“Por que ...
Gastais o fruto do vosso trabalho naquilo que não pode satisfazer? Isaías
55.2B
Como
cultivar satisfação verdadeira na vida?
Há algum
tempo atrás escrevi um texto que fala justamente sobre a primeira parte deste
versículo maravilhoso que é relativamente conhecido e diz: “Por que gastais dinheiro naquilo que não é pão?...”. Agora, após receber inspiração
e aplicar em minha própria vida por vários anos, creio que posso escrever sobre a segunda parte
deste verso que está destacado como título do atual texto, portanto vamos
começar.
Se você tem
lido alguns dos escritos disponibilizados aqui no blog provavelmente já
percebeu que um dos assuntos que tenho abordado com frequência é a relação que
as pessoas têm com o consumo exagerado (por vezes compulsivo), o famoso consumismo, e como essa
relação os está destruindo, corroendo a vida deles; por outro lado também tenho
procurado demonstrar como é que os cristãos têm feito para construir e cultivar
uma relação de consumo racional, sustentável e renovável de acordo com os padrões divinos, que os permita viver
sem ter de carregar tanto peso financeiro, físico e emocional através dos anos. Nesta mensagem vou
tocar novamente neste tema porque julgo que é de extrema importância
percebermos que não devemos ter hábitos de consumo iguais aos dos mundanos,
porque tais hábitos os aprisionam e são completamente incapazes de gerar
satisfação verdadeira.
E o que eles
estão fazendo de errado?
O grande
erro que os mundanos e mesmo muitos que estão dentro de congregações têm
cometido sistematicamente é seguir pela “estrada do super-consumo”, ou seja,
eles trabalham muito e duro, frequentemente em empregos dos quais não gostam,
ou até odeiam, e com o dinheiro que recebem, “o fruto de seu trabalho”,
simplesmente gastam o máximo que conseguem comprando todo tipo de bens
materiais desnecessários e símbolos sociais de status para fazer uma espécie de
compensação na vida; mas o que eles ignoram é o fato de que bens materiais
desnecessários, por mais estranho que possa parecer à primeira vista, não são
capazes de fazer ninguém mais feliz, assim como não produzem qualquer efeito
que compense uma vida desequilibrada e tampouco geram satisfação verdadeira.
E por que
isso ocorre?
Está escrito: "Enganoso é o
coração, mais do que todas as coisas..." Jeremias 17.9.
O coração humano possui muitas
características estranhas e enganosas capazes de ludibriar de incontáveis
maneiras, todas elas são efeitos herdados da queda de Adão através do pecado
original, e uma dessas características estranhas é conhecida como "adaptação hedônica", que nada mais é do que a capacidade absurda que ele tem de retornar ao "Status Quo", ou seja, retornar ao seu estado
emocional original que estava antes de qualquer alteração superficial em nossa vida, como a
compra de qualquer objeto ou bem que não esteja verdadeiramente relacionado com
nossas necessidades reais; logo, se um indivíduo estava angustiado,
insatisfeito, descontente, infeliz, estressado ou oprimido e recorre ao
consumo, compra de bens, objetos e coisas, de forma compensatória, para mudar
seu estado interior e tentar alcançar alguma alegria ou plenitude; tais compras
e aquisições até vão gerar um pequeno efeito de alegria passageira e ilusória
que se desfará em poucos dias, como numa droga, e esse efeito fugaz quando
desaparece acaba deixando o indivíduo ainda mais vazio, porém, com mais coisas entulhando
sua casa, sua vida e seu coração; mais boletos, financiamentos e dívidas para
pagar, e pior, viciado em consumir tudo o que não precisa, desejando repetir novamente todo o processo, várias
vezes, para obter cada vez menos satisfação.
Não é preciso muito esforço para perceber
que tanto no mundo quanto dentro de congregações existe uma multidão de pessoas
presas a esse vício consumista, gastando todo o fruto de seu trabalho em coisas
que não podem satisfazer.
