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“Quando os justos se engrandecem, o povo se alegra...” Provérbios 29.2



“Quando os justos se engrandecem, o povo se alegra, mas quando o ímpio domina, o povo suspira.” Provérbios 29.2

Este não é um texto político. Apenas desejo falar a respeito de como os cristãos compreendem que podem melhorar todas as coisas a seu redor tanto nas cidades, quanto nos estados e mesmo no país, de uma maneira completamente não-natural para os mundanos. Dito isso vamos começar.

Ao contrário do que a maioria absoluta da sociedade pensa, a solução de todos os problemas que têm assolado e afligido as cidades do nosso país, assim como as de vários outros países ao redor do planeta, não está nem na política e nem nos políticos, por mais sem sentido que essa afirmação possa parecer em uma primeira vista, pois embora muitos não creiam, não é o nosso voto que faz ou fará qualquer diferença real e duradoura, mas sim nossas ações cotidianas, se forem justas e inspirarem justiça nas pessoas que nos rodeiam; de fato, é exatamente isso o que o texto citado acima de Provérbios 29.2 está relatando e ensinando a todos nós se o estudarmos cuidadosamente.

Sempre que lermos qualquer versículo bíblico, precisamos procurar compreender a essência do texto, não exatamente a letra, mas sim as inspirações divinas que ela contém, ou seja, sempre devemos procurar pensar e investigar os versículos além do óbvio, abaixo da superfície e olhar para eles a partir de variadas perspectivas, pois dessa maneira seremos iluminados e receberemos visão clara, objetiva e aplicável para aprimorar e beneficiar qualquer área ou aspecto de nossa vida, tanto internamente no tocante a relação que temos conosco mesmo, nossa mente, coração e espírito, assim como na relação que temos com nosso Deus; e também, externamente, na nossa relação com as outras pessoas, com o meio ambiente, com nossa cidade, estado e país.

Dito isso, vamos fazer uma pequena análise no verso que tomei como base para este texto. Está escrito: “Quando os justos se engrandecem, o povo se alegra, mas quando o ímpio domina, o povo suspira.” Provérbios 29.2

Não é preciso fazer esforço para, olhando ao redor, constatar que grande parte da população tem suspirado devido ao abandono ao qual estão sendo cada vez mais submetidos. As pessoas estão sofrendo das mais variadas formas, estão cansadas, estão feridas, tentando sobreviver em meio à todo tipo de violência, falta de saúde, falta de educação, falta de honestidade e ao completo descaso, desrespeito e profundo escarnio que, não só as autoridades, políticas e não políticas, têm demonstrado diariamente, mas também a própria sociedade tem agido desta forma consigo mesma, sem perceber, ou mesmo deliberadamente, pois cada vez mais os indivíduos estão se tornando individualistas e parando de se importar com o próximo e com a justiça; na verdade cada qual tem dito a si mesmo: "Confiarei nos governantes para que eles nos salvem de todas estas mazelas, resolvam todos os problemas e tornem nossa vida melhor.". Mas a salvação, que por sinal é sempre tema de inúmeras promessas, nunca vem; ao contrário, multidões de promessas são feitas, taxas, tributos e impostos são cobrados, mas a compensação em forma dos serviços que a população confiou que os políticos fariam nunca é oferecida adequadamente, e o ciclo de suspiros por parte do povo permanece continuamente.

Isso tem ocorrido porque existe na sociedade, não apenas entre os políticos, mas em todas as classes sociais do próprio povo, um número gigantesco de pessoas ímpias que estão se multiplicando mais e mais a cada dia; e, "...quando o ímpio domina, o povo suspira."; note que  o sentido da palavra dominar neste versículo denota "ter grande quantidade ou ser maioria". Ou seja, quando estas pessoas que só se importam com elas mesmas, gananciosas, violentas,  corruptas, que não enxergam valor na educação, que abominam todas as faces da justiça; se tornam maioria em uma sociedade, esta grande quantidade de ímpios dentre o povo é a causa de todo o povo suspirar de dor, sofrimento, angustias, desemprego, medo, pânico, desalento, descrença e desesperança; inclusive os próprios ímpios sofrem com as consequências da própria atuação, mas como se recusam a assumir sua parcela de responsabilidade e estão sempre procurando transferir a culpa para outrem, as coisas continuam sempre caminhando sem alterações relevantes.

