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“...Os olhos do homem nunca se satisfazem.” Provérbios 27.20



“...Os olhos do homem nunca se satisfazem.” Provérbios 27.20

A natureza humana sempre tende aos excessos.

Se existe algo que pode ser facilmente percebido na sociedade moderna é a tendência compulsiva que as pessoas têm de se inclinar constantemente para os excessos de todos os tipos e em todas as partes de suas vidas; e como se isso já não fosse ruim o suficiente, as pessoas, influenciadas pela própria sociedade, passaram também a cultuar os excessos como filosofia de vida. Na cabeça deles o excesso é sinônimo de sucesso, a extravagância é o mesmo que riqueza e os exageros são sinal de prosperidade; algo que todo cristão verdadeiro sabe que não corresponde, nem de longe, com a verdade.

Já é sabido que muitas das mentalidades e mecânicas disseminadas pelo espírito do mundo no meio da sociedade estão também infiltradas, sendo cultivadas dentro de muitas congregações, e obviamente, essa inclinação aos excessos é uma das que mais está afetando muitas pessoas que dizem conhecer a Deus, mas ao perseguir, cultuar e glorificar essa filosofia de vida, disfarçando-a com uma roupagem supostamente espiritual, acabam negando o SENHOR através dos atos que praticam.

Existem excessos que são cultuados, perseguidos, glorificados e praticados apenas por mundanos; por outro lado, há excessos que são cultuados, perseguidos, glorificados e praticados apenas por pessoas dentro de congregações; mas também há uma quantidade gigantesca de excessos que são praticados semelhantemente pelos dois grupos; algo que definitivamente não deveria ocorrer. O ponto para o qual desejo chamar sua atenção é que não importa que tipo de excesso uma pessoa pratica e persegue, tanto os excessos mundanos quanto os pseudo-espirituais são igualmente enganosos e nocivos para a vida de qualquer pessoa; todos os excessos que praticamos são como pedras de tamanhos e pesos variados, ou seja, são inúteis e gradativamente vão se acumulando e tronando nossa vida mais e mais pesada até chegar ao ponto de que será impossível sustentá-los. Cristãos verdadeiros sabem que quantidade não é o mesmo que qualidade, e enquanto a grande maioria da sociedade persegue quantidades cada vez maiores de tudo, de hábitos, de vícios, de posses, de prazeres, de emoções, de sonhos, de metas, de vitórias, etc... cristãos genuínos prezam muito mais pela qualidade em todas as esferas de sua existência.

Uma vida que cultua, glorifica, persegue e pratica qualquer tipo de excesso é uma vida que jamais experimentará suficiência e satisfação verdadeira, simplesmente porque suas compulsões a impedirão de perceber quando estiver cruzando o limite que separa o que é o bastante daquilo que é exagero, e não se engane, pois absolutamente todo exagero é sem sentido.

Atualmente as pessoas têm vivido unicamente para demonstrar os excessos que praticam aos outros que estão ao redor como se tal comportamento os caracterizasse como vitoriosos e bem-sucedidos; mas não é só isso, o coração deles está repleto de sonhos, desejos, ambições e vaidades, tanto físicas quanto espirituais dos mais variados tipos de uma maneira quase megalomaníaca. Mas os cristãos de verdade compreendem que megalomania social não é abundância e não tem nada a ver com prosperidade, assim como megalomania espiritual não tem nada a ver com cristianismo nem, tampouco, com fé.

Toda busca excessiva, seja pelo que for, não possui virtude, e como tal, cega todos que se prestam a ela; por exemplo: Toda pessoa que se permite exceder na busca por dinheiro, prazer ou vitórias acaba perdendo a capacidade de perceber que certas coisas jamais devem ser feitas para obter tais desejos, desse modo passam a trilhar caminhos enganosos, e em alguns casos até ilícitos, apenas para conseguir sempre mais do que desejam. Semelhantemente, multidões estão se desvirtuando na vida por estarem buscando excessivamente luxos, poder, fama, status, sucesso e todo tipo de medalhas, troféus e tesouros sociais. Mesmo frequentando alguma congregação.

Também há pessoas se inclinando ao excesso na busca pelo que eu julgo ser a moeda mais valiosa do nosso tempo, estou falando de influência. Veja os chamados influenciadores digitais, muitos deles estão dispostos a praticamente tudo para conseguir mais e mais "inscritos" e "seguidores" em suas mídias sociais; nunca estão satisfeitos apenas em fazer o que fazem e deixar que seu trabalho cresça e frutifique espontaneamente, pelo contrário, a natureza humana decaída faz com que se envolvam em competições ferrenhas para obter mais inscritos e seguidores todo o tempo; e obviamente, muitos deles conseguem, mas mesmo assim não se satisfazem, pelo contrário se frustram e se deprimem. O que eles não sabem é justamente que se não combaterem e neutralizarem este impulso da natureza humana que os faz se inclinar aos excessos em todas as áreas da vida, nada jamais será o bastante; mesmo que consigam milhões em dinheiro e bilhões em inscritos e seguidores; e isso ocorre porque como foi dito: "...Os olhos do homem nunca se satisfazem." Provérbios 27.20 

