“Vale mais o pouco que
tem o justo do que as riquezas de muitos ímpios”. Salmos 37.16
O espírito do mundo
estabeleceu padrões para a vida moderna, e um desses padrões é o que incita as
pessoas a se tornarem “adquiridoras”, colecionadoras e acumuladoras de
praticamente tudo. O espírito do mundo propaga, incansavelmente, a ideia de que
uma vida plena só pode ser alcançada através da aquisição constante e do acúmulo
de bens materiais; este é o motivo pelo qual os mundanos têm feito tanto
esforço e sacrifícios para adquirir e acumular cada vez mais objetos, assim
como, procurado aumentar suas posses e pertences a todo custo, ano após ano.
Por causa dessa
mentalidade perniciosa e visão distorcida as pessoas têm vivido suas vidas em
um constante ciclo de aquisições e acúmulos diversos; homens e mulheres, jovens
e adultos, todos passando pela vida com a mente orientada sempre para a próxima
aquisição, o próximo brinquedo, o próximo game, a próxima roupa, o próximo
acessório, o próximo eletrônico, o próximo produto, o próximo carro etc...
Por manifestar esse
tipo de comportamento, um fenômeno social tem se tornado cada vez mais comum nos
dias de hoje, inclusive dentro das congregações. As pessoas estão ficando sem
espaço físico em seus armários, gavetas, guarda-roupas, cômodos, garagens,
quintais, varandas, casas, e, consequentemente, em suas vidas; ou seja, o acúmulo de bens
materiais e posses que eles julgam ser riquezas e símbolos de seu poder aquisitivo,
sucesso e realização pessoal e profissional está literalmente entulhando a vida
das pessoas, tanto fisicamente, roubando e ocupando espaços que poderiam ser
muito mais bem aproveitados com um pouco mais de imaginação e um pouco menos de
tralha, quanto mentalmente, na medida em que todos esses bens e posses estão
também ocupando um considerável espaço dentro dos pensamentos, sentimentos e
emoções das pessoas todos os dias, e, com isso, gerando ansiedade, distraindo-os do que é mais
importante e roubando a atenção que deveria ser melhor empregada em uma
experiência cotidiana com mais propósito, usabilidade, praticidade, produtividade e leveza.
Ao contrário do que o espírito
do mundo declara; o acúmulo massivo de bens e posses não significa uma vida abençoada, pelo contrário; como está escrito: "...A vida de qualquer não consiste na abundância do que possui". Lucas 12.15b. Porque após um determinado patamar, tudo o que a pessoa possui passa
a possuí-la também; ou seja, imagine alguém que possua uma enorme quantidade de
livros em casa, em dado momento tal pessoa terá de organizá-los e limpá-los,
tarefa essa que pode não ser tão agradável assim de ser feita dependendo da quantidade de livros que estivermos falando, o mesmo também ocorre com roupas, acessórios, games,
sapatos, eletrônicos, utensílios e praticamente todas as coisas que podem seu
acumuladas; mas sempre há uma outra opção que é nunca ou quase nunca limpá-los e arrumá-los, algo
que obviamente torna a casa e a vida de muitos em um verdadeiro caos; e
acredite, uma grande quantidade de pessoas têm preferido viver dessa maneira.
Todo aquele tempo gasto
com a limpeza e a organização de uma enorme biblioteca pessoal (por exemplo)
repleta de títulos lidos, não lidos e lidos pela metade, poderia ser melhor utilizado de maneira muito mais
produtiva como escrevendo um texto igual a esse ou estudando a Palavra de Deus
em busca de alguma revelação prática transformadora ou mesmo fazendo qualquer outra
coisa que pudesse ser mais proveitosa para a própria pessoa ou para ajudar
outros, como voluntariado. Compreenda que citei o exemplo dos livros porque foi algo que aconteceu
comigo não uma, mas duas vezes em momentos diferentes da minha vida; quando
mais novo eu simplesmente entulhei o meu quarto com uma quantidade absurda de
revistas em quadrinhos de todos os tipos, era meu passatempo preferido, mas
estava completamente fora de controle, eu as comprava porque todos os garotos da minha idade faziam o mesmo e o mundo nos ensinou que fazer aquilo era algo bom; mais tarde por necessidade de recuperar
o espaço que eu havia perdido em meu próprio quarto, me desfiz de todas aquelas
revistas, mas passei a acumular livros, pois a leitura de romances de ficção se tornou um hábito
que passei a cultivar logo após a adolescência. O fato é que em pouco tempo meu quarto
estava novamente repleto de livros de uma maneira tal que havia pouco espaço
físico sobrando, além de me fazer gastar muito tempo da minha semana com
limpeza e organização quando, na verdade, eu desejava estar fazendo outras
coisas; mas mantinha os livros porque os considerava como tesouros, eles eram minha riqueza particular.