Este cenário levou algumas pessoas de várias congregações a acreditar que é necessário mudar esse panorama social por meio de "entrar no jogo", ou seja, ocuparem os mais diversos cargos políticos para, a partir disso, efetuarem as mudanças, impondo-as de cima para baixo, sobre o povo, sobre os ímpios, por meio da autoridade que tais cargos possuem sobre a sociedade, seja fazendo novas leis, revogando leis antigas ou criando leis para regular outras leis já existentes; mas o fato é que ao tentar jogar esse jogo, acabam também se perdendo no labirinto institucional, jurídico-legislativo-executivo criado pelo espírito do mundo para confundir, ocupar, distrair e aprisionar qualquer um que, por ventura, desejasse fazer o bem ao próximo por meio dos mecanismos políticos da sociedade mundana.

As pessoas, quando pertencem a alguma congregação, e cultivam essa visão política, acabam se tornando seguidores e propagadores do evangelho da política, o qual já tratamos aqui em outro texto. Eles acham que entrar na política, fazer parte dela e usá-la para defender seus próprios interesses ou como ferramenta para viabilizar os interesse das congregações que representam, seja a aplicação prática de “Quando os justos se engrandecem...” Provérbios 29.2; no entendimento destas pessoas, se engrandecer significa se tornar poderoso politicamente, mas essa visão distorcida foi criada pelo próprio espírito do mundo para atrai-los para uma armadilha exatamente como, certa vez, tentou fazer, sem sucesso, com o próprio Jesus, para tentar convencê-Lo a governar o planeta de maneira política; esta passagem está registrada em Mateus 4.8-9 que diz: "Novamente o transportou o diabo a um monte muito alto; e mostrou-lhe todos os reinos do mundo e a glória deles. E disse-lhe: tudo isso te darei se prostrado me adorares.". Em outras palavras, o espírito do mundo estava dizendo que se Jesus o adorasse se tornaria governante de todo o mundo, algo como um rei ou imperador, ou seja, se Jesus aceitasse aquela tentação se desviaria de Seu caminho e em troca receberia poder político para reger as cidades e nações da terra pelo tempo que vivesse.

Felizmente para nós Jesus sabia muito bem que na vida real não se pode vencer o jogo do mundo se você também for parte dele, ou seja, na prática, ninguém conseguirá vencer a jogo político por dentro sem ter de, em algum nível, jogar segundo as regras dele, regras essas que, muitas vezes, são completamente contrárias às convicções cristãs, e ao fazer isso acabaram se corrompendo também, seja por ação, seja por omissão. Lembre-se que nós, cristãos, fomos chamados para sermos exemplos em tudo, como está escrito: "Em tudo, te dá por exemplo de boas obras..." Tito 2.7a, inclusive devemos ser exemplo de virtudes que a cada dia fazem menos parte, tanto da nossa sociedade, quanto do jogo político, como a honestidade, honradez, justiça e a compaixão, só para citar alguns exemplos. No jogo político "os fins justificam os meios", mas essa máxima maquiavélica jamais será adotada pelos cristãos verdadeiros.

Então como fazer as alterações e transformações necessárias para que possamos ter uma sociedade menos problemática, mais humana, mais preocupada em eliminar as dores do próximo, menos desigual, mais limpa, com mais oferta de saúde, emprego, segurança, educação e geradora de oportunidades diversas em abundância?

É exatamente esta resposta que está contida em provérbios 29.2 quando diz: "Quando os justos se engrandecem o povo se alegra..."

A verdade é que não se pode mudar uma realidade social tentando intervir para alterar o topo da mesma. Isso significa que as pessoas, de congregação ou não, que desejam fazer parte e se conectar com a política, que já é um fruto corrompido da sociedade, para tentar modificá-la internamente a fim de mudar a sociedade que a gerou é o mesmo que tentar amarrar várias maçãs em uma árvore de laranjas na esperança de que a laranjeira passe a gerar maçãs; não faz qualquer sentido. A única forma de transformar todas as coisas, inclusive a própria política, para que ela se torne um instrumento adequado de justiça social para todos é construir uma transformação que seja feita primeiramente entre a própria população, pois quando a população se tornar justa, os políticos, que são fruto desta população, também serão, mas na verdade eles serão apenas meros coadjuvantes, porque quando grande parte de um povo é justo, pacífico, ordeiro e educado; a cidade, o estado e a nação deste povo automaticamente também se torna justa, pacifica, educada e ordeira, pois que, tanto nosso país, quanto nossa política, são apenas reflexos de quem realmente somos como sociedade.

O que provérbios 29.2 está dizendo, e que os cristãos já sabem há séculos, é que quando os justos se tornam grandes, não em posições políticas, mas sim em quantidade na sociedade, ou seja, quando os justos se multiplicam em qualquer bairro, cidade, estado ou nação; o comportamento exemplar demonstrado e as ações justas tomadas por eles beneficiarão toda a população, como foi dito em: "No bem dos justos, exulta a cidade..." Provérbios 11.10A; por esse motivo Provérbios 29.2 deixa bem claro que: "...O povo se alegra...".

