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“Ao que te ferir numa face, oferece-lhe também a outra.” Lucas 6.29

 


“Ao que te ferir numa face, oferece-lhe também a outra.” Lucas 6.29


Como saber se alguém é espiritualmente forte? E como saber se você é espiritualmente forte?


Um dos traços mais marcantes do caráter das pessoas espiritualmente fortes é a capacidade mental que eles têm para assimilar, de forma pacífica, todo tipo de ataques e agressões, verbais e físicas, que são lançadas sobre eles, sem reagir como os agressores esperam que façam, ou seja, sem revidar.


Quando Jesus proferiu as magníficas palavras registradas em Lucas 6.29, o que Ele queria dizer era: Sejam fortes, não se deixem atingir nem reajam às provocações e aos ataques maliciosos que as pessoas do mundo vão lançar sobre vocês, ao contrário, nessas ocasiões, demonstrem toda a força, perfeitamente equilibrada, de um espírito pacífico.


E por que nosso Mestre queria nos ensinar tal entendimento?


Porque pessoas com o espírito pacífico são conhecidas como filhos de Deus; como o próprio Cristo declarou em Mateus 5.9, ao dizer: "Bem-Aventurados os pacificadores, porque eles serão chamados Filhos de Deus.".


E como isso pode ser aplicado em nossa vida diária?


Todos nós estamos vivendo em um contexto social no qual as pessoas se afeiçoaram, e alguns até se viciaram, em criticar violentamente, provocar, ofender e agredir seus semelhantes dando como "motivo" para tais comportamentos nada além de justificativas vazias e sem qualquer sentido racional. Atualmente algumas pessoas acreditam que têm o direito de provocar, xingar, ofender, menosprezar, discriminar e atacar os outros, de todas as maneiras, apenas porque os alvos dos ataques pensam e vivem de forma diferente em comparação com a deles, ou seja, na sociedade mundana, tais pessoas se ocupam de criticar e atacar todo e qualquer um que não pertença aos seus grupos; se alguém torce para outro time, se professa outra religião, se descende de outro povo, se pertence a outra "classe social", se frequenta outra congregação, se gosta de outro estilo musical, se pratica outra filosofia de vida, se nasceu em outro lugar, se acredita em outra ideologia política; muito provavelmente tais questões serão usadas como ponto central de diversos ataques e provocações, que, naturalmente geram todo tipo de reações e contra-ataques que completam um ciclo que não serve para nada além de alimentar a animosidade, a raiva, a ira o ódio, a vingança, o rancor, e a aversão de parte a parte; pois o revidar é a mecânica da nossa natureza, como foi de certa forma observado pelo astrônomo, filosofo e teólogo Isaac Newton, quando concluiu que, na natureza, toda ação gera uma reação igual e contrária.


Não é preciso ser um gênio para perceber que, de certo modo, a terceira lei de Newton também afeta os seres humanos sustentando a corrente de provocações, críticas, ofensas e ataques entre as pessoas com posicionamentos sociais e visões de mundo diferentes.


Infelizmente, essa inclinação da natureza humana para provocar e ofender outras pessoas é uma fraqueza que também está presente em indivíduos dentro de congregações, membros e líderes, agindo exatamente como os mundanos, ou seja, de maneira infantil, imatura e tola, atacando, xingando (com xingamentos religiosos), ofendendo, criticando, provocando e fazendo todo o possível para ferir a honra tanto de outros membros e líderes de congregações como de outras pessoas e grupos da sociedade.


E falando em atingir a honra de alguém; é exatamente isso o que a expressão "Ferir a face" significa no contexto histórico do ensinamento de Jesus em Lucas 6.29, pois no passado, as formas mais graves de um homem ou uma mulher ter sua honra atingida e ser ferido(a) em sua posição social era ter sua face cuspida ou esbofeteada; agora você sabe porque as pessoas fizeram exatamente isso com Cristo, como descrito em Mateus 26.67, que diz: "Então, cuspiram-lhe no rosto e lhe davam murros, e outros o esbofeteavam,", eles estavam tentando ferir a honra do Messias. Agora você também sabe o porque Jesus escolheu cuidadosamente cada uma das palavras declaradas em Lucas 6.29 para transmitir a nós um entendimento tão valioso capaz de produzir verdadeira força espiritual, que, por sua vez, gera um grande nível de força mental que podemos usar para romper o impulso que nossa natureza tem de revidar às críticas, provocações e ofensas, desde as menores até as maiores e mais violentas.


Jesus disse: "Ao que te ferir numa face, oferece-lhe também a outra.".


Mas como fazemos isso?


Primeiro, devemos compreender que as pessoas que gostam de criticar, ofender e provocar os outros não são nada além de tolos, e os tolos são apaixonados por falar, mas na verdade, a voz deles não passa de um amontoado de palavras aleatórias; como Eclesiastes 5.3 diz: "Porque da muita ocupação vêm os sonhos, e a voz dos tolos, da multidão de palavras.". Assim sendo, quando os tolos nos provocam, xingam, criticam, ofendem, discriminam, atacam nossa honra, ou seja, ferem nossa face; precisamos entender que tais provocações, ofensas, críticas e xingamentos não são reais, eles são apenas uma multidão de palavras vazias que não podem nos ferir exceto se as aceitarmos e as julgarmos como ofensivas.


O escravo romano, e filósofo estoico, Epiteto, colocou isso em palavras mais sábias ao proferir as duas frases a seguir:


1: "O que perturba a mente dos homens não são os eventos, mas os seus julgamentos sobre estes eventos."

