“Seja a vossa equidade notória a todos os homens...” Filipenses 4.5A

“Seja a vossa equidade notória a todos os homens...” Filipenses 4.5A

Como uma pessoa pode manifestar a equidade em sua vida de forma que seja notória a todos os homens?

Aquela recomendação bíblica registrada em Filipenses 4.5A se faz cada vez mais necessária para que exista uma diferença visível e verdadeira entre quem realmente conhece e serve a Deus e quem vive sob a influência do espírito do mundo. Portanto, para que qualquer um de nós possa manifestar a equidade, precisamos, primeiramente, compreender minimamente o que ela é, tal como já fizemos com a piedade.

E o que é a equidade?

Para explicar de modo bem simples e resumido, a equidade é um conjunto composto por 3 comportamentos básicos; são eles:

*Senso de justiça

*Retidão

*Imparcialidade

A verdade é que existem outros comportamentos que também podem ser agrupados no conjunto que forma a equidade, mas praticando os três citados acima, qualquer um que deseja viver o cristianismo plenamente será bem sucedido em se desenvolver nessa virtude; porém, é de suma importância que tal pessoa deve esforçar o coração para se aprofundar em praticar estes comportamentos, porque somente desta forma estará manifestando equidade diante de Deus e dos homens de maneira simples e intencional.

E como fazer isso?

Ao entender a divisão básica da equidade em suas três partes principais, podemos facilmente fazer um exame interior em nós mesmos para verificarmos se estamos praticando tais comportamentos satisfatoriamente, e caso não estejamos, saberemos exatamente onde precisaremos melhorar.

Todo cristão tem a equidade como uma das muitas virtudes básicas de sua vida e para que possam estar sempre em evolução, desenvolvem constantemente cada uma das partes que a compõe.

* Senso de justiça: Está escrito: "Bem-aventurados os que têm fome e sede de justiça, porque eles serão fartos." Mateus 5.6.

O que a bíblia chama de fome e sede de justiça é o mesmo que nós chamamos de senso de justiça; ou seja, as pessoas que possuem essa fome e sede são guiadas pela justiça, e a justiça é o que dá sentido na maneira como agem com Deus, com eles mesmos, com o seu próximo e com a sociedade. Todos os seus atos são baseados na justiça e por este motivo ela os acompanha durante toda a vida em todas as suas demandas e necessidades; é também por esse motivo que Jesus disse: "...eles serão fartos." Porque todo aquele que planta a justiça em seus pensamentos, palavras e ações sempre acabam sendo beneficiados por ela, ainda que muitas injustiças surjam durante a caminhada.

A justiça é a base da equidade, e neste ponto estou falando sobre justiça natural mesmo, ou seja, aquela que devemos nos esforçar para praticar como indivíduos e em sociedade. Proceder de forma justa para com todas as pessoas, mesmo com aquelas que nos tratam sempre com injustiças, é o princípio fundamental de uma vida em equidade; e principalmente, precisamos compreender que vingança não é o mesmo que justiça. 

* Retidão: Está escrito: "Pondera a vereda dos teus pés, e todos os teus caminhos sejam bem ordenados! Não declines nem para a direita nem para a esquerda; retira o teu pé do mal." Provérbios 4.26-27

Embora os três aspecto base da equidade estejam intimamente conectados, cada um deles possui também uma forma individual de serem praticados, e com a retidão não é diferente. Viver de forma reta é muito mais simples do que pode parecer e para que isso ocorra na vida de qualquer um é necessário que este manifeste e pratique cotidianamente algumas atitudes, que o afastem do mal, sem as quais ninguém pode dizer que possui um espírito reto. São elas: Não se envolver com falcatruas de nenhum tipo; zelar por sua honestidade, não querer levar vantagem sobre os outros; não negociar seus valores, talentos e dons em troca de favores ilícitos ou mesmo em troca de favores lícitos, mas imorais; não se aproveitar da boa fé ou da ingenuidade das pessoas; não usar, enganar nem manipular seu próximo de nenhuma maneira; não se deixar influenciar por toda maré social ou mesmo religiosa que surge de tempos em tempos e são opostas a fé genuína; não fazer do cristianismo apenas uma fonte de lucro pessoal e ganhos materiais, não compactuar com o mal que cada vez mais se fantasia de bem para ludibriar o maior número de pessoas possível, abominar toda forma de mentira e engano; não se assentar na roda dos escarnecedores e se afastar de toda a aparência do mal. Estas são as atitudes que mantém nosso caminho bem ordenados dia após dia e revelam um verdadeiro espírito reto diante de Deus, de modo que qualquer um que praticar tais coisas, sem dúvida, também servirá como exemplo de boas obras diante dos homens.