O ensinamento contido
no Salmo 37.16 que diz: “Vale mais o
pouco que tem o justo do que as riquezas de muitos ímpios” me fez perceber
que eu não precisava possuir fisicamente tantos livros e isso me libertou na
medida em que ao me desfazer deles dando e doando-os, recuperei o espaço que se
havia perdido no meu quarto e adquiri mais tempo para me dedicar ao que para
mim é mais importante, como escrever, mas o melhor é que passei a utilizar esse
mesmo conceito, essa mesma visão libertadora para tudo na minha vida. De fato,
a beleza do entendimento do Salmo 37.16 é que ele pode ser facilmente espalhado
e replicado em absolutamente todas as áreas de nossa vida, e essa é exatamente
a forma como os cristãos lidam com seus bens e posses no dia a dia; ou seja,
cristãos sabem que não precisam ter tantas coisas entulhando seus móveis, seus
cômodos, sua casa, sua mente e sua vida para desfrutar de plenitude e conforto
real, na verdade, tais coisas, assim como a liberdade, se conquistam com menos
e não com mais. Porém, não me entenda mal, pois quando digo que cristãos
precisam de menos não estou falando de ter falta nem de viver em escassez,
definitivamente não é isso, ao contrário, o que estou dizendo aqui é que cristãos
aprendem a adquirir bens materiais e posses de maneira sábia, racional e sem
exageros ou loucuras; ou seja, se alguém lê um livro ao mês, porque compra
cinco todos os meses, ou, se alguém ainda possui roupas não usadas em seu
guarda-roupas porque continua comprando mais que também não usará, ou, se um
indivíduo usa apenas um relógio porque possui uma coleção com dez, vinte ou
trinta; espero que você esteja compreendendo o que estou tentando compartilhar.
As pessoas fazem esse
tipo de coisa porque o espírito do mundo diz que esse é o padrão social, esse é
o modelo correto, essa é a forma como os bem-sucedidos vivem, independentemente
da classe social a qual pertençam; logo, todos os mundanos e até alguns que
estão em congregações seguem à risca essa filosofia; criando oportunidades e
ocasiões continuamente para adquirir mais e mais bens materiais e posses sem propósito que
julgam ser tesouros e símbolos de riqueza, mas o Espírito de Deus diz que essas
são as riquezas dos ímpios e elas valem menos do que o pouco que os justos
(cristãos) têm.
E qual é o motivo
disso?
Enquanto os mundanos
estão se soterrando física e mentalmente sob uma grande quantidade de posses,
bens materiais e de consumo e, por isso, perdendo a capacidade de gerenciar o
espaço físico onde vivem, o tempo que possuem e a vida de modo geral, porque
ninguém consegue lidar bem com um tão grande número de demandas e distrações
exigindo atenção constantemente. Os cristãos prezam pela simplicidade, mantendo
o foco em possuir liberdade, seja na forma de espaço físico disponível para que
possam decidir o que fazer para usá-lo da melhor maneira, seja na forma de mais
tempo para ser bem utilizado e principalmente investido (plantado) de maneira
realmente produtiva.
Adquirir, acumular e
colecionar bens materiais e posses diversas apenas porque o mundo, através de
suas legiões de propagandas em todas as mídias, diz que tais bens e posses
são riquezas, não faz ninguém ficar realmente rico, pelo contrário, na medida
em que rouba o espaço e a liberdade física, assim como, torna cativa a mente de
todos os que vivem desse modo. Portanto tenha em mente que todo cristão
independente da classe social ou do nível de rendimento mensal que receba ou
produza, vivem de maneira consciente, racional, sustentável e ajustada à sua
realidade de modo que aos olhos desavisados dos mundanos pode até parecer que
os cristãos têm pouco, no sentido de não cultivarem exageros e acúmulos, mas
tudo o que os cristãos possuem é extremamente útil a eles, tudo tem um propósito,
uma usabilidade real que visa gerar praticidade cotidiana; por esse motivo os
cristãos conseguem fazer muito mais com menos, são mais efetivos e mais
eficazes em todas as áreas da vida, conseguem desfrutar de maior plenitude e
realização pessoal verdadeira, porque sua plenitude não está atrelada a bens e
posses.
Cristãos não buscam ter
mais e mais bens e posses, eles procuram ter apenas os bens e as posses certas
para suas vidas. E se você compreender o que foi compartilhado aqui, vai
perceber que precisa de menos para ser e fazer mais do que os mundanos que
estão soterrando suas vidas e vivendo pouco justamente por causa disso.
Comentários
Postar um comentário