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"Não cobiçarás coisa alguma do teu próximo." Êxodo 20.17



"Não cobiçarás a casa do teu próximo; não cobiçarás a mulher do teu próximo, nem o seu servo, nem a sua serva, nem o seu boi, nem o seu jumento, nem coisa alguma do teu próximo.” Êxodo 20.17

Alguma vez você já comparou sua vida com a de outra pessoa e chegou à conclusão de que queria muito ter uma ou mais das mesmas coisas que ela?

Você já falou ou mesmo pensou consigo mesmo algo como: Preciso comprar um carro igual ao de “fulano”; ou. Quero ter uma casa igual a de “ciclano”; e até mesmo. Vou comprar roupas, ou calçados, ou acessórios ou itens tecnológicos como os que “beltrano” tem.

A maioria de nós, se formos realmente sinceros, responderemos que sim para pelo menos uma destas perguntas, ou senão para estas, talvez para outras semelhantes; porque é muito provável que já tenhamos ao menos pensado dessa maneira, uma ou outra vez, em algum momento na vida, principalmente quando não conhecíamos a Cristo verdadeiramente e ainda vivíamos segundo as mentalidades e mecânicas do mundo; pois se existe uma forma dos mundanos medirem suas vidas, ou seja, seu sucesso, sua felicidade, suas realizações e sua alegria, é fazendo comparações entre eles e os outros ao redor, e creio que você deve estar ciente de que o mesmo também acontece com muitas pessoas que estão dentro das mais diversas congregações, mas ainda não entenderam o verdadeiro significado da conversão cristã.

Comparar nossa vida com a de outra pessoa é uma das maiores injustiças que podemos cometer a nós mesmos, primeiro porque cada vida é singular, cada um de nós, por mais que compartilhemos dos mesmos gostos e preferências, possuímos uma forma única de enxergar, compreender e interagir com tudo o que nos cerca, e por esse motivo nossa vida deve ser vivida e edificada de forma totalmente específica. Porém, antes de prosseguir, deixe-me dar uma pequena definição para a palavra “edificar”; ela significa: "Construir algo de forma sólida e autossustentável". Ou seja, construir uma vida singular de modo correto significa construí-la de forma sólida e de uma maneira que seja autossustentável, em todos os aspectos. E para que isso realmente ocorra, precisamos descobrir o que é que verdadeiramente faz sentido para nós, para nossa vida, e não nos basearmos na vida das pessoas que estão ao nosso redor, por mais semelhanças que possuam com a nossa ou por mais que pareça que nossos propósitos e objetivos são iguais aos deles.

O espírito do mundo simplesmente odeia a singularidade que há em cada um de nós, porque  ela é uma das características que nos torna tão valiosos para Deus. Cada vida é tão preciosa justamente porque não há nada que se compare com ela, nunca existiu e jamais existirá outra igual a sua, não importa o tempo que a humanidade permaneça sobre a face da terra; porém, o mundo usa todo o seu arsenal de enganos para roubar das pessoas essa visão e esse entendimento da preciosidade única que há nelas; fazendo-as acreditar que todos devem se enquadrar e tomar a forma dos padrões estabelecidos no mundo e pelo mundo; mas, todo cristão verdadeiro sabe que esse pensamento coletivo de padronização extrema não passa de mais uma estratégia sutilmente desenvolvido pelo espírito que há no mundo. Cristãos aplicam em todas as áreas de sua vida o que foi ensinado em: "E não vos conformeis com este mundo, mas transformai-vos pela renovação do vosso entendimento, para que experimenteis qual seja a boa, perfeita e agradável vontade de Deus." Romanos 12.2.

Para experimentar a boa, perfeita e agradável vontade de Deus em nossa vida, é preciso que, primeiro, deixemos de nos enquadrar e tomar a forma dos padrões mundanos que regem os mais diversos segmentos da sociedade e das relações entre as pessoas; ou seja, não se conformar com o mundo é não fazer parte, não adotar, não propagar e não viver segundo os padrões dele; é saber que não precisamos, nem devemos, medir nossa vida pela vida dos outros, pelas coisas, pelas conquistas, aquisições, pensamentos e mentalidades de outras pessoas por mais próximas que sejam de nós. Entendendo isso nos tornaremos realmente livres do pensamentos e da mentalidade de padronização social que fomenta a cobiça que constantemente obriga as pessoas a querer para si as mesmas coisas que conseguem ver na vida dos que estão ao redor.

