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“...Nem só de pão viverá o homem...” Mateus 4.4



“Está escrito: Nem só de pão viverá o homem...” Mateus 4.4

Nosso ganha-pão não deve ser um ponto de desequilíbrio para nossa vida. Embora sejamos instigados a pensar que ele é a parte mais importante do nosso viver, isso não é verdade, e pensar assim está arrastando multidões para uma existência alquebrada.

Atualmente, mas do que em outras épocas do passado, o trabalho das pessoas tem ocupado um espaço cada vez maior na vida delas e, muitas vezes, gerado um grande fardo que não estão sendo capazes de carregar. De fato, as pessoas têm feito de seu trabalho, de sua profissão, o ponto principal em seu estilo de vida, de modo que a ocupação que desempenham ou a profissão que exercem para gerar renda mensalmente acaba governando a existência deles de várias maneiras diferentes, muitas das quais completamente distorcidas e aprisionadoras.

O espírito do mundo tem sussurrado na sociedade várias "verdades falsas", infecciosas, que estão dirigindo enganosamente a percepção das pessoas quando se trata da relação que possuem com o trabalho, e ele age assim para fazer com que trilhem caminhos que, no longo prazo, vão sobrecarregá-los e asfixiá-los brutalmente; violentando a mente e o coração dos indivíduos, aprisionando a vida deles em um ciclo vicioso e decadente de vaidades, trabalho, pagamentos, consumismo, infelicidade e mais vaidades novamente, num movimento constante.

Então você pergunta: Se as pessoas chegam ao ponto de se sentirem descontentes, insatisfeitas e infelizes com o trabalho que desempenham ou a profissão que exercem, e até mesmo com a própria vida por causa da influência que seu trabalho e profissão têm sobre ela. Porque, então, tais pessoas continuam seguindo no mesmo caminho? Por que continuam fazendo o que fazem?

Ótima pergunta!

E a resposta é que essas pessoas foram doutrinadas desde a infância, pelas mais diversas forças sociais, pais, professores, amigos, mídia e etc... de modo que passaram a acreditar que o trabalho que desempenham é o que os define como seres humanos, sendo assim, passam a enxergar a vida da seguinte forma:

* "Se eu desempenhar um trabalho ou exercer uma profissão que é valorizada pela sociedade, então terei valor e serei visto por ela como alguém feliz e bem sucedido, mesmo que tal ocupação seja um fardo para ser carregado o resto da vida e não tenha nada a ver com minha real vocação; mas se eu desempenhar um trabalho ou tiver uma profissão  que a sociedade valoriza menos, mesmo que seja a ideal para mim, mesmo que seja a minha verdadeira vocação, serei considerado como alguém com menos valor." E ninguém quer se sentir menos valorizado por quem quer que seja.

Mas há algum problema em querer aprender e exercer uma profissão ou trabalhar em um emprego valorizado pela sociedade?

Depende. Porque o que está ocorrendo já há um bom tempo é que as pessoas estão escolhendo profissões e desempenhando trabalhos que não têm nenhuma relação com a sua verdadeira vocação pessoal; muitos estão escolhendo os cursos universitários que farão ou os empregos que desempenharão apenas com base na quantidade de dinheiro que tal ocupação pode gerar para eles; alguns vão além e escolhem suas ocupações baseadas não apenas no potencial de ganho financeiro, mas também no quanto de status social eles acham que poderão acumular sobre si. Mesmo que tal profissão ou trabalho, no longo prazo, se torne um peso extremamente difícil para eles carregarem.

Novamente alguém pode questionar: Mas que mal há em desejar ter uma profissão ou um trabalho que pague mais e melhor do que os outros? Todos nós temos contas pagar pagar e precisamos ganhar o "pão nosso de cada dia"; ou seja, se pudermos ganhar mais viveremos com mais conforto.