E o que podemos fazer para não vivermos
presos a este círculo vicioso?
A resposta é simples, parar de comprar
coisas das quais não precisamos, por mais que a sociedade nos incite, e tente
nos influenciar a fazê-lo. Doutrine seu coração e sua mente a praticar o
consumo consciente, ou seja, por que comprar um novo celular ou notebook se o
seu atual funciona bem? Só para seguir a moda? Isso não é sábio e nem
inteligente. Ou. Por que trocar de carro a cada ano se o seu ainda é bom o
suficiente para fazer tudo o que você precisa e espera dele? Só para demonstrar status e
ascensão social!? Isso não é ascensão, mas sim escravidão social. E porque
comprar todo tipo de coisas apenas para impressionar os outros e mostrar que
está sendo "abençoado" pelo acumulo de objetos? Alguns acham que isso é
abundância, mas não sabem que abundância e acúmulo de coisas não são a mesma
coisa, na verdade, está muito longe disso.
Para vivermos uma vida verdadeiramente
satisfatória devemos aprender a não gastarmos o fruto do nosso trabalho naquilo
que não satisfaz, ou seremos soterrados por uma montanha de inutilidades que só
servirão para agregar mais e mais peso (físico e mental) sobre nossos ombros.
Portanto, ao invés de sair por aí comprando todo tipo de coisas que o espírito
do mundo diz que são tesouros e importantes para o bem-estar, apenas porque são
novas, estão na moda, possuem mais tecnologia, todos estão usando, e tantas
outras desculpas como estas. Concentre-se em comprar apenas o necessário para
sua vida funcionar de forma simples, moderada, frugal (modesta), organizada,
com praticidade e mobilidade; você verá que precisa de muito menos do que
imagina para viver realmente bem e com muito mais leveza e satisfação.
Outra mudança de visão, importante, que
fará toda a diferença e vai colaborar para libertar você do vício mundano de
gastar com o que não satisfaz é: Começar a dar mais valor para as pessoas e
experiências de vida do que para as coisas, objetos e bens materiais ou
dinheiro. Compre menos eletrônicos, faça mais viagens inspiradoras; gaste menos
comprando roupas e acessórios, aprenda um novo idioma; não troque de carro todo
ano ou a cada dois anos, ajude mais ao próximo; faça mais amigos, desenvolva
uma nova habilidade, e assim por diante.
E por que fazer isso?
Experiências se tornam parte de quem somos
e com o passar dos anos elas vão se tornando cada vez mais valiosas em nosso
coração. Você se lembra da última viagem que fez com sua família, um fim de
semana na praia, no sítio, ou daquela vez que ajudou alguém necessitado?
Provavelmente sempre que você se lembra das experiências que teve com as
pessoas que ama ou ajudou, vê as fotos e vídeos delas, uma grande quantidade de
emoções boas e puras inundam seu coração, lavando-o da influência nociva do
"compre-compre-compre" a qual estamos expostos massivamente todos os
dias. Todas aquelas experiências e suas lembranças através do tempo colaboram
poderosamente para construir e aumentar sua satisfação verdadeira que por sua
vez vai lhe tornar imune ao consumismo.
Se você já fez uma viagem inspiradora
tanto dentro quanto fora do país, procura conhecer pessoas especiais, se já
aprendeu um novo idioma ou a tocar um instrumento musical, se já ajudou ao
próximo, tenho certeza de que você sabe que todas estas experiências são,
primeiramente, muito enriquecedoras, não acrescentam dores, e também nos
preenchem como pessoa, ou seja, geram grande satisfação pessoal, ao contrário das coisas
e objetos que compramos por comprar que com o passar do tempo tornam-se como fardos que nos deixam mais e mais insatisfeitos, pois passam a ser obsoletas diante
das fascinantes e velozes novidades de um mercado de vaidades.
Comentários
Postar um comentário