* Imparcialidade: Está escrito: "O que confia no seu próprio coração é insensato..." Provérbios 28.26A 

Se observarmos com cautela os diversos segmentos e grupos que compõem a sociedade poderemos perceber que muitas pessoas possuem algum "senso de justiça", porém não conseguem ser imparciais a ponto de perceber que a justiça que desejam praticar está completamente ligada ao seu modo particular de compreender as coisas, e voltada apenas para seu próprio benefício e favorecimento.

A imparcialidade nasce quando nossas decisões, opiniões e ações são materializadas deixando de lado tudo aquilo que o nosso coração absorve do ambiente exterior e diz para levarmos em consideração. Todo pensamento, todo sentimento, toda emoção, toda suposição, toda dúvida, toda pressão de terceiros e todo impulso precipitado de fazer justiça; ou seja, quando sufocamos os anseios de nossas vontades, desejos, sonhos, opiniões etc... E, nos posicionamos de maneira plenamente racional tomando como base e considerando apenas a verdade; só assim conseguiremos manifestar verdadeiramente a imparcialidade que quando praticada, por sua vez, gera justiça e manifesta sabedoria. Ou seja, ser imparcial é agir, falar e pensar sem ser influenciado pelas paixões que habitam no coração, nosso ou dos outros ao nosso redor. Um bom exemplo em que podemos ver todo esse processo acontecendo é naquela maravilhosa passagem descrita em João 8.1-11 na qual os escribas e fariseus queriam apedrejar uma mulher apanhada em adultério de modo que a levaram à presença de Jesus e ao apresenta-lá diante do Mestre citaram a lei de moisés para que Jesus decretasse o juízo de acordo com a lei e também de acordo com a vontade dos homens que queriam simplesmente matá-la por causa daquela transgressão; mas também desejavam, os escribas e fariseus, colocar a palavra de Cristo contra Ele mesmo, porque Jesus pregava dizendo: "...Eu sou o caminho a verdade e a vida..." João 14.6A, portanto, se decretasse juízo de morte contra alguém estaria negando a si próprio, pois como aquele que veio para dar vida poderia decretar a morte?

Mas Cristo é sábio, na verdade, Ele é a própria sabedoria. E está escrito: "Mas a sabedoria que vem do alto é, pura, depois, pacífica, moderada, tratável, cheia de misericórdia e de bons frutos, sem parcialidade e sem hipocrisia." Tiago 3.17  

Se jesus seguisse a pressão dos que estavam em volta, se Ele seguisse estritamente o que dizia a lei de moisés, se Ele se baseasse no que aqueles homens diziam ou no fato de que aquela mulher realmente havia sido pega em adultério, se Ele se precipitasse para fazer justiça, ou se Ele deixasse qualquer outra coisa penetrar em Seu coração naquele momento para influenciar Sua decisão, aquela mulher teria sido apedrejada até a morte diante de todos; mas Cristo em sua sabedoria firmou-se apenas na verdade, que é a Palavra de Deus, e que diz: "Desejaria eu, de qualquer maneira, a morte do ímpio? Diz o SENHOR JEOVÁ; não desejo, antes, que se converta dos seus maus caminhos e viva? Ezequiel 18.23. Jesus afastou tudo o que estava ao redor, e assim declarou com total imparcialidade uma sentença que resolveu a questão de forma magistral; registrada em João 8.7: "...Aquele que dentre vós está sem pecado seja o primeiro que atire pedra contra ela.".

Usei esta passagem bíblica para exemplificar a manifestação da imparcialidade porque conosco as coisas acontecem de forma muito semelhante, ou seja, comumente somos tentados a sermos parciais; por amigos, colegas, irmãos, congregação, parentes etc... Eles trazem-nos "fatos", argumentos, opiniões, sermões, informações, imagens, vídeos e toda gama de supostas provas, além daquelas que já possuímos em nosso próprio coração enganoso, para que tomemos uma posição ou uma decisão, tanto por palavras quanto por atos, que verdadeiramente não fará justiça, mas sim, e unicamente, aplacará os ânimos e desejos internos nossos mesmos ou dos outros que vem até nós tentando nos envolver em suas demandas, batalhas e contendas sem sentido.

Nestes momentos todo cristão verdadeiro fará exatamente como Cristo demonstrou naquela passagem da mulher; onde o Mestre, quando se pronunciou, de forma imparcial, firmado  sobre a verdade, acabou demonstrando sabedoria, gerando justiça para a vida dela e manifestando a equidade Dele diante de todos os escribas, fariseus e de tantos quantos estavam presentes.

Não devemos confiar nem mesmo em nós mesmos, pois como vimos: "O que confia no seu próprio coração é insensato..." Ou seja, os homens por si sós não são capazes de ser imparciais e tampouco de fazerem justiça por si mesmos, mas devemos extrair tal imparcialidade da Verdade e uni-lá à retidão de nossa vida e também à fome e sede de justiça que dá sentido a nossas ações para com todos. Dessa forma manifestaremos notoriamente diante de todos a virtude da equidade que beneficiará não só a nossa própria vida, mas principalmente a de todos aqueles cujas vidas cruzarem conosco.