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“...Já aprendi a contentar-me com o que tenho.” Filipenses 4.11B



“...Já aprendi a contentar-me com o que tenho.” Filipenses 4.11B

O entendimento contido nesse pequeno trecho de versículo me transformou de uma forma completa e absoluta, transformou minha mente, meu coração e por consequência todos os meus atos, e é por isso que eu desejo compartilhar com você, leitor(a); para isso começo dizendo que este texto não é, em hipótese alguma, um tipo de apologia à escassez, pelo contrário, tratasse apenas de um convite a um estilo de vida moderado, livre das pressões sociais de consumo, acúmulo de bens, desperdícios diversos e gastos desnecessários. Este texto visa partilhar uma valiosa visão cristã baseada em uma importante virtude que é o contentamento, assim como alertar sobre as mentalidades mundanas que tem norteado e escravizado bilhões de pessoas ao redor do planeta.

Existe uma enorme diferença entre quem nós somos e o que nós temos; mas o espírito do mundo tem feito um esforço titânico para deturpar essa visão e conseguido enganar bilhões de pessoas em um estilo de vida que os mantém cada vez mais sobrecarregados, frustrados e caminhando em círculos por décadas.

Talvez contentar-se seja a maior dificuldade das pessoas na sociedade moderna, pois o mundo se configurou de tal forma que moldou, e tem moldado, o coração e a mente dos indivíduos, jovens e adultos, homens e mulheres; de modo que eles são cada vez menos capazes de se contentar com o que possuem, não importa o quanto seja ou em qual classe social estejam; quem ganha R$1.000 quer ganhar R$2.000, quem ganha R$2.000 quer ganhar R$4.000, quem ganha R$ 4.000 quer ganhar R$8.000, quem ganha R$8.000 quer ganhar R$16.000, quem ganha R$ 16.000 quer ganhar R$ 32.000 e assim por diante, sem limite, nunca estão contentes com sua situação por melhor que ela seja; contrariando o que está escrito em Lucas 3.14C que diz: "Contentai-vos com o vosso soldo.". A grande verdade aqui é que se uma pessoa não aprender a se contentar com o salário que está ganhando agora, de nada adiantará ganhar mais, pois ela simplesmente também não será capaz de se contentar independentemente do quanto mais consiga ganhar.

Por si só não há nada de errado em buscar ser mais bem remunerado profissionalmente, mas quando isso se torna um círculo vicioso de busca de dinheiro apenas pelo dinheiro, tal mentalidade certamente vai gerar muitas distorções, loucuras e males que por sua vez vão produzir dívidas, insatisfação, frustrações, ansiedades, medos e coisas piores, como está escrito em: “Mas os que querem ser ricos caem em tentação, e em laços, e em muitas concupiscências loucas e nocivas, que submergem os homens na perdição e ruína.” 1 Timóteo 6.9. Infelizmente essa mentalidade também atingiu pessoas dentro de congregações, e embora não admitam, estão sofrendo dos mesmos sintomas e dores demonstradas pelos mundanos, alguns até chegando ao ponto de se desviarem da fé, como também foi escrito antecipadamente em: “...Porque o amor do dinheiro é a raiz de toda espécie de males; e nessa cobiça alguns se desviaram da fé e se transpassaram a si mesmos com muitas dores.” 1 Timóteo 6.10

E o que isso quer dizer na prática?

Quer dizer que quando essas pessoas compram algo, seja um carro, uma roupa, uma joia, um acessório, um eletrônico, ou o que quer que seja, elas começam quase que imediatamente a desejar, a planejar e a orientar sua vida no sentido de futuramente comprar outro item semelhante mais novo. Por este motivo as pessoas não conseguem mais usufruir plenamente de nenhuma de suas posses materiais, pois na mente e no coração deles dão muito mais importância e valor aos próximos bens de consumo que desejam comprar do que para os que já possuem.

E você sabe qual é a consequência dessa mentalidade mundana?

As pessoas tornam-se prisioneiras de seu próprio descontentamento e passam pela vida, frustradas e vazias, sem saber o real motivo do vazio e da frustração que sentem. Elas vivem com a mente e coração firmados naquilo que elas acham que lhes falta, ou seja, naquele modelo e marca de roupa, calçado, acessório ou dispositivo que ainda querem comprar, mesmo com seu guarda-roupas e gavetas já cheios de peças ainda novas; ou, naquele ano-modelo de carro que ainda desejam adquirir, mesmo já possuindo na garagem um automóvel que lhes atende perfeitamente perfeitamente bem. Mas essa é a função da mentalidade do descontentamento mundano, ou seja, ela rouba a visão de que a plenitude está naquilo que já possuímos e que nos atende em nossas necessidades; e é também contra essa mentalidade que foi registrada a mensagem deixada pelo apóstolo Paulo, quando disse: “...Já aprendi a contentar-me com o que tenho.” Filipenses 4.11B.

