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“Melhor é o pouco com temor do SENHOR do que um grande tesouro onde há inquietação.” Provérbios 15.16

 


“Melhor é o pouco com temor do SENHOR do que um grande tesouro onde há inquietação.” Provérbios 15.16

Será que é realmente possível alguém viver bem com pouco?

A verdade é que todas as estruturas da sociedade foram concebidas e funcionam de maneira a nos convencer de que só é possível viver bem com muito, seja lá do que for; assim sendo, boa parte da humanidade tem devotado a vida cada vez mais à aquisição e o acúmulo de absolutamente tudo o que há disponível na sociedade, pois praticamente todas as fontes de informações tradicionais disponíveis ao nosso redor, desde instituições de ensino, empresas e congregações, até televisão, rádio, internet, mídias sociais e outras, parecem estar repetindo sempre o mesmo mantra hipnótico que diz que a vida de qualquer um só será boa e bem aproveitada se tal pessoa se dedicar inteiramente a obter muito dinheiro, muitas roupas, muitos acessórios, muitos eletrodomésticos, muitos eletrônicos, muitos sonhos de consumo diversos, muitas viagens, muitos passeios, muitos troféus sociais e etc... Algo que a Escritura Sagrada ensina claramente que não é verdade quando afirma o que foi escrito em Lucas 12.15, que diz: "A vida de qualquer não consiste na abundância do que possui.". Porém, na prática, o que as pessoas que têm procurado viver segundo esse mantra da sociedade estão sentindo ao acumular muito de tudo não é a felicidade, a plenitude e o equilíbrio que o espírito do mundo prometeu que sentiriam, mas sim uma grande, e cada vez maior, inquietação, que está tornando a vida deles gradativamente mais pesada, sobrecarregada, confusa, e estranhamente vazia, mesmo com a quantidade absurda de coisas que eles possuem e estão entesourando.

O que tais pessoas não sabem, e o espírito do mundo não faz nenhuma questão de revelar, é que o principal objetivo da nossa sociedade de consumo não é produzir satisfação duradoura em ninguém, mas sim alienar os indivíduos alimentando neles uma profunda sensação de que estão terrivelmente incompletos, ou seja, para eles sempre haverá um sentimento agudo, embora subliminar, de que algo está faltando na vida. Dessa forma o espírito do mundo consegue influenciar tais pessoas facilmente para que tentem completar a si mesmos, e seus vazios existenciais, através da aquisição e o acumulação de ainda mais coisas e experiências que a sociedade diz que foram feitas para nos tornar completos.

As vozes do espírito do mundo na sociedade e nas congregações estão sempre dizendo coisas como:

* Sua vida será melhor e completa se você tiver muito dinheiro;
Sua vida será melhor e completa quando você acumular e ostentar muitos símbolos de status sociais;
Sua vida será melhor e completa quando você liderar muitas pessoas;
* Sua vida será melhor e completa quando você adquirir muitos sonhos de consumo;
* Sua vida será melhor e completa quando você realizar o seu grande sonho de vida;
Sua vida será melhor e completa quando você vencer muitas batalhas;
* Sua vida será melhor e completa quando você for seguido ou venerado por muitos;
Sua vida será melhor e completa se você visitar muitos lugares no exterior;
Sua vida será melhor e completa se você conseguir muita fama e, ou, poder;
* Sua vida será melhor e completa quando você tiver muito conhecimento;
*Sua vida será melhor e completa quando você demonstrar a todos que possui muita fé;
E assim por diante.

Infelizmente, as pessoas que dão ouvidos a essas vozes acabam acreditando na ilusão sedutora que elas criam de que se conseguirem adquirir muito de todas essas coisas, ou pelo menos o máximo delas que puderem, estarão, de alguma maneira, de posse de uma espécie de tesouro social que as distinguirá dos outros que não conseguirem juntar tais tesouros em muita quantidade; assim, os indivíduos passam a correr atrás desses muitos tesouros sociais em uma corrida alucinada, vertiginosa, frenética e desesperada, como se estivessem sempre em busca de um pote de ouro no final do arco-íris. Mas foi para nos poupar de passar toda a vida envolvidos nessa louca "corrida do ouro", que obviamente gera muito desgaste e sofrimento físico, mental e espiritual, que o Espírito de Deus nos ensinou o que foi escrito em Mateus 6.19, que diz: "Não ajunteis tesouros na terra, onde a traça e a ferrugem tudo consomem, e os ladrões minam e roubam.".