Não há nada de errado em escolher este ou aquele emprego ou profissão, desde que a escolha seja consciente e esteja alinhada com quem você realmente é, e não apenas baseada em questões de status social e potencial de ganho; porque se você escolher baseando-se apenas nestas coisas, seu emprego ou profissão, seu "ganha pão", muito provavelmente se tornará, ao longo do tempo, mais uma fonte de angústias, estresse e perturbação do que uma fonte de renda e realização, e dessa forma toda a carga negativa que for gerada por ele sobre você, dia após dia, vai atingir toda a sua vida e fará com que ela saia completamente do controle.

Com relação a afirmação genérica que ouvimos muitas vezes, de diversas formas diferentes, usada para justificar escolhas equivocadas neste contexto, que é: "Todos temos contas a pagar e precisamos ganhar o pão de cada dia...". A escritura nos ensina que: "...Nem só de pão viverá o homem..." Mateus 4.4; ou seja, não é apenas com base em conseguir o pão de cada dia que devemos fazer nossas escolhas na vida, porque se agirmos assim, seremos facilmente seduzidos pelo espírito do mundo que controla a sociedade. Sempre seremos apresentados a diversas oportunidades de ganhar o pão de cada dia de formas glamorosas, "melhores", mais rápidas, em maior quantidade e com muitos outros benefícios aparentes, porém seremos gradativamente obrigados a negligenciar todas as outras coisas que compõem nossa vida, começando por ignorar quem somos e qual é a nossa missão nesta terra, nossa vocação; e acredite, fazer isso é um erro gigantesco que já custou e tem custado muito caro para muitas pessoas. 

Mas como isso é possível?

Pessoas que usam como único critério de escolha na vida a necessidade de ganhar o seu pão de cada dia, ou seja, pessoas que focam sua existência apenas em sua capacidade de gerar renda, em seu emprego, trabalho e profissão passam a lutar cegamente para tentar ocupar vagas e posições profissionais que sejam melhores valorizadas pela sociedade, mesmo que isso contrarie e confronte diretamente seus dons, talentos e vocação. Eis o motivo pelo qual a maioria dos profissionais em qualquer área de atuação são medíocres (medianos) e um número considerável de profissionais e trabalhadores estão em níveis ainda mais baixos, não importa se são médicos, engenheiros, advogados, professores, programadores, atores, vendedores, atendentes, motoristas ou qualquer outra coisa, incluindo também, pastores. De fato, a pessoa que decide se tornar pastor apenas porque acha que é uma forma de ganhar mais dinheiro ou ter algum tipo de status social e controle sobre outras pessoas ou algo dessa natureza, não compreendeu direito o que ser um pastor realmente significa.

Uma vez que as pessoas são dirigidas por este pensamento de que a única coisa que importa é ganhar o "pão de cada dia" sempre procurando a validação profissional da sociedade, elas geram entre si uma competitividade quase animalesca, plenamente incentivada pelo espírito do mundo, desde a juventude; e, quando finalmente conseguem ocupar tais cargos e posições passam a confundir quem elas são com o que fazem, em um nível tão profundo que não são mais capazes de separar a parte pessoal da parte profissional; perdem o equilíbrio, entram em um estado automático e a vida profissional deles acaba canibalizando a vida pessoal.

Quando isso começa a acontecer as pessoas se tornam escravas de seus empregos, trabalhos ou profissões; e antes que percebam estão chafurdando em uma quantidade massiva de ambições profissionais e descontentamento pessoal, assim como em muito estresse que desencadeiam uma longa lista de malefícios físicos, mentais e até espirituais, dos quais podemos destacar a insônia, disfunções alimentares, baixa da imunidade, falta de concentração, excesso de distração, diminuição da libido, dores crônicas, exaustão física, fadiga decisória, alterações de humor, impaciência, irritabilidade e muitas outras. Em pouco tempo a mente e o corpo destas pessoas começa a entrar em colapso; é o momento em que muitos começam a recorrer a uso de medicamentos para tentar controlar todo o caos interior que estão sentindo e outros tantos se entregam a substâncias como álcool ou coisas piores. Há também algumas pessoas dentro de congregações que quando se vêem nessa situação, simplesmente abandonam a congregação e passam a sofrer exatamente como os mundanos ou se entregam a vários tipos de loucuras pseudo-espirituais que não lhes serve de nada além de produzir mais confusão.