Todo cristão compreende que a vida física não se resume no acúmulo de bens materiais, como está escrito: "A vida de qualquer não consiste na abundância do que possui." Lucas 12.15, ou seja, cristãos não trocam os móveis da casa apenas porque se cansaram de olhar para os antigos, nem compram televisores com muito mais polegadas e muito mais caros apenas porque as empresas afirmam que há algumas inovações tecnológicas, tampouco trocam de carro frequentemente apenas para demonstrar seu poder aquisitivo e, ou, impressionar os conhecidos; também não compram todo tipo de roupas, objetos, dispositivos e acessórios por compulsão e para seguir a moda; ou seja, se as coisas que possuímos estão funcionando bem e nos atendendo, sendo úteis a nossa vida, não há motivos para substituí-las apenas para satisfazer nossas vaidades ou atender aos apelos comerciais da sociedade mundana. 

Todas estas coisas os mundanos fazem e nenhuma delas surte o efeito que eles esperam que tenha, pelo contrário, praticar tais comportamentos só aumenta o vazio que eles sentem; na verdade, dinheiro, bens materiais e sonhos de consumo, por si só, não são capazes de preencher o vazio dentro das pessoas ou dar significado a vida de ninguém; o que eles realmente fazem é aumentar cada vez mais essa vazio e impedir que as pessoas encontrem um verdadeiro significado para a sua existência, prendendo-os em um ciclo vicioso de compras, alegria momentânea, descontentamento, frustração, novos desejos, mais compras, etc... Ciclo este que se repete incontáveis vezes durante sua vida.

A Sabedoria ensina que se queremos nos tornar imunes a estas mentalidades, consumismo e frustrações mundanos devemos começar aprendendo a não gastar nosso dinheiro naquilo que não é pão, nem o fruto do nosso trabalho naquilo que não pode nos satisfazer, como está escrito em: "Porque gastais dinheiro naquilo que não é pão? e o produto do vosso trabalho naquilo que não pode satisfazer?" Isaías 55.2. E para fazermos isso temos de começar nos contentando e valorizando todas as coisas que já temos, ainda que sejam poucas ou que ainda não sejam as mais indicadas que nos atendam plenamente, porque tirar o foco das coisas que nos faltam, ou, que nós achamos que nos faltam, ou, que o mundo diz que nos faltam, vai quebrar a influência que o consumismo exerce sobre nossas decisões de compra e na perspectiva que temos da própria vida, e essa ruptura nos libertará tanto para aproveitarmos plenamente tudo o que já temos quanto para conseguirmos fazer compras inteligentes baseadas na razão e em nossas reais necessidades visando sempre o melhor custo-benefício para nossa vida, o bem-estar da coletividade e a própria saúde do meio ambiente que nos cerca; sem ligar para as pressões sociais que por ventura sejam feitas sobre nós; passaremos a comprar não por vaidades, não por inveja, não por impulso, não por opulência, não para ter mais do mesmo, não para estar na moda e etc...

Se seu carro já tem alguns anos de uso, mas ainda lhe atende bem em suas necessidades, não há motivo para adquirir outro novo, às pressas, só para se manter "atualizado" diante dos olhos dos conhecidos. Da mesma forma, se suas roupas e calçados ainda estão boas e, ou, você ainda tem guardados itens que nem mesmo usou, então porque comprar mais e acumulá-los já que também levarão meses para serem usados? Você entende o que estou tentando dizer?

Cultivar o contentamento nos livra dos impulsos e ansiedades que são geradas pelos desejos de consumo sem propósito e ainda nos faz economizar tempo, esforço e dinheiro que poderão ser investidos e melhor utilizados de forma mais inteligentes e qualificadas em experiências enriquecedoras ou em propósitos mais nobres que vão produzir em nós os reais sentimentos de plenitude e realização que, por sua vez, serão amplificados pelo contentamento que já possuímos.

A grande verdade é que a maioria absoluta dos mundanos Jamais vai se contentar com o que possuem, eles vão desperdiçar seu tempo, dinheiro e esforço lutando apenas para comprar coisas novas que são exatamente iguais as antigas que já tinham e farão isso também para se sentirem superiores aos outros ao redor deles, mas para os cristãos, foi claramente escrito: "Não ambicioneis coisas altas, mas acomodai-vos às humildes." Romanos 12.16

O contentamento é a semente da plenitude e se queremos alcançar um nível de plenitude semelhante ao demonstrado por Paulo e pelos demais apóstolos, precisamos agir como eles e concentrar nossa mente e coração em aprender a nos contentarmos com o que Deus já nos deu; é bem verdade que O Criador pode nos dar muito mais, mas esse não deve ser o nosso foco, como foi dito maravilhosamente em: "Não andeis, pois, inquietos, dizendo: Que comeremos ou que beberemos ou com que nos vestiremos? (Porque todas estas coisas os gentios procuram.) Decerto, vosso pai celestial bem sabe que necessitais de todas essas coisas; Mas buscai primeiro o Reino de Deus, e a sua justiça, e todas essas coisas vos serão acrescentadas." Mateus 6.31-33. Só assim conseguiremos manifestar um estilo de vida diferente dos mundanos (gentios) a ponto de fazê-los notar em nós tal diferença e desejarem para a vida deles também, ou seja, no fim das contas, estar contente com o que se tem é algo transformador  e libertador que beneficiará e trará leveza não só à nossa vida, mas também à das pessoas que estiverem ao nosso redor. Por isso é que este entendimento é tão importante principalmente nos dias atuais.

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