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“Porque, para Deus, não há acepção de pessoas.” Romanos 2.11

 



“Porque, para Deus, não há acepção de pessoas.” Romanos 2.11

Um dos principais vícios sociais que mais tem influenciado os indivíduos e impedido que eles se conectem de forma verdadeira, como comunidade, para gerar real desenvolvimento humano para a sociedade como um todo é o vício mental que as pessoas têm de fazer acepção umas das outras.

De fato, fazer acepção entre pessoas é algo que se tornou tão comum, tão corriqueiro, na sociedade que muitos nem mesmo percebem que estão pensando e agindo dessa maneira. Até mesmo muitas congregações adotaram essa prática viciosa, e, sem se dar conta, começaram a pregar que tal maneira de pensar e agir seja replicada na vida de membros e líderes com uma naturalidade assombrosa.

No sentido mais amplo e conhecido, a expressão "fazer acepção de pessoa" significa tratar alguém de forma preconceituosa, separando e discriminando indivíduos maldosamente por causa de coisas como religião, nacionalidade, regionalidade, gênero, cor da pele, ideologia política e muito mais; porém, nesse texto vou abordar uma forma mais sutil, e, ilusoriamente, menos ofensiva, que a sociedade tem ensinado os indivíduos dentro e fora de congregações a fazer acepção de pessoas sem se sentirem mal por pensar, falar e agir assim.

Mas como isso é possível? Você pergunta.

Fazer acepção de pessoas também significa dividir os indivíduos em grupos ou categorias sociais distintas, dando mais valor a alguns desses grupos e menos a outros, baseando-se unicamente em "critérios" de status social. Deixe-me dar um exemplo simples e claro para ilustrar a forma como o espírito do mundo ensinou as pessoas na sociedade a pensar. Responda a pergunta abaixo:

Quem é mais importante na nossa sociedade, um médico ou um gari (varredor de rua)?

Se você foi sincero(a) ao ler essa questão, então notou que em algum lugar no seu interior uma pequena voz respondeu "Médico"; logo que você terminou de ler. Sim, essa foi uma pergunta feita justamente para mostrar que a maioria absoluta das pessoas, no fundo, está acostumada a fazer acepção social entre pessoas achando que alguém é mais importante socialmente do que outrem. Se você, realmente, não notou essa pequena voz em seu interior, parabéns, pois você faz parte de uma minoria cada vez menor, porque em muitos indivíduos, multidões, mesmo dentro de congregações, essa voz não é pequena, mas sim uma grande exclamação insensata.

Por padrão, a nossa sociedade tende a achar que determinadas pessoas ou grupos de pessoas são mais importantes, mais valiosos, e até, mais necessários, do que outros. É óbvio que a maioria dos indivíduos que pensa assim vai negar e dissimular tal mentalidade, disfarçando-a o máximo que conseguirem para que não fique claro aos olhos de todos ao redor que eles pensam que "Esse vale mais do que aquele.".

E por que pensar assim é tão ruim?

Porque essa forma de ver as coisas cria, sustenta, intensifica e aprofunda todo tipo de divisões sociais de modo que cada grupo passa a se importar apenas consigo, ignorando as necessidades dos demais, e reclamando sobre si o direito de receber cada vez mais valor e reconhecimento social, principalmente na forma de mais dinheiro e status; e, por vezes até, tais grupos entram em rota de colisão uns contra os outros gerando confrontos sociais completamente desnecessários. Tais pessoas não sabem, mas estão fazendo parte de um grande e pernicioso esquema do espírito do mundo que visa unicamente dividir a sociedade em estilhaços cada vez menores para que ela se enfraqueça de dentro para fora até ao ponto que se esfacele completamente produzindo uma quantidade insuportável de angústias e dores físicas, mentais e até espirituais para todos; como está escrito em Mateus 12.25, que diz: "Todo reino dividido contra si mesmo é devastado...". Qualquer um minimamente lúcido sabe que o que a sociedade realmente precisa para permanecer equilibrada e favorável a todos é de unidade e não de divisões.