2: "Ninguém irá lhe causar mal sem o seu consentimento; você só será atingido quando pensar que está sendo prejudicado."


A maioria das pessoas parece não perceber que ao ser xingado, criticado, afrontado, agredido, provocado, subestimado ou menosprezado, de alguma maneira, qualquer um tem a opção de simplesmente não se sentir ofendido ou atingido pelo amontoado de palavras que os tolos constantemente dizem, pois se pararmos para considerar as coisas com a perspectiva correta vamos perceber que tais palavras não são verdadeiras, elas não representam quem nos somos, tudo o que elas representam é a visão distorcida que algumas pessoas podem ter a nosso respeito e a respeito do mundo que os cerca, e isso não deve nos incomodar ainda que eles estejam tentando nos provocar ou agredir de alguma maneira mais violenta.


Todas as coisas que estas pessoas falam, ou escrevem em suas redes sociais, são tentativas desesperadas de conseguir alguma atenção enquanto buscam nos desequilibrar com sua infantilidade imatura, mas uma vez que compreendemos isso, o espírito do mundo passa a ter enormes dificuldades de nos provocar ou atingir com palavras, e nós desenvolvemos a serenidade de um espírito forte com sabedoria suficiente para sermos totalmente indiferentes às provocações, xingamentos, ofensas, críticas maliciosas e opiniões maldosas que os outros possam lançar sobre nós.


Para ilustrar o que estou dizendo, acompanhe esse pequeno relado que vi acontecer certa vez:


Um homem, cristão, entrou por engano em um ônibus que não o levaria ao lugar que ele desejava ir, ao perceber que podia ter tomado o ônibus errado, esse homem resolver perguntar ao motorista para tirar sua dúvida. Porém, ao perguntar ao motorista se aquele veículo percorreria determinado trajeto, a resposta do motorista foi a de que aquele era o ônibus errado e, sem mais nem menos, o motorista chamou o homem, em alto e bom som, de burro, na frente de todas as pessoas que estavam dentro do veículo.


O que você faria numa situação como essa? Você reagiria à "altura" dessa ofensa gratuita? Pois é; entretanto, aquele homem simplesmente se limitou a descer do ônibus sem se importar com a ofensa que acabara de sofrer diante de todos; simples assim; ele não discutiu, não reagiu impetuosamente, não criou caso, não fez nada, apenas virou-se e saiu do ônibus em silêncio sob os olhares curiosos dos que estavam presentes.


"Ao que te ferir numa face, oferece-lhe também a outra.". Lucas 6.29


E isso nos trás a mais um ponto extremamente importante quando falamos de dar a outra face.


Mas o que seria?


O nosso silêncio.


O silêncio dos fortes é muito mais eloquente do que a multidão de palavras ofensivas dos tolos. Se formos provocados, xingados, criticados, insultados, agredidos verbalmente (e até fisicamente), discriminados, menosprezados, ou, se de qualquer maneira ferirem nossa honra. A melhor resposta, a resposta mais poderosa é o nosso silêncio; muito embora nossa natureza humana descontrolada queira reagir imediatamente, queira colocar nosso agressor em seu "devido lugar", queira mostrar que aquilo não está certo, queira revidar na mesma moeda e assim por diante; os cristãos genuínos sabem que na grande maioria das situações o silêncio é o equivalente ao "dar a outra face" falado por Jesus em Lucas 6.29. O silêncio é a ferramenta mais eficiente da sabedoria.


Eis um dos motivos que levaram o próprio Cristo a permanecer em silêncio após ser traído, brutalmente ferido, xingado, criticado, escarnecido e arrastado para enfrentar a morte; como descrito em Isaías 53.7, que diz: "Ele foi oprimido, mas não abriu a boca; como um cordeiro, foi levado ao matadouro e, como ovelha muda perante os seus tosqueadores, ele não abriu a boca.".


Jesus demonstrou que permanecer em silêncio quando ferem nossa face exige fé verdadeira, todo o resto é demagogia.


Cristãos genuínos são aqueles que acompanham as ações de Cristo, portanto ao serem ofendidos, insultados e agredidos, seja da forma que for; não se sentem atingidos, logo, permanecem em silêncio, não se abalam, demonstrando toda a força que há em seu espírito renascido. E esse é um dos sinais mais claros de que confiam verdadeiramente em Deus, pois está escrito em Salmo 125.1: "Os que confiam no SENHOR serão como o monte Sião, que não se abala...". Você já tentou ofender uma montanha? Já tentou dizer que não gosta dela, ou que ela não deveria estar no lugar onde está? Já disse para ela que prefere o mar, ou que as florestas são muito melhores do que ela? Não importa, porque as montanhas não ligam para o que nós achamos ou dizemos para ela, nenhuma das nossas críticas, provocações e ofensas são capazes de abalar uma montanha. Assim são os cristãos genuínos. Como montanhas.


Enquanto os mundanos e pseudo-cristãos estão sempre se ofendendo, sempre sentindo a própria honra ser ferida por qualquer banalidade, provocação, critica, ou ofensa aleatória, os verdadeiros cristãos têm o espírito como uma montanha, um colosso inabalável que não se afeta pelas afrontas infantis e imaturas que a sociedade lança sobre eles. Cristãos sabem dar a outra face, eles permanecem em silêncio de maneira objetiva e triunfante.


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