“...Não ambicioneis coisas altas, mas acomodai-vos com as humildes...” Romanos 12.16

“...Não ambicioneis coisas altas, mas acomodai-vos com as humildes...” Romanos 12.16

Pare de confundir sucesso com excesso!

Não sei se você já percebeu a “mutação” que está acontecendo com as pessoas do mundo. Cada vez mais a sociedade está se mostrando mais ávida e voraz em absolutamente todas as coisas. As pessoas foram infectadas desde a infância com uma mentalidade megalomaníaca que prega que todo indivíduo deve desejar sempre o máximo que puder para que em todas as áreas da vida possa viver no extremo.

Provavelmente alguém já lhe disse em algum momento para você sonhar alto, pensar grande, querer mais, ter mais ambições e pedir muito; se olharmos a sociedade que nos cerca veremos claramente que para as pessoas que a compõem, “ter” já não é o bastante, nos dias atuais, segundo eles, é preciso “ter tudo ao extremo”, ou seja; ter dinheiro não é suficiente, eles desejam ter dinheiro ao extremo; ter posses não basta, eles desejam ter posses ao extremo; ter fama já não os satisfaz, pois eles querem ter fama ao extremo; ter sonhos é para os conformados e medíocres, eles ambicionam sonhos extremos; ter o bastante é para os fracassados ou derrotados, eles almejam ter tudo ao extremo. Estas pessoas reproduzem o mesmo pensamento quando se trata de status, poder, autoridade, prazer e tantas outras coisas que o espírito do mundo diz serem imprescindíveis para a vida em nossos dias.

Em Romanos 12.16, as magnificas palavras de Paulo foram colocadas lá para nos mostrar um nível de pensamento completamente oposto e mais elevado do que essa mentalidade mundana, perniciosa. Tal versículo bíblico nos revela a verdadeira maneira com a qual Deus quer que seus filhos e servos se relacionem com todas as coisas que os cercam, quando diz: “...Não ambicioneis coisas altas, mas acomodai-vos com as humildes...”. Ou seja, cristãos sabem que não precisam e não devem viver, ou procurar viver, no extremo de seus desejos, sonhos e ambições como os mundanos e religiosos fazem e tentam fazer todo tempo, pois viver no extremo de seus desejos, sonhos e ambições sejam financeiras, profissionais, físicas, mentais ou outras, vai destruir o equilíbrio que toda vida sadia deve ter para frutificar com excelência, além disso, vai matar toda visão do que realmente é importante para o cultivo da plenitude material e espiritual, da mesma forma que vai roubar a liberdade espiritual, física e mental (emocional e racional) que Cristo conquistou para todos aqueles que o reconhecem como único e verdadeiro SENHOR. 

Note que eu usei as palavras matar, roubar e destruir, porque estes são os únicos objetivos do espírito do mundo na vida de todas as pessoas, como está escrito: "O ladrão não vem senão a roubar, a matar e a destruir; eu vim para que tenham vida e a tenham com abundância." João 10.10. Perceba que ter uma vida abundante não é o mesmo que viver no extremo do acúmulo das posses, do dinheiro, dos bens de consumo, da fama, do status, da autoridade etc... Uma vida abundante é aquela onde há equilíbrio e liberdade de modo que as coisas que temos, assim como nossos sonhos, não nos sejam pesados, não nos aprisionem, nem nos consumam. Ou seja, nossos sonhos não precisam ser sonhos extremamente grandes, na verdade, nossos sonhos, metas e desejos precisam ser nossos, em primeiro lugar, porque o fato é que a maioria absoluta das pessoas está sonhando sonhos, assim como, ambicionando, traçando metas e objetivos que não são realmente deles, mas foram plantados e implantados dentro deles, desde cedo, tão profundamente que parecem que foram genuinamente gerados em seu interior, mas não foram.

O espírito do mundo é um ilusionista megalomaníaco que gera sonhos, desejos e ambições viciantes e gigantescas, em uma velocidade alucinante, e faz com que as pessoas os assumam e acreditem que tais coisas são provenientes delas mesmas, ou pior, faz com que acreditem que é a vontade de Deus. Lembre-se da passagem bíblica em que Jesus foi tentado pelo diabo; está escrito: "Novamente, o transportou o diabo a um monte muito alto; e mostrou-lhe todos os reinos do mundo e a glória deles. E disse-lhe: Tudo isso te darei se, prostrado, me adorares..." Mateus 4.8-9. Se analisarmos estes dois versículos segundo a ótica do que estamos estudando aqui, poderemos ver claramente que o espírito do mundo (diabo) estava agindo exatamente do mesmo jeito com Cristo, ou seja, o inimigo queria induzir Jesus a pensar absurdamente grande, a sonhar extravagantemente alto, segundo os padrões terrenos, em ter o poder e a glória de todos os reinos mundanos; exatamente como tem feito, com sucesso, na vida de multidões nos dias de hoje, fora e dentro de congregações, fazendo-os sonhar alto e pensar grande segundo a visão das glórias sociais.

A diferença óbvia é que o Mestre, Jesus, sabia muito bem que a grandeza de um sonho, objetivo ou pensamento não é medida pela quantidade de dinheiro, poder, status, fama, posses, bens ou afirmação social que ele é capaz de gerar (essa é a visão mundana); a visão cristã, que foi aquela demonstrada e ensinada tanto por Cristo quanto pelos apóstolos, mostra que a grandeza de um sonho, pensamento, objetivo etc... está no fato deles serem genuinamente gerados dentro de nós pelo próprio Deus, e não plantados; independentemente de se as pessoas ou a sociedade vão achar grande ou pequeno. A grandeza de nossos sonhos, objetivos e metas reside em como eles podem nos transformar, a cada dia, em pessoas melhores, mais humildes, mais pacíficas, mais amorosas, assim como ajudar a transformar aqueles que estiverem ao nosso redor, mesmo que, segundo os olhos do mundo (sociedade), isso não nos gere qualquer dinheiro, posses, bens, status, poder etc... Sonhos grandes não engrandecem o homem; são os sonhos nobres que fazem isso.

Voltando a Romanos 12.16, está escrito: "...mas acomodai-vos com as (coisas) humildes...”. Lembre-se que ser humildade é ter um coração disposto e inclinado a servir os outros; como foi dito em Lucas 22.26: "O maior entre vós seja como o menor; e quem governa como quem serve.". A humildade enobrece. Exatamente como Jesus e os apóstolos demonstraram em suas trajetórias registradas nas Escrituras Sagradas, portanto, nos acomodarmos com as coisas humildes é, simplesmente, não ter essa visão megalomaníaca do mundo (sociedade), mas sim os sonhos, desejos e objetivos que condizem com nossa estatura e chamado espiritual, assim como, voltados para servir e ajudar ao próximo, mesmo que eles estejam contra nós.

Tal como Cristo, Paulo e os outros apóstolos; os desejos dos cristãos têm mais a ver com construir uma vida simples, abundante, justa, moderada e sadia em todos os aspectos do que em viver sob os holofotes no extremo das glórias sociais.