Note que quando falo de unidade não estou dizendo que todos devem ser médicos ou todos devem ser garis, nem qualquer outra ocupação; o que estou dizendo é que uns sejam médicos, outros sejam garis, outros sejam professores, vendedores, arquitetos, motoristas, empresários, pintores, etc... Mas que todos parem de pensar que esses ou aqueles são superiores aos outros. Espero em Deus que você esteja compreendendo a essência do que estamos conversando aqui.

E que essência é essa?

Que uma sociedade realmente saudável, assim como uma congregação verdadeiramente saudável, é aquela que sabe que não há pessoas nem grupos mais importantes do que outros; de fato, a suposta importância de tais pessoas ou grupos não passa de uma ilusão criada pelo espírito do mundo para aprisionar a mente das multidões.

Cristãos verdadeiros sabem que:

Empresários não são mais importantes do que médicos;

Médicos não são mais importantes do que professores;

Professores não são mais importantes do que artistas;

Artistas não são mais importantes do que psicólogos;

Psicólogos não são mais importantes motoristas; 

Motoristas não são mais importantes do que vendedores; e etc...

Não há pessoas nem ocupações mais importantes do que outras, e toda tentativa de dar mais importância a algum grupo ou indivíduo em detrimento dos demais é uma maneira disfarçada e perniciosa de fazer acepção entre as pessoas.

Então alguém pode pensar: Se não há pessoas mais importantes do que outras, isso significa que ninguém é realmente importante para a sociedade?

Justamente o oposto. Isso significa que TODOS são igualmente importantes, cada qual desenvolvendo a sua função para que a sociedade funcione como um ecossistema harmônico e favorável para todos. Não devemos confundir as coisas achando que alguém é mais, ou menos, importante para a sociedade apenas porque é melhor, ou pior, remunerado, pois essa é a forma tola, vaidosa, materialista e facciosa de olhar a realidade, e como tal, causa diversas distorções na percepção dos indivíduos, levando-os, no médio ou longo prazo, ao sofrimento físico, mental e espiritual.

Infelizmente esse tipo de "visão" social distorcida já se instalou em diversas congregações de modo que tanto membros quanto líderes compartilham desse vício mental de achar que a profissão "A" é mais importante do que a profissão "B" apenas porque a sociedade atribui mais status e prestígio a "A". O fato é que se alguém diz ser cristão, mas ainda acha que determinados grupos são socialmente mais importantes do que outros, ou se acha a si mesmo mais importante do que seu próximo, unicamente em virtude da posição que ocupa, dos diplomas que possui, da alta remuneração a qual faz jus, por liderar uma congregação com mais membros ou por qualquer outra coisa; tal pessoa, no mínimo, ainda não compreendeu o verdadeiro cristianismo, pois se o próprio Deus Altíssimo, todo-poderoso, não faz qualquer tipo de distinção entre as pessoas, como o apóstolo Pedro revelou claramente em Atos 10.34, que diz: "...Reconheço, por verdade, que Deus não faz acepção de pessoas;". Então porque qualquer um de nós deveria acha que pode fazer tal coisa?

Enquanto a sociedade (ou nós) pensarmos que há pessoas, ocupações, profissões, mais importantes do que outras, nunca alcançaremos nosso pleno potencial de desenvolvimento, físico, mental e espiritual, tanto individualmente quanto coletivamente, ficaremos sempre estagnados, sendo alimentados por migalhas de desenvolvimento esporádico, que no longo prazo nos tornarão inconscientemente estéreis em todos os sentidos, como sociedade, como congregação e como indivíduos; e, esse é justamente o plano do espírito do mundo para a humanidade.

Por outro lado, Deus espera que os cristãos genuínos sejam capazes de perceber e se desvencilhar desse conceito social vicioso, deixando de fazer acepção de pessoas em todos os sentidos, assim como inspirando outros indivíduos para que façam o mesmo, pois esse é o caminho capaz de levar a todos, mesmo com tantas diferenças, a uma unidade social nunca experimentada antes que proporcionará benefícios conjuntos de grande magnitude sobre toda a sociedade. 

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