"Porque onde há inveja e espírito faccioso aí há perturbação e toda obra perversa." Tiago 3.16
O que é esse espírito faccioso? Como ele se manifesta nas pessoas? Quais são as suas consequências no meio da sociedade?
Todo sentimento faccioso nasce a partir de algo mais profundo e completamente ignorado pelas multidões, uma terrível armadilha da carne humana que tem se tornado cada vez mais forte através dos séculos e produzido efeitos devastadores em todas as partes da terra.
Quase todas as pessoas que fazem parte das mais de sete bilhões de almas que habitam o planeta estão presas nessa armadilha da carne humana chamada dualidade; de fato, a mente humana em seu estado natural só consegue pensar, sentir, falar e agir a partir de uma posição em que use a dualidade como base para praticamente tudo, porém, qualquer indivíduo que tenha, verdadeiramente, ao menos começado a se libertar da influência condicionada e nociva que a nossa própria mente carnal exerce sobre nós logo notará que a dualidade que rege toda a sociedade não passa de mais uma das ilusões do espírito do mundo, potencializada pelo Ego que há em cada ser humano.
Somente quando compreendemos e nos tornamos conscientes de que toda a dualidade social é uma ilusão é que finalmente conseguimos ver e perceber claramente todas as artimanhas do espírito do mundo que têm manipulado a mente, a voz, as ações e toda a vida de grande parte da população mundial, mesmo dentro das mais diversas congregações, induzindo-os para que espalhem as sementes da confusão, das contendas, da polarização, das guerras e do próprio caos.
Todo o sistema social no qual estamos inseridos desde a infância foi projetado e tem sido constantemente aprimorado, e refinado, para injetar e alimentar nas multidões o senso de dualidade; assim sendo, começamos desde muito cedo a "ver" toda a realidade de maneira completamente distorcida.
Mas o que é esse senso de dualidade?
É essa concepção social vaga e nebulosa de que a vida se resume sempre a um embate entre "NÓS" contra "ELES".
Isso faz com que cada indivíduo passe a construir toda a sua mentalidade, percepção e identidade social com base na forma fragmentada com a qual a dualidade nos induz a fazer. A mente natural, ou seja, governada pela dualidade, funciona dividindo tudo, das mais diversas maneiras, em seguida escolhe um lado para si; assume que esse lado corresponde ao bem, enquanto passa a considerar que o outro lado, ou lados, que não estejam de acordo com sua visão de mundo, correspondem ao mal. Assim têm início todo tipo de atritos entre as mais diversas facções sociais que foram geradas por essa dualidade mental da humanidade; direita contra esquerda; religiões contra outras religiões; capitalistas contra socialista; flamenguistas contra vascaínos; partidos contra outros partidos; minimalistas contra consumistas; "ricos" contra "pobres" (e vice-versa); países contra outros países; congregações contra outras congregações; denominações contra outras denominações; e assim por diante. Toda a sociedade moderna está infectada pelo veneno mortal destilado pela dualidade da mente humana.
O fato é que ninguém cuja mente esteja funcionando sob a influência da dualidade psicossocial conseguirá edificar uma vida pacífica internamente, em seu próprio espírito, no trato consigo mesmo, nem tampouco externamente, em sua relação com os que estiverem ao redor; e é justamente isso o que o espírito do mundo deseja, pois ele sabe que, como está escrito em Mateus 5.9: "Bem aventurados os pacificadores, porque eles serão chamados filhos de Deus.". Ou seja, ao semear e fomentar a dualidade nos indivíduos, e na sociedade, o espírito do mundo está, na verdade, roubando a paz interior e exterior dos indivíduos, e com isso, criando uma grande separação entre o ser humano e Deus para que não se tornem seus filhos.
A dualidade mental é uma espécie de "doença", um distúrbio herdado do pecado original; tal disfunção transforma a mente de qualquer pessoa em uma máquina de produzir divisões e facções dos mais diversos tipos, sociais, culturais, econômicas, políticas, religiosas, desportivas, étnicas, e muitas outras. Eis um dos motivos principais de a sociedade atual estar se afundando cada vez mais em perturbações, polarização, conflitos intermináveis e caos; pois como o texto de Mateus 12.25 deixa claro: "Todo reino dividido contra si mesmo é devastado; e toda cidade, ou casa, dividida contra si mesma não subsistirá.".
Cristãos verdadeiros entendem que não devemos fazer parte de nenhuma dessas facções ou sub-facções da sociedade nas quais as vozes, agentes e forças sociais do espírito do mundo tentam nos encaixar, ao contrário, pois como está escrito em Efésios 6.12: "...Não temos que lutar contra carne e sangue, mas, sim, contra os principados, contra as potestades, contra os príncipes das trevas deste século, contra as hostes espirituais da maldade, nos lugares celestiais.". Em outras palavras, a batalha dos verdadeiros cristãos não é social, não é política, não é religiosa; a batalha dos cristãos genuínos não é contra pessoas, mas sim contra as influências dissimulada, as manipulações, mentalidades, fantasias e ilusões do espírito do mundo no meio da coletividade, e no âmago dos indivíduos, que os têm tornado em escravos hipnotizados pelo senso comum e pelo status quo, assim como, manipulados pelas forças do caos.
Quando confrontamos as pessoas criamos todo tipo de divisões; e:
Enquanto houver divisão no nosso meio o espírito do mundo sempre terá controle sobre nós, não importa quantos sinais e maravilhas sejam operadas na nossa vida ou por nossas mãos;
Enquanto houver divisões, estaremos sendo sempre manipulados;
Enquanto houver divisões, estaremos sempre fracos, mesmo quando nos sentimos, ou quando todos dizem que estamos fortes;
Enquanto houver divisões seremos sempre derrotados; ainda que socialmente não pareça.
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