Está escrito: "Melhor é a vista dos olhos do que o vaguear da cobiça; também isso é vaidade e aflição de espírito." Eclesiastes 6.9. Este versículo significa que devemos manter nossos olhos sempre, e apenas, naquilo que faz sentido para a nossa vida e não no que faz sentido para a vida do nosso próximo, pois é assim que as pessoas do mundo vivem, eles estão sempre atentos ao "gramado mais verde do vizinho"; mas prestar atenção na vida alheia, no que possuem, nos objetivos deles, em como vivem, no que fazem, nos dons e talentos que manifestam, causará em nossa vida e em nós, incontáveis distorções e desajustes que a Escritura Sagrada chama de "aflição de espírito", ou seja, precisamos compreender de uma vez por todas que querer, por exemplo, morar numa casa, condomínio, bairro ou cidade igual a de algum conhecido nosso pode não fazer tanto sentido na nossa vida quanto faz na dele, da mesma forma, querer possuir o mesmo tipo ou marca de carro que alguém próximo a você tem pode não ser tão coerente com o seu estilo de vida ou capacidade financeira como é com o dele, por diversos motivos e peculiaridades que nossas vidas singulares possuem; mas se insistirmos em desejar e obter o que eles têm, fazer o que eles fazem e viver como eles vivem, acabaremos sobrecarregando a nós mesmos e nossa família, assim como, em muitas ocasiões, submetendo-nos a passar por lutas desnecessárias e dores diversas interna e externamente; outra vez, "aflição de espírito"

Precisamos cultivar a clareza de pensamento que nos leva a compreender que as coisas que fazem sentido na vida do nosso próximo, não necessariamente fazem sentido na nossa, e vice versa, pois são vidas singulares. E a partir desse entendimento devemos nos concentrar em identificar, plantar, conquistar, obter, cultivar e colher tudo aquilo que realmente faz sentido na nossa existência; como foi escrito: "Bebe a água da tua cisterna e das correntes do teu poço" Provérbios 5.15. O ponto principal aqui é que não devemos viver desejando "beber das cisternas e poços dos outros", ou seja, querendo ardentemente ter as mesmas coisas que os outros têm, apenas porque eles as têm, não importa se são nossos amigos, conhecidos, colegas de trabalho, vizinhos, parentes, familiares ou mesmo irmãos de congregação, e também não importa se tais coisas são desejadas e veneradas pela maioria dos mundanos, vistas como tesouros sociais, símbolos de status, realização e felicidade. Cada vida é singular e deve ser vivida de maneira singular. Além disso, todos os tesouros sociais têm prazo de validade ou período para se tornarem obsoletos e rejeitados pela própria sociedade, de igual modo o status é apenas uma ilusão social criada para manter as pessoas sempre correndo em círculo, e, a felicidade e realização não podem ser encontrada em coisas, objetos ou medida por acúmulo de bens. Tudo o que os cristãos possuem e fazem, no que diz respeito a seu estilo de vida e modo como interagem com a sociedade, é baseado em fazer sentido para sua própria existência e a de sua família; independentemente do que as pessoas ao redor possuam, façam, queiram ou deixem de possuir, querer e fazer; Cristãos verdadeiros são completamente livres e independentes dos que estão ao redor no que diz respeito a edificar um modo de vida totalmente condizente e coerente com quem são; enquanto aqueles que não conhecem a Jesus, estejam eles no mundo ou nas congregações, permanecem sempre presos a comparações sociais e desejos sem fim relacionados com aqueles que os rodeiam; "Porque os olhos do homem nunca se satisfazem." Provérbios 27.20B.

Mas como vimos; também está escrito: "Não cobiçará...coisa alguma do teu próximo". Êxodo 20.17; e essa é a forma, simples e poderosa, de nos libertarmos da insatisfação constante da nossa carne, dos desejos dos nossos olhos, do impulsos de consumo desenfreado do nosso coração, das justificativas da nossa mente e das ordens da nossas vaidade.

