmente.
Para que a vida moderna não nos devore
completamente precisamos aprender a valorizar devidamente, e cultivar, momentos
de verdadeiro descanso mental com alguma regularidade (se possível diariamente),
e nesses momentos o silêncio funciona como um bálsamo revigorante e refrescante
para as estruturas neurais do nosso cérebro; estes são os momentos nos quais
nos desconectamos e desvencilhamos da cacofonia social fora e dentro de nós, de
modo a deixarmos nosso cérebro livre para "respirar" em paz e se
recuperar de todas as pressões que sofremos todos os dias.
Sem os momentos de silêncio não há descanso
mental verdadeiro, e sem esse descanso as pessoas perdem a capacidade de
apreciar a beleza da vida, e a grandeza da criação; perdem o contentamento, perdem o humor, perdem a
sensibilidade, perdem o equilíbrio, perdem a tranquilidade, perdem a conexão
com Deus, embora muitas vezes nem percebam. Uma mente cansada não consegue identificar oportunidades, não é capaz
de tomar boas decisões, torna-se muito mais suscetível às ilusões e
manipulações da sociedade, confunde a si mesma com o seu Ego, e não consegue
repousar na fé, no Amor e na Graça de Deus; porque sem o silêncio mental tudo
que resta é a turbulência sonora provocada pelo movimento incessante dos
pensamentos acelerados. A fé não floresce de maneira plena em uma mente
turbulenta, é por isso que o espírito do mundo tem tanto interesse em usar a
sociedade para produzir tão grande quantidade de ruído mental nas pessoas, pois
assim ele consegue sufocar a fé debaixo de toneladas de vozes (pensamentos)
desencontradas, conflitantes e alucinadas.
De fato, todo esse ruído ensurdecedor é composto pela inquietação dos sentidos por causa de questões pessoais, profissionais, familiares, sentimentais, financeiras, econômicas, políticas, religiosas, comerciais, consumistas e muitas outras cujo principal objetivo é estilhaçar a mente humana e fazer com que se distraiam tanto a ponto de não perceber que a própria vida está passando diante deles, aqui e agora, sem que a aproveitem devidamente; por isso também foi escrito em Jó 14.1 o seguinte: "O homem. nascido de mulher, é de bem poucos dias e cheio de inquietação.". Ou seja, tais pessoas estão vivas, mas não vivem; nem percebem que aquela sensação de que os dias, semanas e anos estão passando rápido demais é provocada pela quantidade absurda de barulho mental, gerada pela inquietação, que tem se acumulado dentro deles.
Os sábios aprendem a usar os momentos
de silêncio como uma maneira simples, mas extremamente eficaz, e poderosa, de educar e acalmar a
própria mente, eles aprendem a dizer aos próprios pensamentos o seguinte:
"Ok. Agora eu preciso de vocês, tenho de resolver isso ou aquilo.",
mas em outras ocasiões eles conseguem colocar seus pensamentos de lado,
extinguir todo o fluxo de ruído mental, e descansar; é como se dissessem aos próprios
pensamentos: "Agora eu não preciso de vocês, calem-se e
aquietem-se.". É assim que a mente deve ser adestrada para servir à
pessoa, e não o contrário como temos visto por toda parte.
O indivíduo, mulher ou homem, que sabe os momentos de calar a própria mente, ou seja, que cultiva com alguma regularidade a prática de estar mentalmente em silêncio terá sempre a sua disposição uma mente obediente, descansada, renovada, bem disposta, imaginativa, saudável, inabalável, e produtiva nos momentos certos; além disso, conseguirá manter-se imune aos efeitos colaterais tóxicos de toda a cacofonia ensurdecedora da sociedade, ou seja, não sofrerá com estresse e outras síndromes modernas; controlará e manejará a própria língua com maestria nos momentos oportunos; manterá seu espírito sempre em harmonia íntima com Deus, e sua vida se desenrolará em perfeita paz mesmo se estiver passando por grandes dificuldades.
Muito obrigada, Deus continue lhe dando sabedoria e força.
ResponderExcluirEstou me edificando em cada mensagem.
Oi Liliane!
ExcluirÉ com alegria que leio e respondo ao seu comentário. Obrigado por deixá-lo aqui.
Agradeço a Deus por você estar gostando dos textos aqui do blog.
Que a sua mente seja cada vez mais fortalecida pela maravilhosa Graça e pelo poderoso Amor de Deus que há em Cristo Jesus.
Grande abraço.
Seja feliz.😊💖