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“Mas eu não me apressei em ser o pastor...” Jeremias 17.16



“Mas eu não me apressei em ser o pastor...” Jeremias 17.16

Qual é o seu chamado? Qual é a sua vocação?

Essas duas perguntas se referem exatamente à mesma questão, ou seja, conhecer, entender e abraçar o verdadeiro propósito da nossa vida. Todos nós sabemos que no decorrer da vida muitos descobrem a sua verdadeira vocação, alguns ouvem o chamado para serem médicos, outros são chamados para tornarem-se professores, vendedores, empresários, cientistas, pintores, artistas, motoristas, escritores ou qualquer outra atividade conhecida, e, obviamente, existe aqueles que sentem o chamado para apregoar o Reino de Deus, ou seja, tornando-se pastores; anjos das congregações.

Só quem já sentiu o chamado de sua real vocação sabe o quão fundo ele é capaz de nos tocar, inspirar e fortalecer, porém, grande parte das pessoas, tanto no mundo quanto dentro de congregações, simplesmente não têm a menor ideia de qual seja a sua verdadeira vocação na vida, incluindo alguns líderes de destaque nas mais diversas áreas de atuação da humanidade, tanto os que tratam de questões materiais como os que trabalham com questões mentais e até mesmo muitos daqueles que têm as questões espirituais como foco. A sociedade mundana, tal como parte das congregações, não têm sido nada mais do que uma grande confusão formada por um gigantesco fluxo pessoas completamente confusas e perdidas, à deriva na vida, cujo esforço maior é para criar e sustentar uma aparência de que sabem o que estão fazendo e são bem-sucedidas, embora interiormente estejam sendo completamente destroçadas.

E por que isso ocorre?

Porque desde muito cedo todos nós somos violentamente estimulados pelas mais diversas vozes sociais a nos apressarmos em absolutamente tudo o que tenhamos de fazer; por exemplo: Todos os anos, milhares de jovens sem qualquer experiência real de vida, assim como, sem nenhum autoconhecimento, são socialmente coagidos a escolher, ainda adolescentes, uma profissão que devem abraçar e seguir pelo resto dos seus dias; e esta escolha tão importante lhes é imposta sem que lhes seja dado o devido tempo e ajuda para que possam amadurecer adequadamente e analisar a si mesmos profundamente, refletindo na busca de saber qual o papel que, realmente, a vida deles foi criada para desempenhar, são forçados a escolher sem que a alma deles consiga o mínimo de conhecimento próprio necessário para que consigam acertar na escolha. Eis o motivo de tantas pessoas serem profissionalmente frustradas e se tornarem profissionais de baixa qualidade e com baixo rendimento. Mas é claro que isso não é por acaso, na verdade, a sociedade força as pessoas a se apressar na tomada de suas decisões mais importantes da vida porque sabe que tal pressa aumenta consideravelmente a possibilidade de que errem na escolha, ou seja, uma pessoa que é constantemente estimulada a se apressar, social ou espiritualmente, é uma pessoa que vai tomar muito mais decisões erradas e, em consequência disso, trilhar caminhos de vida equivocados que serão nocivos a ela mesma. Por isso também foi escrito que: "Assim também ficar a alma sem conhecimento não é bom; e o que se apressa com seus pés peca." Provérbios 19.2.

Uma vez que tomaram decisões, escolhas e ações erradas apressadamente, o espírito do mundo usa todo o peso de suas estruturas e instituições sociais e espirituais, inclusive com ameaças e chantagens veladas ou deliberadas, para constranger as pessoas de modo que elas sustentem suas decisões precipitadas e deformem toda a sua vida, com isso, tornam-se incapazes de ouvir o verdadeiro chamado de sua vocação; ou, para que mesmo que ouçam, já estejam tão aprisionados pela vida equivocada que construíram, que não tenham condições nem forças para abrir mão de suas decisões erradas do passado temendo serem ridicularizadas por seus pares e pelos que os rodeiam, aqueles que eles desejam impressionar com a vida de aparência que levam.

O espírito do mundo obriga as pessoas a viver e a decidir tudo apressadamente porque sabe que uma vez que as pessoas escolherem seguir por um caminho que não seja o da sua verdadeira vocação, ou, não possa ser, pelo menos, conciliado com ela, o potencial de dano que tal pessoa é capaz de produzir na vida de outros, e da própria sociedade, é algo perto do incalculável; ou seja, o indivíduo cujo chamado é para a medicina, mas decidiu ser pastor; aquele cujo chamado é para ser pastor, mas decidiu ser político; aquele cujo chamado é para ser empreendedor, mas decidiu ser médico; aquele cujo chamado é para ser escritor, mas decidiu ser cantor; aquele cujo chamado é para ser professor, mas decidiu ser nômade digital, e assim por diante; em outras palavras, aqueles cujo chamado e para ser uma coisa, mas decidiram abraçar outra. Todo aquele que abraça a vocação de outro e ignora a sua própria, por qualquer "motivo ou conveniência", no longo prazo, vai acabar ferindo, de alguma maneira, a si mesmo, assim como aos que estão ao redor e àqueles que deveriam ajudar e servir por conta da atividade que desempenham.