E tudo isso desencadeado porque tais pessoas não compreendem que a vida de uma pessoa não consiste unicamente no desenvolvimento da área que lhe permite ganhar o pão de cada dia, ou seja, sua área profissional, seu "ganha-pão". Falta a estas pessoas o simples entendimento de que uma vida realmente plena precisa ter equilíbrio entre as mais diversas áreas de modo que cada uma delas "dialogue amigavelmente" e se relacione com as outras harmonicamente. Isso significa que às vezes, ganhar mais dinheiro em detrimento de sua vocação vai ferir você profundamente (embora a sociedade na qual vivemos ache isso normal); ocupar determinado cargo, emprego ou profissão, tendo de abrir mão de investir tempo de qualidade para edificar outras áreas de sua vida, como a saúde por exemplo, vai fazer com que você tenha de enfrentar combates difíceis no futuro (e quantas pessoas atualmente estão trabalhando tanto que não têm tempo para cuidar adequadamente da saúde física e mental?)

Nosso ganha-pão é sim uma parte extremamente importante de nossa vida, mas não é a única e nós precisamos aprender a tomar decisões mais abrangentes, que contemplem todas as áreas importantes para que exista equilíbrio e harmonia que produzam contentamento, paz interior e tranquilidade. Em Mateus 4.4 está escrito: “...Nem só de pão viverá o homem, mas de toda a palavra que sai da boca de Deus.”. Em Provérbios 4.20-22 diz: "Filho meu, atenta para as minhas palavras; às minhas razões inclina o teu ouvido. Não as deixes apartar-se dos teus olhos; guarda-as no meio do teu coração. Porque são vida para os que as acham e saúde, para o seu corpo.". Note que não é o trabalho, emprego ou profissão que geram o nosso sustento, mas sim as palavras de Deus são o que verdadeiramente nos sustentam; que é o que o versículo chama de "vida", e também são saúde para o nosso corpo.

Quando colocamos todo o foco de nossa existência social apenas em nosso ganha-pão, nos desviamos da Palavra de Deus, pois passamos a confiar mais em nossos empregos e profissões do que na providência do SENHOR para nos manter em tudo o que precisamos para viver bem, passamos a achar que determinada promoção fará a diferença, ou que determinada vaga de emprego será determinante para nosso sucesso profissional, ou que aquele concurso público é o que assegurará estabilidade, ou que sacrificar outras áreas de nossa vida, como família, saúde e laser, trará o resultado financeiro desejado. Tudo isso é o que o espírito do mundo quer que acreditemos, mas nada disso é verdade.

Por outro lado, quando colocamos nosso foco em compreender "...toda a palavra que sai da boca Deus.", como diz o versículo, percebemos claramente que a vida que devemos construir para nós e nossa família deve necessariamente contemplar igualmente investimento em relacionamentos pessoais de qualidade, fortalecimento de laços afetivos com familiares, cuidados com a saúde física e mental, construção e desenvolvimento de hábitos espirituais benéficos como a oração, a gratidão, a generosidade, a caridade, a congregação e o estudo das escrituras, visando aprender como aplicar seus ensinamentos de maneira prática; assim como devemos nutrir e perseverar na busca por conhecimento, por inteligência, sabedoria e muitos outros pontos vitais sem os quais certamente naufragaremos.

Uma vez que estejamos agindo de forma correta, aí sim, teremos a consciência e a clareza necessárias para governarmos nossa vida profissional de forma que esteja alinhada com nossa vocação, e principalmente com a vontade e os interesses de Cristo para nós; mesmo que na visão da sociedade estejamos ocupando uma posição menos valorizada, é Deus quem dará nosso crescimento segundo a visão Dele, e tal crescimento não será forçado por pressões sociais, mas sim, espontâneo e perfeitamente ajustado a nossa vida, gerando a prosperidade segundo a medida que necessitamos e o contentamento, a paz, plenitude e a riqueza, sem lançar peso sobre nós ou produzir dores. 


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