Da mesma forma, os mundanos e muitos nas congregações, têm desejado ardentemente (cobiçado), não apenas os mesmos bens materiais e posses dos que os cercam, identificados em Êxodo 20.17 como o "servo e a serva, o boi, e o seu jumento", mas também as mesmas experiências, títulos, cargos, e até os mesmos sentimentos dos outros, ou seja, desejam ter um casamento igual, uma cerimônia semelhante, desejam sentir a mesma alegria, desejam ser felizes exatamente como alguém que conhecem, desejam um namorado ou namorada, uma esposa ou um marido parecido com o de alguém, ou até mesmo o próprio namorado, marido ou  namorada, esposa do outro. Desejam ter o mesmo cargo profissional de alguém, ou a mesma profissão, ou o mesmo sucesso de outrem, a mesma fama, o mesmo reconhecimento; desejam ter uma congregação tão grande, ou tão próspera, ou tão "poderosa", ou tão influente quanto a de alguém, desejam os mesmos dons dos outros, os mesmos talentos, desejam cantar como alguém, louvar como alguém, pregar como alguém, desejam exercer a mesma liderança e assim por diante. A lista de desejos é virtualmente infinita.

Mas novamente digo, assim como nas coisas materiais, estas também podem fazer sentido na vida dos outros, se é que eles já não as têm porque cobiçaram das vidas de outras pessoas também; o que possui uma grande probabilidade de acontecer, porque como vimos, este é o padrão que mundo implantou na maioria absoluta das pessoas desde o nascimento. Mas o fato é que para nós todas estas coisas podem não fazer o mesmo sentido como na vida deles, podem não se enquadrar no nosso estilo e filosofia singular de vida, logo, não vão gerar em nós os mesmos resultados que por ventura tenhamos visto na vida deles e desejado para a nossa, portanto, atentar para tudo que os outros demonstram e manifestam, mesmo que seja intangível, é desperdiçar nossa existência com coisas que se obtivermos da mesma forma que as pessoas de quem as cobiçamos, nos farão mais mal do que bem, servirão muito mais como âncoras e algemas, ainda que douradas, assim como fardos pesados a serem carregados;  exigirão muito esforço físico e mental para serem mantidas, nos trarão preocupações, serão fonte de ansiedade e estresse, e talvez até ponto de conflitos diversos, além de muitas outras coisas como estas. 

Devemos abrir nossos olhos e despertar, pois é dessa forma equivocada que os mundanos vivem, é por isso que eles têm que lidar com toda essa sobrecarga física e mental todos os dias de suas vidas e toda essa gama prejudicial de pensamento, sentimentos e procedimentos os está matando lentamente, consumindo sua energia, seu tempo, seus esforços, seu dinheiro, sua alegria, sua felicidade, seu amor, sua família, sua saúde, sua sanidade e tudo o mais de realmente importante na vida deles; não importa se possuem pouco ou se são milionários, mas essa não é a vontade de Deus para nós; na verdade, essa não é a vontade de Deus nem mesmo para eles, mas ainda não sabem disso como nós já sabemos pelo ensinamento bíblico. Viver daquela forma cobiçosa é loucura, e é por isso que nosso Deus em Sua infinita Sabedoria e Bondade nos ensina a Não cobiçarmos coisa alguma dos que estão ao nosso redor; como dito: "Não cobiçarás a casa do teu próximo; não cobiçarás a mulher do teu próximo, nem o seu servo, nem a sua serva, nem o seu boi, nem o seu jumento, nem coisa alguma do teu próximo.” Êxodo 20.17. Este ensinamento é o que nos liberta de toda essa armadilha mundana e nos permite viver uma vida leve e suave, desenhada sob medida por Cristo para nós; como o próprio Jesus disse: "...O meu jugo é suave, e o meu fardo é leve." Mateus 11.30

Lembre-se; cristãos identificam tudo o que faz sentido verdadeiro e singular para eles, os bens, as experiências, os seus dons e talentos, etc... E concentram seu esforço de forma conscientemente e organizada para agregar estas coisas especificas em seu estilo de vida de modo a produzir, liberdade, simplicidade, leveza, mobilidade e praticidade para seu dia dia; sem se preocupar, atentar, desejar ou imitar ninguém. Cristãos admiram sempre, e muito mais, o seu próprio gramado do que o do vizinho, e este é um dos segredos da construção sólida e autossustentável de uma vida plena e agradável a Deus.  

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