Uma vez que desprezaram apressadamente a vocação que direcionaria de maneira adequada e daria um sentido maior e mais profundo para suas vidas, não serão capazes de experimentar plenamente a satisfação de saber que estão fazendo aquilo para o que foram criados para fazer, logo, a vida destas pessoas vai se limitar a uma mera corrida por excessos de conquistas sociais, vaidades, ambições e tesouros mundanos, e eles farão isso tomando sobre si todo o peso, sacrifícios e angústias que tais coisas trazem consigo quando são buscadas e perseguidas sem a devida lucidez; e o pior é que além de viver desta maneira rasa, estas pessoas também vão querer influenciar outros a viverem da mesma forma superficial, pois em alguns casos, eles serão reputados pela sociedade como bem-sucedidos; embora no íntimo sintan-se assolados e deprimidos.

Não se deixe enganar, pois toda essa mecânica mundana também está acontecendo com pessoas dentro de congregações, ou seja, pessoas cuja vocação é uma, mas que preferiram dar ouvidos a si mesmos, ou pior, ao espírito do mundo, e apressadamente escolheram abraçar o ministério; tornando-se pastores, cantores, líderes, assim como aqueles cujo chamado é para o ministério, mas, semelhantemente, preferiram ser apenas membros. Nos dois casos o estrago é exatamente como aqueles que vimos anteriormente; e de alguma maneira estas pessoas acabarão ferindo e desvirtuando a si mesmos e aos que estiverem ao redor. Note que a depressão é um sinal claro de que a vida de uma pessoa está avançadamente deformada e desvirtuada, de seu propósito.

Então qual é o segredo para alguém ser capaz de ouvir claramente o chamado de sua vocação pessoal para que possa abençoar e beneficiar a si mesmo e a muitos ao redor?

Está escrito em Jeremias 17.16A: "Mas eu não me apressei em ser o pastor...".

O grande segredo que nos coloca em condições de, adequadamente, termos o tempo necessário para reconhecer em nós os talentos e dons que Deus, amorosamente, nos presenteou, e a lucidez para entender como podemos usar essas dádivas da melhor maneira possível, sempre visando servir o máximo de pessoas, é aprendendo a desprezar a pressa social e espiritual que o príncipe deste mundo tenta impor sobre nós diariamente. Precisamos aprender a ignorar e a nos desvencilharmos desse falso senso de urgência que a sociedade coloca sobre absolutamente todas as coisas que nos rodeiam, e principalmente, quando os assuntos estão relacionados com adquirir a clareza e a consciência necessárias para compreendermos quem realmente somos em Cristo, nossa vocação, e como o SENHOR quer que atuemos durante nossa jornada.

Tenha sempre em mente que a pressa, tanto a social quanto a espiritual (estimulada por parte das congregações) é inimiga da razão, inimiga da excelência, inimiga do conhecimento; logo, todo aquele que se apressar pelas pressões da sociedade o das congregações fatalmente acabará trilhando os caminhos de outras pessoas, dessa forma, todas as conquistas e vitórias que conseguirem na vida não trarão satisfação, plenitude, nem serão suficientes, por maiores que sejam, sempre sentirão como se houvesse um grande espaço vazio dentro deles e nada será capaz de preenchê-lo; acumularão bens materiais e sonhos de consumo de todos os tipos desnecessariamente, perverterão os dons e talentos que possuem, e em alguns casos, se tornarão megalomaníacos na fé, sem perceber ou sem se importar com o fato de que megalomania, física ou espiritual, não é e não tem nenhuma ligação com a fé verdadeira.

A única maneira de preservarmos nossa vida de todos os efeitos nocivos causados por essa avalanche de confusões que permeia tudo ao nosso redor é não sucumbirmos à pressa que tem desvirtuado indivíduos, casais, famílias, empresas, congregações, cidades, estados e países quase que inteiros. Imagine por um instante como as coisas seriam diferentes se cada indivíduo na terra estivesse vivendo sua verdadeira vocação; mas se em relação aos mundanos isso não passa de uma utopia; em relação aos cristãos verdadeiros, felizmente, isso é uma realidade, pois os cristãos aprendem a identificar a real vocação de suas vidas, sem pressa, quer sejam professores, enfermeiros, escritores, vendedores, pastores ou qualquer outra; e o simples fato de estarem trilhando o caminho mais adequado para a vida deles os protege das deformações sociais, mentais e espirituais que geram as ansiedades, aflições e confusões internas e externas que vemos corriqueiramente no mundo, além disso, evitar essa pressa mundana os transforma poderosamente naquelas pessoas frutíferas que Deus deseja que todos nós sejamos, em essência e em verdade, para vivermos em harmonia interna, conosco mesmo, e externa, tendo paz com aqueles que nos rodeiam, encontrando maneiras de demonstrar a  nossa fé através dos exemplos de excelência e das boas obras que ajudam e beneficiam todos ao redor, para que dessa forma sejam dadas glórias a Deus.

Se você conhece sua vocação; não tenha pressa para abraçá-la.
Se você já abraçou sua vocação; continue caminhando sem pressa.
Se você ainda não identificou sua vocação, não se apresse, examine-se diligentemente à luz do que Cristo tem dito a você pelas Escrituras, seja sincero consigo mesmo e com Deus, e essa sinceridade encaminhará você; pois está escrito: "A sinceridade dos sinceros os encaminhará..." Provérbios 11.3A 


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