Mas se não formos sóbrios e vigilantes esta falha da nossa natureza vai nos afetar até mesmo em coisas aparentemente sem importância, mas o problema é que quando várias áreas de nossa vida forem atingidas por esses pensamentos e comportamentos voltados para os excessos, entraremos em uma espiral de confusão e caos que não nos permitira desenvolver nosso potencial plenamente, nos tornaremos escravos dos excessos, logo, viveremos uma vida muito abaixo daquilo que Deus deseja de nós. Deixe-me dar um exemplo pessoal simples para tentar ilustrar como nossa inclinação aos excessos sorrateiramente influencia nossos hábitos e atos mais inofensivos: 

Um dos hábitos mais saudáveis que uma pessoa pode ter na vida é o hábito sólido da leitura. Embora eu tenha descoberto o amor pela leitura tarde, aos 20 anos de idade, passei a cultivar e praticá-la com relativa consistência, sempre gostei de ler tanto livros de ficção, quanto de desenvolvimento pessoal e aprendizado espiritual; eu sempre gostei de visitar livrarias e comprar novos livros para adicionar às minhas coleções; mas, sem notar comecei a me inclinar ligeiramente ao excesso. Passei a comprar mais livros do que lia e os deixava encostados e empilhados no meu quarto, para supostamente lê-los algum dia, de vez em quanto eu comprava um ou outro livro que me interessava e sem que eu percebesse, porque não era algo compulsivo, ao contrário, era dissimulado e sorrateiro, a quantidade de livros que eu possuía se tornou um fardo para mim, na medida que estavam ocupando muito espaço na minha casa, e na realidade, muitos deles eu já nem tinha mais a vontade de ler. Eu estava apenas gastando dinheiro e ocupando espaço desnecessariamente, e com o tempo isso me impedia de me concentrar em encontrar leituras realmente edificantes para minha vida, eu estava me desvirtuando.

Felizmente Deus abriu os meus olhos para essa inclinação da natureza humana, e pude perceber que ela estava instalada em vários dos meus hábitos; por exemplo: Eu colecionava canetas e relógios que nunca usava, comprava mais roupas do que podia vestir, passava horas alienado com jogos de vídeo-game, e muito mais; não importava o quanto eu já tivesse ou fizesse destas coisas e de muitas outras, sempre queria um pouco mais, eu não tinha controle, porque "...Os olhos do homem nunca se satisfazem." Provérbios 27.20, não importa no que seja. 

Para vocês terem uma ideia de como essa inclinação aos excessos age em tudo na nossa vida, se deixarmos, conheço uma pessoa, um homem adulto com quase sessenta anos de idade, casado e com filhos também já adultos, que passou a comprar brinquedos, bonecos de super-heróis; começou comprando poucos e se justificava dizendo que fazia isso porque era um grande fã de super-heróis e também porque em sua época de criança não havia tido infância; mas da última vez que nos falamos ele já havia gasto mais de trinta mil reais nesse "hobby", sem poder, estava endividado, o casamento dele estava abalado, a sala e o quarto dele e da esposa estavam até o teto com tantos bonecos de ação colocados em prateleiras improvisadas; mal pude acreditar quando vi.

Precisamos compreender que todo excesso, por mais inofensivo que pareça a princípio, leva ao desperdício e nos desvirtua de desfrutar uma vida plena, equilibrada; além de aprisionar as pessoas em vícios e compulsões que, gradativamente vão ganhando espaço dentro e fora de nós. Mesmo as coisas benéficas da vida, em excesso se tornam nocivas; por exemplo: Comer, trabalhar, se distrair, se exercitar, planejar, desejar, sorrir, chorar, falar e até mesmo, orar; entre tantas outras coisas mais. Lembre-se praticar excessos é como entulhar pedras dentro e fora de nós.

Cristãos verdadeiros compreendem que todas as coisas na vida devem ser adquiridas e aproveitadas com moderação; por isso também foi escrito que: "...Deus não nos deu espírito de temor, mas de fortaleza, de amor, e de moderação." 2 Timóteo 1.7; logo, cristãos genuínos examinam-se profundamente todos os dias, para identificar as influências, impulsos e inclinações que tentam direcioná-los a uma existência de excessos e extravagâncias; e, conscientemente, os substituem por pensamentos, sentimentos, emoções e ações, ou seja, hábitos e práticas, moderados, em todas as áreas de sua existência, tanto nas questões pessoais, quanto nas familiares, nas finanças, nas profissionais, nas espirituais, na forma como lidam com as novas tecnologias, questões sociais e assim por diante. A natureza humana, ou seja, a nossa carne, sempre tende e tenderá aos excessos, mas a natureza do Espírito tende e sempre tenderá à moderação.

Cristãos cultivam a moderação em absolutamente tudo na vida porque ela é o veículo que pode levar qualquer um à plenitude, ao sucesso verdadeiro e ao crescimento espontâneo, sem peso, sem sacrifícios e sem dores. Além disso eles sabem que combater essa inclinação da natureza humana aos excessos é um ponto principal e crucial na vida de qualquer um que deseje experimentar o verdadeiro significado de liberdade.


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