Eis uma das grandes diferenças que caracterizam as pessoas do mundo e os cristãos verdadeiros. Enquanto os mundanos, assim como muitos pseudo-cristãos, desenvolvem uma profunda inquietação devoradora que os faz perseguir muito de tudo, todo o tempo; os verdadeiros cristãos seguem uma linha de pensamento oposta que demanda bem menos esforço para construir uma vida plena (completa) e significativa em todos os sentidos, que produz sobre eles mais satisfação, assim como, uma intensa sensação de autonomia e liberdade física, mental e espiritual.

E que linha de pensamento é essa?

É exatamente a revelada no maravilhoso texto de Provérbios 15.16, que diz: "Melhor é o pouco com temor do SENHOR do que um grande tesouro onde há inquietação.". O fato é que os cristãos legítimos sabem que o que a Escritura Sagrada chama de viver com pouco não significa, em hipótese alguma, passar necessidade ou viver na miséria; na verdade, para os cristãos, o viver com pouco significa apenas não abraçar essa cultura dos excessos, exageros e extravagâncias de consumo de bens e serviços que impera na sociedade e cativou a mente de multidões, até mesmo em muitas congregações.

Viver com pouco é, portanto, uma forma melhor de lidar com a nossa existência no que se refere ao nosso cotidiano social e maneira de consumir qualquer bem, experiência ou serviço; uma vez que nos faz adquirir apenas o que nos é necessário e realmente útil para construir e manter nossa vida de maneira adequada, equilibrada, saudável, alegre e produtiva em todos os aspectos. O "pouco com temor do SENHOR" ao qual o versículo se refere significa ter mais do que o suficiente para vivermos com conforto, dignidade e abastança a ponto de sobrar para podermos poupar, investir e ajudar outras pessoas, mas sem permitir que haja excessos, exageros e extravagâncias de qualquer tipo, pois onde há essas coisas não há temor do SENHOR.

E por que não há temor do SENHOR aonde existe excessos, exageros e extravagâncias?

Por um motivo muito simples. Todas essas coisas são geradas a partir da vaidade humana e, como tal, produzem todo tipo de desperdícios de recursos como a nossa atenção, dinheiro, tempo, saúde, esforço, talentos, dons e todos os elementos que possuímos e deveriam ser utilizados visando sempre um fim realmente proveitoso; além disso exageros, excessos e extravagâncias acabam sempre incitando diversas ostentações e megalomanias. 

Quando percebemos o verdadeiro significado, a essência, do que a Escritura Sagrada chama de viver com pouco (viver sem exageros, extravagâncias, excessos, ostentações, desperdícios) compreendemos que é muito melhor viver assim porque dessa maneira ficamos livres de toda a violenta inquietação social que está arrastando multidões de um lado para o outro e até deformando a fé de vários indivíduos, membros e líderes de congregações.

Uma das grandes verdades que o espírito do mundo sempre fará de tudo para esconder das pessoas é o fato de que nós não precisamos de muito dinheiro para viver bem; nós não precisamos de muitas roupas, acessórios, objetos e tesouros sociais para viver bem; nós não precisamos de muita fama, status ou poder para vivermos bem; nós não precisamos realizar muitos sonhos para viver bem; não precisamos vencer muitas batalhas para viver bem (só as cruciais); não precisamos liderar muitas pessoas para vivermos bem; em resumo, nós definitivamente não necessitamos correr atrás dos "potes de ouro no fim do arco-íris". De fato, é muito melhor termos apenas porções adequadas de tais coisas do que uma quantidade muito maior do que podemos lidar de maneira saudável.

Note, entretanto, que ao declarar que "Melhor é o pouco com temor do SENHOR do que um grande tesouro onde há inquietação.", a Escritura Sagrada não está proibindo ninguém de fazer fortuna, mas está apenas demonstrando a maneira mais saudável de nos comportarmos na vida no que se refere a todas as coisas que consumimos, quer sejam bens materiais, experiências ou serviços; assim, com a mentalidade devidamente educada e bem preparada nesse sentido, mesmo que você consiga, pelo seu trabalho, fé, e sabedoria, gerar grande fortuna, tal fortuna não lhe trará nenhuma inquietação mental, não produzirá ilusões e não será fruto de vaidades, logo, você não será escravo(a) de nenhum excesso, exagero, extravagância, desperdício, ostentação e saberá utilizar bem todas as coisas e recursos que possuir para a construção de uma existência bem ajustada e benéfica para si e para aos que estiverem ao seu redor. 

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