É um grande, na verdade, um enorme engano pensar que, simplesmente, se os justos se tornarem políticos mudarão algo na nação, não vão, primeiro porque a política, tal como está, não pode ser alterada por dentro e este é um mecanismo que ela tem para proteger a si mesma, e que foi feito de propósito para manter o "status quo", ou seja, a forma como as coisas são feitas, logo, uma mudança verdadeira teria que partir de fora para dentro, surgindo da população e este é o segundo motivo pelo qual a política não surte o efeito que devia; porque a impiedade não está apenas nos políticos, na verdade ela está no local de onde os políticos são levantados, ou seja, na própria população. A impiedade está completamente espalhada em todas as partes, áreas e níveis sociais, dos menos favorecidos até os mais abastados, e disfarçada de diversas formas; é essa impiedade camuflada a verdadeira causa de gerarmos políticos e politicas tão egoístas, corruptas e sem compaixão, porque eles são produtos da sociedade em que estão.

Portanto, no mundo real, não adianta um único justo ou uma quantidade mínima de justos tentando fazer funcionar uma cidade, um estado ou uma nação com milhares ou milhões de ímpios, nem tampouco uma máquina política que foi milimetricamente desenhada para servir aos propósitos dos ímpios; pois fazer isso é como tentar fazer funcionar um carro com volante e câmbio bons, mas com motor e rodas completamente inoperantes. Tal carro não saíra do lugar.

Por outro lado, se pensarmos como Provérbios 29.2 nos ensina, e cada justo inspirar outra pessoa para que também seja justa, em Cristo, se esta fizer o mesmo e o ciclo se mantiver sucessivamente; desta forma, em pouco tempo os justos se engrandecerão em número na sociedade, e isso, por si só já será o suficiente para gerar uma metamorfose social nunca antes vista, que vai curar grande parte das mazelas que hoje afligem e escravizam as cidades, os estados e toda a nação; como está escrito em: "Bem-aventurada é a nação cujo Deus é o SENHOR..." Salmos 33.12. Assim todo povo será beneficiado pelos atos de justiça da multidão crescente de justos e todos se alegrarão, não com a falsa alegria produzida atualmente pelos narcóticos, drogas, vaidade, religiosidade, distrações, promessas e ilusões de nenhum tipo, mas sim com a alegria gerada pela sensação plena de que estão pouco a pouco construindo um legado social permanente e valoroso com cidades, estados e uma nação funcional, na qual a saúde, a educação e a segurança deixaram de ser apenas meras promessas de campanha ou anseios populares e passaram a ser prioridade para todos os indivíduos, do menor ao maior, do menos favorecido até o mais abastado, independentemente dos políticos que estiverem no comando.

O ponto que desejo chamar sua atenção aqui é que não devemos desperdiçar nossas forças e nossa fé tentando modificar o mundo através da política, tal como ela é, mas sim devemos nos esforçar para demonstrar com atos e exemplos o verdadeiro cristianismo transformador que pode converter os ímpios em pessoas justas; pois quando houver um número grande de justos agindo e vivendo, cada qual desempenhando seu papel social de forma exemplar e irrepreensível; aí sim, naturalmente todas as coisas serão transformadas para melhor, inclusive os políticos e a forma de fazer política.

Atualmente devemos permanecer muito atentos, pois aquelas pessoas que estão seguindo os conceitos e conselhos distorcidos de espírito do mundo e o evangelho da política vão tentar de tudo para convencer a sociedade e as congregações de que todos os erros e desastres sociais são fruto de uma velha política e de velhos políticos, e que, supostamente, para mudar tal panorama eles devem ser empoderados para fazer uma nova política que na verdade vai servir muito mais as seus próprios interesses do que aos de Cristo, e voltados mais aos anseios suas congregações ou grupos do que realmente ajudar ao pobre e ao necessitado. Não acredite em tudo o que estas pessoas estão dizendo; mantenha-se vigilante e jamais abra mão de pensar e decidir por si mesmo.

Enquanto muitos têm dedicado a vida à obter o poder político para usar para si e para os seus, os verdadeiros cristãos estarão sempre empenhados em transformar vidas e demonstrar a justiça de Deus através de um procedimento santo, exemplar e irrepreensível em todos os aspectos, que inspirará a alma das pessoas ao redor, porque é assim que uma transformação permanente se consolidará; ou seja, mais pessoas justas é igual a uma sociedade mais justas, simples assim. Dessa maneira veremos um glorioso alvorecer social, nunca antes visto em nossas cidades, estados e nação; com tudo o que as pessoas precisam para viver bem. E todo o povo realmente se alegrará.


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